24 fevereiro 2005

À direita, recomeçar do zero

. Acho notável o número de agradecimentos que se vê na blogosfera a Santana Lopes por ter ido embora do PSD. É um disparate, se me permitem. Porque tudo o que Santana fez em sete meses foi destruir o pouco que estava feito em mais de dois anos. Não há maneira de dizer isto de forma mais clara.

Lembro-me de Ferreira Leite dizer que há duas maneiras de perder: com dignidade e sem ela. A primeira serviria o país, mesmo que não beneficiasse o seu partido; a segunda prejudicaria todos. Agora que é tarde, já todos perceberam a escolha que foi feita.

Passado o que passou, toda a direita precisa de começar do zero.

O PSD nunca voltará ao que era se estiver dependente dos mesmos esquemas, das mesmas pessoas, do mesmo modo de fazer política. Há poucos, mas alguns, militantes que o percebem. E hoje isso é mais fácil de transformar. Ontem mesmo, Marques Mendes explicou que a sua linha de oposição seria denunciar vias facilitistas do Governo PS. Disse isso, e bem, porque percebeu o que está em causa. Mas disse-o perante uma plateia que provoca 'flashbacks' pouco desejáveis.

Ao mesmo tempo, e se calhar por isso, muitos esperam ainda por um D. Sebastião - seja homem ou mulher, como dizia ontem João Jardim. O que me parece é que vão passar umas duas ou três semanas sem saber tudo: dos candidatos e dos putativos candidatos. Só depois podemos ver que oposição terá.

. Uma nota final para Paulo Portas: acabou uma campanha onde fez de líder do PSD. Fez isso melhor que Santana Lopes. Só teve azar numa coisa: não o era. Fez bem em sair. Mas provou nessa saída que o país ainda terá que contar com ele.

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma direita que não está a começar do zero é o PS. Tudo bem, o PS veio com o discurso habitual da esquerda para ganhar votos, mas todos sabemos que o PS é um partido de centro-direita com a faceta humana, existência da qual tenho as minhas sinceras dúvidas. São pior que a merda do PSD, porque, esses, pelo menos, não nos enganam na cara. Agora, depositamos um cheque em branco, e a única coisa que vai mudar para estes lados são os empresários e os investidores, porque o sistema continua a mesma merda. Estes adeptos políticos, que apelam às camisolas de um partido como um adepto de futebol apoia a sua equipa, metem nojo. Porque, além de não ajudarem em nada o país, ainda pioram esta merda toda. Vai para o caralho, amigo socialista.