A única desilusão da noite de sexta-feira, no Castelo de São Jorge, ficou à porta. Ao tocar do gongo para o começo das Noites do Fado, que arrancavam com Pedro Moutinho e Teresa Salgueiro, eram dezenas os que, por minutos, não conseguiam um dos poucos bilhetes que restavam para a iniciativa. Os portugueses remeteram-se às encostas, para uma última sangria, mas os turistas nem tanto_ muitos deles ficaram à porta, sobretudo para ouvir um bocadinho daquela música que os manuais turísticos tanto referem.
A festa acabou por ser em grande. O Castelo, melhor dizendo, a sua entrada, transformou-se num palco com muitas cadeiras preenchidas de entusiasmo para aplaudir a cor (um belo cenário, com as ruínas e as arvores bem enquadradas) e as vozes de quem cantava o fado. A iniciativa é nova naquele cenário e só destoou com o vento.
Pedro Moutinho, um veterano do fado, abriu o concerto com o que se esperava: a guitarra cantou e o fadista acompanhou a preceito.
No entretanto, chegou Teresa Salgueiro, sem os Madredeus e com a voz de sempre. Começou no registo da noite, mas surpreendeu com o seu novo projecto, os “Lusitânia Ensemble”. E que tal uma pequena orquestra, cheia de violinos, a cantar... um fado?
A belíssima “Mariquinhas”, transformada na composição e igual a sempre na voz de Teresa Salgueiro, abriu um espaço diferente, mais aberto ao mundo. Passou por África, com uma música dos Duo Ouro Negro, voltou a Portugal tocando Alfredo Marceneiro e cantando Amália, voltou à caravelas de antes, quando passou pelo México de Alfredo Gimenez _ uma pérola na noite, que deixou estarrecido o público.
A Festa do Fado, que se repetirá nos próximos fins-de-semana, fechou bem, no Brasil de Vinícius e Jobim. Mas sobretudo por trazer de volta Teresa Salgueiro e por mostrar aos turistas e portugueses que a primeira exportadora da nova música portuguesa está tão viva como o Castelo que a acolheu.
10 junho 2007
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