28 abril 2006

25 abril 2006

Ter ou não ter...

Cavaco não levou cravo. E eu ainda estou a tentar perceber qual a importância da polémica inventada pelos jornalistas. Mais uma metanotícia. Cavaco deve estar divertidíssimo.

Cavaco

O discurso do Presidente da República não é vazio, oco, nem desinteressante. Que me desculpem os críticos, mas o discurso diz bem mais do que quer fazer parecer - para lá do socialmente correcto, aponta soluções importantes. Duvido que alguém fale delas.

22 abril 2006

21 abril 2006

Serviço Público 2


No dia 25 de Abril, os jardins da residência oficial do primeiro-ministro vão ter animação a cargo do Chapitô.







Mais uma confirmação de que muitas vezes a realidade é melhor que a ficção.

Efeito surpresa

Salvo O Independente nenhum jornal faz manchete com (mais um)a desorientação que assolou o Parlamento durante a votação da paridade. Faz sentido: é banal. Triste, mas banal.

20 %


Enchia o depósito com 5 euros. Esta semana custou-me 6 euros. A gasolina aumentou. Está confirmado.

Serviço Público


Eis a foto oficial do Presidente da República.

20 abril 2006

Perdemos por não sei quantos a um

Fui expulso aos dez minutos. No primeiro amarelo disse apenas ao senhor árbitro que parado no meio campo não podia ver, com rigor, os fora de jogo junto à nossa área. Talvez o tom tenha sido excessivamente alto. Eu falava na qualidade de capitão e estava na defesa junto à bola, ele no meio campo. Mas o tom, parece que o tom foi demasiado alto.
No segundo amarelo, pouco depois, sofri falta e agarrei a bola durante a queda para reatar de imediato o contra-ataque. Expulso. Sem mais nem menos, porque parece que o senhor árbitro viu uma falta que não cometi. A equipa adversária até se deu ao luxo de ter um jogador (suplente imagine-se!) a entrar em campo e a empurrar um dos nossos: lembram-se do Campomaiorense - Porto em que o Baía andava a fazer festinhas em adversários?
Dizem que sou temperamental quando jogo futebol mas confesso que o hematoma de três centímetros que tenho na canela direita e o rasgo de dez centímetros não ajudam. É que o senhor arbitro nem sequer assinalou falta. Muito menos mostrou um cartão. Temperamental? Eu? Talvez. Vá!, às vezes. Quando me obrigam a dormir com betadine.

Bem, isto está aqui está ali!

Parece que afinal a cidade judiciária vai ser constuída em Lisboa. Ainda nos arriscamos que qualquer dia, um qualquer governo, se decida a tomar uma qualquer decisão sobre esta cidade. Com tanto anúncio ainda vamos mesmo ter uma . Eu sou levado a crer que sim. Eu sou levado...

19 abril 2006

Santana a slot machine


PSL está calado há demasiado tempo. É como uma slot machine que acumula o prémio, acumula o prémio, vai acumulando o prémio até que desata a distribuir moedas a um só apostador. Será Carmona Rodrigues o "feliz" contemplado?

18 abril 2006

Virus da blogolândia

O Espectro foi-se de vez, o Acidental eclipsou-se, o Barnabé já lá vai, o Abrupto enfim, mesmo o Mau Tempo e o Glória Fácil andam por aí, mas com menos entusiasmo. Se mal que faça a pergunta, o que se passa com a blogosfera?

Quem conta um conto...

"Hoje fazem-se jornais para quem não gosta de ler jornais e escrevem-se romances para quem não gosta de literatura."
Clara Ferreira Alves, Única, 14 de Abril

P.S. Tirado do Corta-Fitas, com abraço ao Pedro Correia.

Irangate

Estamos no segundo take do primeiro acto. O Irão condiciona as nossas vidas a cada dia que passa, com ameaças nucleares e as devidas consequências, por exemplo, no preço do petróleo. Do lado de lá, o jogo é consequente. Já visto daqui, há quem fale em sanções e quem as recuse liminarmente. As divisões do Ocidente ainda acabam com a Rosa dos Ventos - acaba o Leste e Oeste e passamos a dizer só Norte e Sul.

Comentaristas e jornaleiros

Hoje acordei a ouvir um conhecido jornalista económico a mostrar-se muito satisfeito com a "mudança de ciclo" económico e com a inversão dos números do desemprego. A coisa era tão optimista que dei por mim a perguntar se o próprio tinha sido contactado para um novo emprego.

15 abril 2006

SIC 0 - Galp 1

Tenho mau ouvido mas não hesito: este é muito, mas mesmo muito, melhor que o "na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na" de este. Mesmo tendo um p....lá pelo meio. Who cares?

14 abril 2006

Grito de alma contra a demagogia

À volta do triste caso das faltas dos deputados, o país faz demagogia acerca da classe política. Se não sabem o que é o dia-a-dia de um deputado, perguntem ao Vasco Pulido Valente que ele explica. É tão mau que ele desistiu. Foi e não voltou.


1. O deputado serve para se sentar e ficar bem quietinho, porque quem vota é a direcção parlamentar.

2. O deputado serve para bater palmas ao colega que está a falar (quanto mais barulhentas, melhor ele é).

3. O deputado não serve para mais nada, porque as comissões parlamentares (que deviam ser o centro do Parlamento) mal existem e estão entregues a poucos; também não serve mais nada porque o deputado nem sequer representa os seus eleitores, mas sim o partido; e serve ainda de menos porque o lugar é um dos mais mal pagos da Europa, pelo que cada um, se quer viver decentemente e tem competência, tem que ter outro trabalho para fazer pela vida.

4. O que se reclama, no caso de ontem, é que não estivessem por lá mais quatro alminhas com o rabo bem sentado na cadeira, para que o quórum estivesse assegurado. Fossem esses quatro lá, nem notícia havia.

5. O mais triste do caso é que hoje está todo o país a reclamar. O mesmo país que foi na quarta-feira à noite para a santa terrinha, que logo no início do ano anda a ver o calendário à lupa à procura dos dias para fazer pontes, para faltar, para ganhar uns dias de folga. É, aliás, a única altura do ano em que os portugueses são especialistas em matemática. Alguém quer lembrar qual é a taxa de absentismo do país?

6. Dizem que o exemplo deve vir de cima? Eu respondo que o exemplo deve vir de dentro (de dentro de cada um de nós). A classe política é uma merda? Talvez seja a imagem de quem representa. Muito simplesmente, neste país as responsabilidades são sempre dos outros, os direitos são sempre de todos nós. Devíamos, ao invés, dizer como Kennedy: "Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas o que tu podes fazer pelo teu país".


Por este andar, com o que diz dos políticos, qualquer dia não há uma alminha disponível para nos representar na Assembleia. Foi assim que chegámos aqui. Depois queixem-se que os deputados são maus e que os bons preferem ir ganhar dinheiro.

Nada é filho do acaso

Deputados faltosos, classe política desprestigiada, má gestão de dinheiros públicos, laxismo no cumprimento de funções de Estado? Acrescentemos o mal-estar presidencial. Chegamos à soma dos temas que dominaram os últimos dias. A bissectriz é tirada por José Sócrates: aprovou o fim das viagens em primeira classe para os titulares de cargos públicos e, sempre que possível, a substituição do transporte aéreo pela vídeo-conferência. Faz lembrar o Marquês de Pombal que ao ver Lisboa reduzida a escombros disse estar perante “uma oportunidade”. Acrescentamos: para brilhar.

2005 face a 2004*

Combate ao crime violento: aumento de 120 % no número de detidos.
Combate ao banditismo: aumento de 22 % no número de detidos.
Homicídios: taxa de resolução de 94 %.
Corrupção, Peculato, abuso de poder: mais 24 % de processos no MP.
Fogo Posto: aumento de 100 % no número de detidos.
Tráfico de droga: aumento de 100 % no número de detidos. Apreendidas 16 toneladas de cocaína.

*Dados referentes ao trabalho da Polícia Judiciária publicados
aqui (contrariam o que tem sido dito pelo Ministro da Justiça).

A fuga de Afonso III


Há 75 anos Espanha deitava-se monárquica acordava republicana.

13 abril 2006

ah, uhm... pois

Ia eu desejar boa Páscoa e, olhando para baixo, arrependo-me. É por estas e por outras que a internet entra directamente na lista dos novos pecados, certo?

Sabem que vos digo? Divirtam-se!
Palavra de católico e praticante (em regime de acumulação).

Afinal, ainda há pessoas boas

(foto via bombyx-mori)

Cicciolina, a conhecida actriz de cinema pornográfico está disposta a oferecer-se a Bin Laden se ele deixar de se dedicar ao terrorismo. «Já é altura de alguém lidar com o líder da al-Qaeda e eu estou pronta para isso», disse a actriz, de 55 anos.
«Estou disposta a fazer um acordo. Ele fica comigo e em troca pára com a tirania. O meu peito ainda só serviu para ajudar pessoas, enquanto que Bin Laden matou milhares de vítimas inocentes».
(in Portugal Diário)

Não posso trabalhar, por motivos profissionais

Ia escrever um post comprido sobre a falta de quorum no Parlamento, mas acho que o Francisco já disse tudo. Eu continuo na minha: não me venham os senhores deputados depois falar do descrédito da política e do cargo, quando dão mostras de se estarem nas tintas para o seu trabalho e, por inerência, para o país. É por estas e por outras que a abstenção nas eleições bate recordes.

ITP

Marques Guedes, presidente da bancada parlamentar do PSD, atira-se ao PS porque como partido da maioria não "assegurou a aprovação" das iniciativas que ontem foram a votação no plenário da Assembleia da República. Uma vergonha, esta declaração. Por duas razões muito simples e objectivas. A primeira, aprendi-a desde pequeno, dois males não fazem um bem. Com o mal dos outros posso eu bem, e neste caso, MG devia estar calado antes de pensar, sequer, em levantar um cabelo contra o PS. A outra razão é também simples e objectiva. Contas feitas, ontem, 66 por cento da bancada do PSD faltou, contra 40 por cento da socialista. Não há nem menor, nem maior responsabilidades. Há sim uma irresponsabilidade transversal partilhada. E quando assim é, é feio, embora fácil, lançar pedras contra o telhado do vizinho.

Quem nos salva?

Um deputado falta ao trabalho: nada de extraordinário. Um deputado cola uma falta a um fim-de-semana prolongado: nada de extraordinário. Um conjunto de deputados falta a um dia trabalho: nada de extraordinário. Cento e sete deputados (50 do PSD, 49 do PS, 5 do CDS, 2 do PCP e 1 do BE) faltam a um dia de trabalho, enganam o patrão, assinam o livro de ponto e fogem para as praias do Algarve: pouco de extraordinário, muito de ordinário, pelo menos em Portugal. Para os mais desatentos: a geração de Abril fez o Maio de 68, provocou a crise estudantil de Coimbra, desgastou a ditadura, andou nas ruas do Porto com o General Humberto Delgado, berrou "nem mais um para o ultramar!" mas agora está barriguda, tem botões de punho, comando de televisão na mão, língua afiada e cartões de crédito. Fala em quotas e na moralização da política, quer menos abstenção e o fim da corrupção. Dá vontade de rir, não fosse trágica esta comédia. Quotas? Só se for para a competência, a seriedade, o sentido de Estado, o respeito pelo próximo e o fim do umbiguismo.

P.S. Chegou a Belém com uma promessa inequívoca e incontornável: credibilizar o sistema político, acabar com laxismo no uso da coisa pública e com os "tachos". O que andam muitos destes senhores deputados a fazer no Parlamento, senhor Presidente Cavaco Silva?

12 abril 2006

photo-a-trois

O Leonardo Negrão, o José Carlos Carvalho e o Rodrigo Cabrita (três fotojornalistas queridos e amorosos do DN) juntaram-se os três à esquina.
O resultado deu nisto: Photo-a-trois. Só o título já é sugestivo.

Beijinhos-a-trois.

No Le Monde

"CPE: um morto, quantos feridos?"

De palmatória

Esta história do Supremo Tribunal de Justiça ter considerado "lícitas" e "aceitáveis" as palmadas que a responsável de um lar de crianças deu em menores com deficiências mentais dá que pensar. As palmadas não se medem aos palmos, é verdade. Mas quando a palmada entra em tribunal está tudo dito. É como o beijo ou a carícia, quando entra a Justiça, sai o bom senso. Parece que neste caso a educadora dava palmadas, estaladas e fechava as crianças em quartos escuros. A ser verdade, os juízes deviam dar a mão à palmatória e assumir o lapso. De palmatória.

11 abril 2006

Dreamkeeper

Dizia o meu pai, no outro dia:
- As audiências do meu blog dispararam! Tinha uma média de um visitante por dia e agora tenho seis!

10 abril 2006

Porto, Porto, Porto!

Está na hora de voltar a escrever qualquer coisa. Alguém se queixou, na caixa de comentários, do silêncio deste blog acerca do fim-de-semana desportivo.

Pequenas e breves notas, só para picar:
1. O jogo de sábado foi trapalhão e violento. Não gosto de ver futebol assim. De qualquer maneira, o Porto mereceu ganhar e estamos cada vez mais perto de ser campiiiiiões, carago!
2. Quanto ao jogo de domingo, o Benfica não merecia aquele empate ao último chisquinho. Mas o clube da luz anda com a moral tão em baixo, que mais vale assim, senão não há quem os ature.

Outras considerações ficarão para outra altura, porque agora não tenho tempo.

Beijos.

futchibóle

Um anónimo, muito curioso, questiona no post aqui em baixo o nosso silêncio sobre o fim de semana desportivo. Parece que o Marítimo perdeu dois pontos, o Pinto da Costa perdeu em casa o que tinha ganho no campo, e o Paulo Bento ganhou no banco o que já tinha perdido em campo: um melão. E daí?

CPE

Em França o poder não está na rua, mas o poder da rua vai mandar para a rua o elo mais fraco do poder: Dominique Villepin.

07 abril 2006

E o limite é...

a imaginação!!!

Por eles

Alvalade, Alvaláxia



A época começou mal, embora não inesperadamente. A Liga dos Campeões ficou para trás, a UEFA também. Nos primeiros jogos do campeonato, era tudo tão mau que eu - sportinguista confesso (o único ismo da minha vida) - deixei de ir aos jogos. O último foi, aliás, o melhor: não porque tivéssemos ganho, mas porque a derrota mandou embora José Peseiro, homem fraco para um clube grande.

Daí em diante, só falhei um jogo na televisão. Ao estádio, salvo erro, fui uma única vez mais. A minha fé tem estado no Alvaláxia, lá por cima na cervejaria, onde os jogos se vêem com o fervor do estádio, estando dentro do estádio. É um bom sítio para ver jogos, esse Alvaláxia: sabemos dos golos segundos antes de os vermos, porque há sempre um bom homem de rádio no ouvido, onde o som chega sempre mais rápido; sentimos o calor da fé e a amizade de desconhcidos que, ao nosso lado, sofrem tanto como nós com cada bola perdida, com cada remate ao lado; os golos, esses, são quase tão bonitos ali como no campo - há saltos de alegria, gritos a dois tempos (lá estava o homem do rádio a avisar), abraços que saltam como os beijos nas igrejas (aqueles que damos ao irmão do lado, que nunca vimos, mas com quem damos graças a Deus). Ali, no Alvaláxia, também damos graças a Deus ao irmão do lado, irmão de fé, irmão de clube. Ali somos todos iguais - já passei um jogo a falar com um tipo meio louco, que gritava por tudo e por nada e só sabia culpar o árbitro; já travei amizade por um dia com o senhor (de S grande), vindo dos Açores para a cervejaria; já estive por lá com um homem, de ar aristocrático, a sentir o Guimarães-Sporting como uma ode à alegria, de Mozart, Bach ou quem quiserem. Ali, quase sempre (muito bem) acompanhado, às vezes sozinho, estou em casa, rodeado dos nossos.

Amanhã, porém, o Alvaláxia não é grande o suficiente. Parece que vou ao estádio propriamente dito, mas com aquele espaço na memória, no coração. Vou estar lá a sofrer como todos os jogos, com a fé de sempre, reforçada pela esperança que os miudos nos têm trazido.

O Sporting, amanhã, será grande. Os miúdos merecem a vitória. Mas aquela gente do Alvaláxia merece-a tanto como eles.

Casual Friday



Nada como um blog à espera de dois dias de descanso.

O fundamentalismo do bloco central

1 - Tabaco: PSD concorda com restrições mas alerta para fundamentalismos.
2- O vice-presidente da bancada parlamentar do PS Ricardo Rodrigues considera que restrições devem respeitar "os direitos dos fumadores" e não num "fundamentalismo antitabágico".

Leiam

... o artigo de Maria José Nogueira Pinto, no DN de hoje. É uma síntese notável do que devemos esperar do primeiro-ministro e do que a oposição à direita devia estar a reflectir. Alguém pediu um líder de oposição?

Quem sabe, safa-se. Quem não sabe, despenha-se.

O Ministro da Saúde anuncia medidas restritivas ao fumo em locais públicos como uma "questão de saúde pública" e não como um combate ao negócio das tabaqueiras. A medida só pode ser bem aceite. Quem defende, pelo menos em público, que um vício é mais importante que a boa saúde de um fumador passivo? Ninguém de bom senso. Quanto à taxa de alcoolemia: Se em vez de atacar o sector do álcool - a troco de "dinheiro para campanhas de prevenção rodoviária" - Ascenso Simões tivesse enquadrado a medida explicando que das mortes nas estradas devido ao álcool, 20 por cento ocorrem em condutores com uma taxa superior aos 0,2 mas inferior aos 0,5, tudo seria diferente. São dois exemplos sobre a Lei do Framing, que retrata a importância da "moldura comunicacional" na boa e má comunicação política.

Alguém obriga o homem a voltar?

Acabei de ouvir um deputado socialista a criticar uma proposta do Governo (sobre a proibição de fumar em locais fechados). Já tinha sido o mesmo com a alcoolemia, não só na AR, como dentro do próprio Governo. Enquanto isso, José Sócrates continua alegremente a sua visita a puras terras angolanas. Alguém será capaz de o avisar de que o mundo socialista, sem ele por cá, é um regresso ao passado?

06 abril 2006

alguém reparou na texert do primeiro?


Em tempos de OPAS, com o opante (MIllenium) e o opável(BPI) na sua comitiva, José Sócrates foi correr na marginal de Luanda com o símbolo do...BPN. Esse mesmo, o BPN. Curioso...

Pergunta rosa

Basta o primeiro-ministro sair do país para o Governo e o PS entrarem em guerras desnecessárias?

O efeito do Poder

O secretário de Estado Ascenço Simões diz hoje da taxa de alcoolemia o que rejeitava há quatro anos; a ministra da Cultura diz hoje sobre a fusão de institutos o que combatia apenas há dois anos. Dir-se-ia que os políticos são troca-tintas. Não tanto. O Poder é que torna as pessoas diferentes.

Venha o título

O Benfica lá perdeu - assunto que não merece nem esta linha no Insubmisso.
A partir de agora, passado o aperitivo, o país concentra-se no que interessa: venha o jogo do título!

05 abril 2006

Inspecção Periódica Obrigatória

Anda por aí a peregrina ideira de se aplicar uma caixa negra nos automóveis para registar as manobras do volante, a velocidade e o número de cintos que estão devidamente colocados antes da ocorrência de um acidente.
Imaginemos que a prática se aplica a um governo: uma caixinha, rosa ou laranja, que regista tudo o que se passa entre governantes. Três exemplos:
1 - Ministro da Agricultura apanhado a conduzir sem carta de pesados.
2- Jaime Silva empurra Ascenso Simões para o contra-mão.
3- António Costa trava a fundo, Alberto Costa sem cinto de segurança é projectado pelo vidro da frente. No banco de trás Santos Cabral não vai sentado na cadeirinha e, também, não evita projecção.
[Revisto]

A memória tem destas coisas*


* imagem enviada por e-mail por um ilustre desconhecido, adepto do Porto

04 abril 2006

Spinning

Um secretário de Estado ameaçou mexer na taxa de alcoolémia máxima permitida; um ministro, de outro gabinete, diz que o secretário de Estado foi mal interpretado. Já o Paulo Gorjão diz que foi mau timming político. Não foi. Foi, isso sim, spinning político: mandar uma ideia para o ar, arranjando um bode expiatório, para ver se pega. Não dá? Deixa-se cair. Só isso.

Frases que nos dizem muito I

(São tantos os pretextos, que me atrevo a lançar uma nova "coluna" no Insubmisso. Terá apenas títulos da Lusa, com um curto comentário. Fica o primeiro, de agora mesmo.)

SAÚDE PORTUGAL DOENÇAS Visão: Maioria dos portugueses tem problemas, nomeadamente miopia - estudo.

Braço de gesso

Terceiro-mundista esta disputa pós ruptura entre Alberto Costa e Santos Cabral. Em criança, creio que como todas, corria desalmadamente até ao coito (vulgo, salvação), onde disputava argumentos com os “adversários”:
- O último a chegar é burro.
- O primeiro é o rei deles.
- Cheguei primeiro!
- Não, eu é que cheguei.
Depois do estrondo, Santos Cabral diz que se demitiu, Alberto Costa contrapõe e diz que foi ele que demitiu Santos Cabral. Triste. Não pela ruptura. Tão pouco pela sua origem. Pela falta de sentido de oportunidade.

Deserto do Mal?!

O Carlos Lima, jornalista da praça, escreve um início de texto delicioso, hoje no DN, sobre a saída do director da PJ. Assim:

"O director da PJ foi acompanhado [ao Ministério da Justiça] pelo porta-voz da direcção, Manuel Rodrigues. Na mão deste, curiosamente, seguia o livro Deserto do Mal - que deu origem ao filme Syriana, que conta a história de um agente da CIA cuja carreira terminou em desgraça devido a complexos jogos políticos internacionais".

Lido isto, seguem-se dois sentimentos distintos:

1. O que aconteceu na PJ, e que ainda não terminou, é grave, deixando-nos uma leve sensação de importância perante o estado das mais altas instâncias do Estado português.
2. O jornalismo português, pelo contrário, não é tão mau como se pinta. O DN, neste caso específico da PJ, é exemplo disso mesmo (elogio alargado, com inteira justiça à ASL, do blogue aqui ao lado).

Construir a casa pelo telhado

Andamos nesta discussão desde 1997, quando Marcelo Rebelo de Sousa convenceu António Guterres a mudar as regras do nosso sistema político na Constituição da República. Hoje, e pela primeira vez, o ministro dos Assuntos Parlamentares abre a porta a uma negociação com o PSD sobre a redução do número de deputados, uma velha questão que sempre, desde então, entravou qualquer discussão séria sobre a matéria. Em 2000, com o mesmo Guterres no Governo, o projecto do PS nunca saiu da gaveta por isso mesmo: os socialistas nunca foram convencidos da bondade da ideia. Hoje, a posição parece mais flexível, a bem da introdução dos círculos uninominais, apresentados como a aspirina de todos os males da nossa democracia. Mas não é.

A bem da verdade, os círculos uninominais não resolvem nada - pelo menos quase nada -quanto à qualidade da nossa representação política. Eles aproximam os eleitos dos eleitores? Talvez sim, talvez não, diria o avisado Velho do Restelo. Depende mais de quem os representa do que das regras de representação. Aliás, por cá, já tivemos aviso suficiente sobre a matéria: um ex-deputado do CDS aprovou um orçamento de Estado por um queijo, contra a disciplina partidária. Fez mal. Tomou a parte pelo todo e o país saiu prejudicado.

Os círculos uninominais não resolvem o principal problema do país, que é a governabilidade, a fragilidade dos partidos de poder e a dependência que a sociedade (toda ela) tem do Estado. Pode ser parte da solução, mas não vale nada por si só.

03 abril 2006

nem tanto ao mar, nem tanto à terra


Quando Guterres tentou reduzir a taxa de alcoolemia de 0,5 para 0,2 veio ao de cima o poder do lobby do álcool. Produtores, comerciantes e empresários da noite protestaram, berraram, manifestaram-se e, em apenas dois meses, passámos de 85 para 45 por cento de apoiantes da iniciativa (os números pertencem a um conjunto de estudos desenvolvidos por Jorge Sá). Agora, numa manchete, o Governo faz um ultimato e declara guerra ao lobby. Ou pagam mais campanhas contra o drink and drive ou verão o que vos acontece! Não se espera de um Governo maioritário diálogo em demasia, mas a arrogância pode revelar-se escorregadia. Na política tal como nas estradas, os excessos pagam-se caro. Por vezes, a preço de ouro.

02 abril 2006

Hei, Mira usted...

Porque será, JPH?

Esquerdas-direitas-volver

São cada vez menos ideológicas as diferenças entre esquerda e direita. Distinguem-se pelo líder (estilo, passado e pensamento) e pelos objectivos mais imediatos das máquinas partidárias. Qualquer exercício deste género é, por tudo e mais alguma coisa, perigoso. Seja para combater alegados preconceitos da direita, seja para responder a alegados preconceitos da esquerda. O que separa o diálogo do socialista Guterres, da acção e propaganda do socialista Sócrates? Uma geração? Uma década? Um, o primeiro, o do diálogo, é socialista. O outro, o segundo, o da acção e propaganda, é social-democrata com laivos de liberal. Um contorcia-se só de pensar em pedir a maioria absoluta. O segundo, tanto pediu que faz uso dela. Um, o primeiro foi lider do PS. Um, o segundo, é lider do PS. É perigoso falar de esquerda. Primeiro as esquerdas, depois a comparação com a direita. Ou direitas, para os mais crentes.

01 abril 2006

Sabes David,

Há muito bom jornalista (naturalmente, de esquerda) que vem aqui, ao insubmisso, votar, insistentemente, no Zandinga. Encapuzados (naturalmente, encapuzados...). Porque têm (naturalmente) o dom da análise política imparcial e impoluta (naturalmente, escusado seria dizer). Porque (ainda, naturalmente) tem sido apanágio da esquerda a retirada de direitos adquiridos dos trabalhadores em prole da eficácia e eficiência estatais, a implementação de sucessivas reformas da administração pública, o corte afoito e incisivo das despesas do Estado, obrigando mesmo ao sucessivo alargamento, por exemplo, da idade da reforma. São (naturalmente) bandeiras da esquerda. Naturalmente, que das duas uma: são bandeiras da esquerda, mas não da portuguesa; são bandeiras da esquerda portuguesa mas a esquerda portuguesa foi a última saber. Mau pronúncio, mau pronúncio...