29 dezembro 2004

A lista

A política portuguesa adora destas coisas. Fazer listas, apresentar nomes, chamar os "independentes". Não importa que ninguém se importe. Para a política portuguesa, a lista é tudo. Dá para reforçar compadrios, mostrar "trunfos", disputar títulos nos jornais.

Depois, é o que se vê. As "surpresas", quando aparecem, são zero - ou pouco mais. Os nomes não passam disso mesmo. Valem o mesmo que o nosso, qualquer um, pela blogosfera.

O M.S., meu amigo, atira-se hoje a um deles. Faz mal, outra vez. E faz mal pela razão (por menos tinha muitos mais a criticar) mas, essencialmente, pela importância a que atribui à lista. Francamente, não tem nenhuma.

Pobre país o nosso, diria Pacheco Pereira.
País suspenso o nosso, na espera eterna de um nome que o salve.

Lá vem ano

Estamos a dois dias de um ano novo. Se este acabou assim, o mais que vos posso dizer é que se preparem para o que lá vem.

A saber: um Governo despedido em campanha; uma coligação suspensa à procura de votos em separado; um PS ansioso pelo regresso ao poder, à espera da primeira maioria absoluta; uma esquerda desejosa da primeira oportunidade de poder em 30 anos; a direita à procura de uma maioria que sozinha não terá; um PSD a afiar as facas; presidenciais a caminho; autárquicas nas sobras.

A vida política portuguesa, enfim, estará particularmente animada. Pena é que o país continue adiado. Mas sobre isso temos tempo para conversar. Aqui, no Insubmisso, sim senhor.

De resto, bom ano para todos. Que sejam felizes. É o que importa.

24 dezembro 2004

Mistura explosiva

Não satisfeito com a derrota de 16 de Dezembro de 2001, Jorge Nuno Pinto da Costa quer tirar a prova dos nove e arriscar a sua última cartada política, apoiando ou protagonizando uma candidatura à Câmara do Porto. A ambição e o gosto pelo risco é de salutar. A manifesta intenção de pressionar o sistema judicial pela via política é que não.

Rui Rio devia ter ficado calado perante, segundo o Público, a pequena provocação de Rui Moreira - outro protocandidato - para comentar "a alegada contradição entre a aposta na marca Porto e a desqualificação do fenómeno do futebol", mas Rio não se conteve e comparou Pinto da Costa a Bernard Tapie e Gil y Gil. Uma pequena provocação infantil e desnecessária.

A concretizar-se um eventual apoio do PS a uma candidatura de Pinto da Costa ou um aproveitamento político do apoio público de Pinto da Costa ao candidato do PS, a liderança de José Sócrates utilizará não só uma mistura explosiva - futebol vs política - como pactuará com uma situação incompatível: a acção política de cidadãos que foram constituídos arguidos por um juíz de direito devido à suspeição da prática de crimes de corrupção.

Foi precisamente esta a regra estabecida por António Guterres para determinar o afastamento (temporário ou não) de dirigentes do PS que tivessem problemas com a Justiça. Foi também esta a regra esquecida aquando do espoletar do caso de Fátima Felgueiras, mas que Ferro Rodrigues, posteriormente, repôs. Esperemos que também José Sócrates tenha memória. Tanto mais que, convém não esqueçer, as relações entre a Câmara do Porto e o Futebol Clube do Porto e o Boavista também estão a ser investigadas pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária.

23 dezembro 2004

Ensaio sobre a lucidez

Em época de festa, ou melhor, desejavelmente de festa, o melhor que posso fazer é desejar a todos um santo Natal.

Bem hajam.

Nobre Guedes II

Diz o Público que:

"
Santana Lopes manifesta "total confiança" a Nobre Guedes
O primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, recebeu esta noite o ministro do Ambiente, Luís Nobre Guedes, manifestando-lhe "total confiança" relativamente ao anúncio da solução para os resíduos sólidos urbanos, segundo o gabinete do primeiro-ministro"


É politicamente correcto afirmar que a inversa não é verdadeira

Tudo de bom e um Santo Natal

A MEDIDA II

Será que vão lançar uma taxa de circulação aos pombos??? 25 cêntimos o km de voadela?!

Mas que raio é a medida???

A MEDIDA

Mas que raio será a medida????


Nobre Guedes I

Tenho uma sincera admiração por Luís Nobre Guedes. Acho que faz parte de uma classe à parte de portugueses...poderia viver aqui, em Londres, Paris , Milão, Nova Iorque, Berlim ou Bruxelas...tenho a certeza que estaria bem em qualquer lugar.

Uma das particularidades de Luís Nobre Guedes é que neste mundo de selvagens é um gentleman. Um dos poucos que existe em Portugal. Aconteça o que acontecer, Nobre Guedes não faz publicamente comentários. Dirá em privado o que lhe apetecer, mas em público não.

Esta educação de Luís Nobre Guedes faz com que aconteçam estas coisas macabras: toda a gente sabe que Nobre Guedes tem mais legitimidade, autoridade e razões para dizer mal e revelar coisas sobre Santana Lopes do que Henrique Chaves, só que o Luís não o faz.

Ainda por cima quando lhe apetece ir embora (porque a paciência e a educação de um homem têm limites!!!!), ainda consegue arranjar coragem para dar o exemplo de humildade continuando no cargo (aceitando e ilustrando a máxima "do partido disciplinado" defendida por Portas: o chefe manda, o chefe tem)

Tudo de bom

A "MEDIDA" e o trânsito em Lisboa

Só agora percebi porque é que não há trânsito nos acessos a Lisboa.

Não, não é por ser vésperas de Natal e ninguém trabalhar!

É que está toda a gente grudadaà RTP N e à SIC N à espera que o "Deseducador do Povo"(que recebeu o poder incontestadamente do "herdeiro português do verdadeiro, e da Bayer, educador do povo: Arnaldo de Matos") e o seu "acólito tremoceiro das finanças" anunciem a MEDIDA.

Tudo de bom

A Tecnologia e eu, mais uma vez, e a conferência do Santana e do Bagão

As malfadadas máquinas que nos conduzirão ao Apocalipse, tal qual S. João descreveu, voltaram a deixar-me entrar neste mundo virtual e de aventura (esta soou bem e é a minha homenagem ao Dr. João Loureiro e à sua banda BAN de quem o Luís Rosa tanto gosta).

Devido aos momentos críticos em que esta permissão de entrada acontece, sou levado a acreditar que, definitivamente, Deus tem qualquer coisa a ver (e não a "haver"!!!...pelo menos a Edite Estrela diz que é assim que se escreve em bom português) com a blogosfera e que tem um plano, por definição divino, para o mundo que passa pelo universo dos bits e bytes.

Será que esse plano já se concretizou e o sucesso dos Gato Fedorento e da parafernália que se grudou a eles não é a prova disso? Será que os seus 42000 exemplares de DVD (o único no mundo com "bidé na capa") não são prova dos insondáveis caminhos do Senhor?

Será que o insucesso do livro do Barnabé e o sucesso do "meu pipi" não serão também parte essencial desse "blueprint"?

Será que as catacumbas e sub-caves do Vaticano estarão carregadas de serenos seminaristas hackers que decidem o que vai ter ou não vai ter sucesso na internet???


É melhor parar por aqui , porque com tanta ficção e irrealidade já pareço o Santana e o Bagão em conferência de imprensa

A ceia de Natal

Depois da Missa do Galo, rigorosamente às 24H00:

Barca Velha 1995 à temperatura ambiente (18-20 ºC) (tenho uma garrafinha de Pêra Manca de 1998 "just in case")
Míscaros salteados
Patê de Canard au Port
Carpaccio de vitelinha finamente condimentado
Salmão Fumado com mistura de 5 pimentas e Limão das Beiras
Queijinho de Serpa
Queijinho de Azeitão
Torradinhas caseiras de pão saloio
Pão de ló ensopadinho com recheio de ovos moles
Doce Caseiro de Xila com bolachinha
Chá verde com óleo de bergamota e aroma de manga que acompanha com bolacha shortbread inglesa/escocesa
3 Kompensans
1 Guronsan


19 dezembro 2004

O recheio da Ford Transit

Para manter a sanidade nada melhor do que (re)ver "The Meaning of Life" dos sempre disponíveis Monty Phyton. Esta é a melhor inspiração para "picar" os Insubmissos e provocar a multiplicação dos post's.

Depois de muita insistência, particularmente do Manuel do Queijo, aqui se expõem as hipóteses para o recheio da Ford Transit:

a) as fotografias das cerimónias de entrega das malas no PS, PSD e CDS, assim como cópias do inventário completo dos terrenos do PCP
b) as transcrições integrais das escutas do processo Apito Dourado (este, sim, era o presente de Natal ideal), com o "Vende-se" a ter como principal destínatário o "24 Horas"
c) o programa eleitoral de José Sócrates devidamente entrosado com os "10 Mandamentos" do manifesto Bloco
d) os próximos artigos de Cavaco Silva antes de anunciar a sua candidatura a Belém com o seguinte mote: "os portugueses não põem os ovos no mesmo cesto"
e) o mapa de todas as cicratizes das costas de Pedro Santana Lopes
f) todos os artigos de opinião e notícias acerca do consulado de Santana Lopes para comparar no futuro com os artigos de opinião e notícias acerca do consulado de José Sócrates
g) as cópias do processo da Amadora para fazer face a um eventual encobrimento do mesmo
h)o futuro sofá do Mira


17 dezembro 2004

Pobre país

o nosso.

Portas, os partidos disciplinados e o pé no chinelo

Portas defendeu em entrevista à RTP 1 que quer partidos disciplinados. Não disse, mas pensou, que também gosta de partidos musculados, agressivos, com resposta na ponta da língua, atrevidos, arrogantes e ligeiramente autoritários.

Se Portas fosse director de um colégio concerteza que seria de um inglês onde os alunos andariam fardados: com a mesma camisa, mesmo fato, mesma gravata...sendo que, como é sabido, nestas escolas o que distingue os alunos acaba sempre por ser o "sapatinho".

E ao raciocinarmos assim tão brilhantemente (desculpem a imodéstia), se percebe a razão pela qual os dirigentes do PP se vestem todos da mesma maneira: a farda de risca.

É pena é que seja tão notório que a alguns continue a fugir o pé para o chinelo e para a mão na anca- algo nada britânico. Cá está...o que os diferencia continua a ser o "sapatinho".

Tudo de bom

Pinto da Costa concorre contra Rui Rio

Diz o Público de hoje que Pinto da Costa, na sua habitual estratégia de "fuga para a frente" (que, como sabeis, alterna - não, não é piada brejeira - com a de "avestruz" ou com a de "sarrafada-indiscriminada-à-Jorge-Costa") afirma estar disponível para concorrer à CM Porto.

Esclareçam-me por favor: o facto de uma pessoa estar presa impede-a de ser presidente da câmara? e o facto de estar com uma pena suspensa?

Esperemos que a justiça do apito dourado seja rápida e que por uma só vez "O FCP num seija uma naçoonnn-e"

Tudo de bom

14 dezembro 2004

Sport Lisboa e Saudade


É lógico que não vou brincar com a situação do meu Benfica. Ontem, tratei de responder com elevação (aquela que me faltou quando cedi à indignação pelo ataque de JPH) aos meus amigos que me foram telefonando a perguntar se eu precisava de canela e açúcar, ou se precisava de um Pepsamar para ajudar à digestão dos quatro pastelitos.

Eu gostaria de recordar, citando o marido de Judite de Sousa, que aquele clube do Campo Grande que não é o Jockey Club, foi campeão no ano de 2001, tendo nessa época "aziado" com 3 pastelitos do mesmo estabelecimento ali aos Jerónimos e, tendo, além disso, ido buscar a Paços Ferreira 4 prateleirazitas em pinheiro de solho inglês para a sala de troféus do clube.

Se isto aconteceu, ainda há esperança para o dono da Catedral

Tudo de bom

PS. Adeus até quando a www. me deixar novamente ver a luz do blog

Circo Chen em Belém?

Não tive a oportunidade de, em tempo oportuno, expressar e publicar o meu texto sobre S.Exa. o Senhor Presidente da República. Aquilo que tinha escrito perdeu entretanto vigor.

Não posso, no entanto, deixar de fazer um pequeno comentário, para que para a história fique, que na blogosfera portuguesa (perdoem-me a presunção) alguém apontou o dedo e o negou três vezes.

Qualquer pessoa com dois dedos de bom senso reconhece que Santana Lopes foi provavelmente o pior que poderia ter acontecido ao PSD e ao país desde 1974, quando o PPD- PSD foi fundado por herdeiros da Ala Liberal (obscena a forma como é utilizada a expressão PPD e o nome de Francisco Sá Carneiro por este trauliteiro mimado chamado Santana). No pior que o PPD viveu não se vislumbra nada semelhante ao descalabro que agora nesse partido se enfrenta. Qualquer pessoa de bom senso conseguia antecipar que o resultado seria este devido à fraca qualidade dos actores convidados e do processo em si.

Agora, aquilo que não podemos deixar de dizer também é que Sampaio tratou o caso com os pés e ensombrou de forma irreparável o exercício da Chefia de Estado como mais nenhum o tinha feito desde 1974. Joaquim Aguiar recordou ontem na SIC Notícias (e se ele tem autoridade para o fazer!! Ó se tem!!!) que as 4 anteriores dissoluções da AR tinham subjacentes a elas factos determinantes que colocavam em causa o regime político.

Ao olharmos "in retrospect" o que se passou vemos que a actuação do Presidente Sampaio foi uma palhaçada de todo o tamanho...com gaffes, falhas, inconsistências, falta de conteúdo de de explicações...um verdadeiro Circo Chen (que como sabem é provavelmente o pior circo que esté em Lisboa actualmente) que desceu a Belém.

Dirão os mais reaccionários defensores do Dr. Sampaio..."Ah e tal e coiso, porque coiso e assim tá mal".

Ok, tudo bem e eu sou forçado a aceitar. MAs outros dirão:
"Se todos asneiram (palavra que, recordo, vem de ASNO) no nosso sistema político porque é o PR não o pode fazer?'"

Ao que eu respondo: por isso mesmo...porque é o mais alto magistrado da nação, porque ele deveria ser a última salvaguarda do nosso sistema político, porque deveria pairar sobre o sistema como termostato, não se envolvendo e actuando como autoridade moral com uma legitimidade inexpugnável, porque deveria ser o símbolo constitucional por excelência e porque deveria ser o alpha e omega do nosso sistema..

O Jorge (sim porque agora ele é igual a qualquer outro e portanto lá vai o S. Exa. para o galheiro) não foi nada disto...foi atacado por uma partidarite como o Dr. Mário Soares não foi (e eu não gosto do octagenário) e se formos ver bem as coisas, é mais grave (porque desprovido de ética) o que se passou, do que aquilo que Eanes fez com o PRD.

E ainda há pessoas que não percebem porque é que há cada vez mais monárquicos (e atenção que eu digo monárquicos e não duartepiistas!!!)

Tudo de bom

Socrates, Xico Louça e o Queijo Rabaçal


José Sócrates, o verdadeiro "Manual de Citações Rápidas Socialmente Correctas" (obra que poderia lançar novamente Bobone na rota do sucesso), já veio desmentir que alguma vez tenha dito que admitia fazer coligação com o Bloco de Esquerda caso não tivesse a maioria.

É lógico que Zé Socrates venha negar este seu pensamento...faz parte das regras do marketing político. Um sujeito que ambiciona ser PM (em tempos isso foi uma ambição séria...hoje em dia não sei!!!) não pode admitir que tem dúvidas que o consiga ser.

Agora que isto já deve ter sido equacionado...não tenho dúvida alguma.

A questão que se coloca é de quem é que foi a iniciativa de retirar da agenda mediática esta óbvia movimentação de bastidores: será que foi do para-filósofo grego ou do Xiquinho Trotskista?.

É que tal anúncio, que, reafirmo, deve resultar de aproximações que já devem ter existido entre as cúpulas dos respectivos comités centrais (embora o PS tenha nomes diferentes para esse orgão) julgo que prejudica mais o BEEEEEEEEEEEE (não é uma onomatopeia de uma ovelha negra a balir...foi o dedo que "se me" escorregou ao escrever BE EEEE...pronto lá foi outra vez!!) do que o PS, visto que com a subida ao topo do colectivo comunista do Fred Astaire de Corroios, o BE tem a oportunidade histórica de entrar em territórios que até agora não tinha entrado e de, por essa razão, aproximar-se, senão ultrapassar, o PC na AR.

Atendendo a que Sócrates ainda não está muito à vontade com estas coisas dos media (nota-se isso no facto de ele ainda não ter conseguido controlar a mãozinha marota...garantiu-me um assessor dele que ele anda a tentar corrigir isso em casa!!!)julgo que a manobra de diversão terá sido efectuada pelo BE...(mais uma vez é uma técnica de marketing político...neste caso de inspiração albanesa)..."Vamos lá anunciar a ver se pega...se não houver reacção a gente desmente e guardamos esta para as negociações pós-eleitorais".

O queijo rabaçal era só para dar mais cor ao título.

Tudo de bom

A Ford Transit do Luís

Julgo que estará esclarecida neste momento a razão pela qual me ausentei. Deve, todavia, haver um plano divino, para que eu só tenha podido entrar depois da provocação do Luís.

Se assim fôr tem de haver uma razão, com futuras consequências positivas para o rebanho dos filhos de Deus, para que o anúncio de venda da Ford Transit do Luís tenha conseguido ver a luz do dia. Será que Deus (na sua eterna sabedoria e complacência) quer ajudar o Luís a vender a sua carrinha Ford Transit, abandonada ali "aos Prazeres" para que ele tenha um complemento de reforma condigno visto que, já se sabe, a Seg. Social impede-nos de ter ilusões? Será que os posts de Luis Rosa passaram a ser patrocinados, qual Liga dos Campeões, pela Ford Europa? Será que o Luis quer mostrar ao mundo onde transporta os seus sofás???

Aguardo serenamente que as ditas razões para esta súbita abertura da gruta de Ali Babá, "o nosso blog", me sejam transmitidas. Só espero que a carrinha não seja peça de investigação fotográfica relacionada com apitos, taxistas suiços ou afins,de algum jornal semanário.

Tenho de concordar com um dos nossos comentaristas....temos de esclarecer o que é que está dentro da carrinha do Luís

Tudo de bom

Eu e a Tecnologia

Durante quase 2 semanas tentei entrar neste antro de vício para colocar os meus posts. O maldito bicho branco com quem entabulava conversações por via mecânica, e a que alguns chamam "computadores" e os mais entendidos "máquinas", numa negação dos meus direitos constitucionais, impediu-me de o fazer.

O meu amigo David Dinis (sim, com "S"!) fez questão de me explicar, na sua incomensurável paciência e bondade, que esta coisa dos blogs por vezes parece o IC-19...não porque tenha o Seara à beira da estrada a prometer o IC-16 , mas porque o excesso de frequência e produção fazem com que o acesso seja atravancado por escolhos de diversa dimensão que, em termos práticos, se traduz por simplesmente não conseguirmos entrar.

Quando já tinha utilizado quase todas as expressões que Gil Vicente legou à literatura portuguesa para me dirigir à máquina, eis que, nesta minha última tentativa, qual gruta de Ali Babá, ele, leia-se "o nosso blog", se abriu.

A tristeza desta situação é que não sei exactamente a que palavrão é que a máquina reagiu, pelo que, perdoa-me caro Luis Rosa, não sei quando voltarei a escrever, já que os caminhos do digital são insondáveis (perdoai-me o sacrilégio da utilização de tão mística expressão).

Tudo de bom


13 dezembro 2004

Um sismo

Parece que Lisboa sentiu hoje um pequeno sismo.
Vi isto na televisão, num rodapé que dizia "última hora", com imagens do primeiro-ministro a falar em Belém.
Confesso que não liguei nenhuma. Só depois percebi não era uma metáfora. É a força do hábito.



Meus amigos...

Eu, numa atitude de total honestidade e humildade, devo uma justificação ao país.
Passaram 11 dias, praticamente sem dizer palavra. E hoje, que a digo, não sei bem como me justificar.

Digo-vos apenas isto: face à instabilidade reinante, à falta de credibilidade e à sucessão de acontecimentos (que me dispenso de enumerar, pois o país bem sabe a que me refiro), só posso defender a demissão imediata do treinador do Sporting Clube de Portugal.

Tenho dito, meus amigos.

Aquele abraço e até já.

12 dezembro 2004


Depois de quase uma semana sem post's, o Insubmisso não vale mais do que esta velha Ford Transit

07 dezembro 2004

Então e não estávamos?

A minha mulher lembrou-me do seguinte - que resolvi partilhar convosco:


Constituição da República Portuguesa
Artigo 172.º
(Dissolução)
1. A Assembleia da República não pode ser dissolvida nos seis meses posteriores à sua eleição, no último semestre do mandato do Presidente da República ou durante a vigência do estado de sítio ou do estado de emergência.

Então e não estávamos em estado de sítio?


06 dezembro 2004

Depressão à vista

Quanto mais fala, mais demonstra o seu autismo. Depois das eleições, Pedro Santana Lopes arrisca-se a passar uns tempos na clínica onde Elsa Raposo curou a sua última depressão. LR

05 dezembro 2004

Latin’ América

Lá pelo início dos idos anos 80, apareceu uma música com este nome. Foi um verdadeiro hit, o Latin’ America. E fazia sentido: Portugal vivia na ressaca de uma revolução, ainda sob variados comandos militares. A música, essa música, apontava precisamente o espírito que se vivia na época. Era a América Latina, no seu melhor. E muito, muito mesmo, o triste país ainda teve que passar.

Tudo isto, porém, era tido como normal. Daí para cá, Portugal cresceu, normalizou a sua vida. Manteve muitos defeitos, é certo, mas juntou-se à Europa no espaço e no espírito. Até aqui.

Hoje, o país recupera, tristemente, o que de pior a música nos recorda. Ouvimos, décadas depois, o mesmo Latin’ América. E, surpresa das surpresas, parecemos de volta ao mesmo espaço, ao mesmo tempo. Numa frase apenas: quem olhe para Portugal de fora não percebe. Acho mesmo que quem olhe Portugal de dentro também não. Eu não.

Raison d’état

Há pouco mais de quatro meses, o Sr. Presidente da República tomou a decisão mais difícil da sua vida. Demorou a fazê-lo, pensou antes de o fazer. Mas tomou a decisão e fundamentou-a devidamente.

Mesmo para quem não gostou da decisão, e muitos não gostaram, o Sr. Presidente foi um homem de Estado. Teve a autoridade de quem fez o que a lei dizia. Assim deve ser.

Depois disso, uma sucessão de acontecimentos. Todos sabemos quais, mas nenhum de nós sabe verdadeiramente quais. Eu, por mim, gostava de saber. Gostava que o Sr. Presidente, homem de Estado há quatro meses, voltasse a mostrar que fez o que a lei dizia. A lei, digo eu. Porque a razão de Estado é isso mesmo: aplicar a lei, de forma fundamentada, desagrade a quem desagradar.

Ao Sr. Presidente, seja ele qual for, cabe apenas uma tarefa: ficar nas páginas da história pelas melhores razões. E não abrir precedentes perigosos para uma democracia que ainda é nova demais para arriscar a vida. Para já, aguardamos serenamente a explicação que é devida. Sem pressões, mas com justificada expectativa.



Raison de vivre

O centro desta equação, no entanto, está em S. Bento. Está por justificar como se consegue perder tanto tempo - quatro meses - com tantos erros. É que quatro meses num país como Portugal é tempo demasiado.

Hoje, na AR, o mesmo primeiro-ministro resolveu iniciar a sua campanha eleitoral. Procurou explicar porque o Presidente está errado, lançou as primeiras críticas ao seu verdadeiro adversário. Não seria o local certo, nem o melhor timming, mas o discurso foi indiscutivelmente o melhor que se viu neste tempo.

O difícil será, para este primeiro-ministro, convencer o país que não foi ele a governar. Foi o outro, o dos quatro meses perdidos. O difícil será convencer o país que ele, o novo, terá a autoridade que não teve e dará a estabilidade que não soube dar.

Serão dois meses, pouco mais. Muito pouco, mesmo para quem volta finalmente ao seu campo. Pouco tempo, especialmente para quem faz da carreira política a sua 'raison de vivre'.

02 dezembro 2004

Foi só um pesadelo

Eis um take da Lusa de hoje, às 13h14m:

"Santana reúne-se com Sampaio esta tarde
Lisboa, 02 Dez (Lusa) - O primeiro-ministro, Santana Lopes, reúne-se hoje com o Presidente da República, no Palácio de Belém, no habitual encontro semanal de trabalho, disse fonte oficial.
A reunião ocorrerá depois da cerimónia de posse dos secretários de Estado da Juventude e do Desporto, marcada para as 13:00".

O surrealismo assentou arraiais na política portuguesa. LR