13 agosto 2007

porque o tempo não cura o que é essencial

espero-te à saída do labirinto. quando explorares todos os becos. sem saída. quando descobrires que todos os caminhos vão lá dar. vou lá estar. quando explorares todos os traços do retrato do príncipe que te deram em criança. e reparares que não falta nenhuma pincelada. vou lá estar. sentado no murete junto à sebe. onde o vento não sopra forte. onde o sol não rasga a pele. onde se fica porque se está. sem medo do tempo. sem contar o peso da idade. sem saudade. vou lá estar. quando tu saíres do percurso. quando não apresentares mais recurso, à sentença do coração. quando perceberes que não há mais desculpas para não repetires a canção. não apenas em certos dias mas até o fim das vidas. vou lá estar. tal como estava quando entraste. pronto a apertar-te contra mim. num abraço aberto. pronto para conter uma vez mais a vontade de dizer que estava certo.

08 agosto 2007

Proposta

Por que é que os jornais não vão também de férias, quando não há notícias, fontes para as confirmar ou leitores para os ler? Que fiquem os desportivos, que chegam bem para a época.

07 agosto 2007

Direito de resposta ao dr. Jardim

Alberto João Jardim voltou ao disparate. Diz que o JN mente quando noticia que não quer aplicar a lei das carreiras na Administração Pública, tal como proposta pelo Governo de Sócrates.

Jardim mente. Como, aliás, é confirmado pelo director regional de Finanças da Madeira que, no mesmo take da lusa, confirma linha por linha que o Governo reclama a existência de carreiras próprias na região, que - garante - terão que ser asseguradas. Ou seja, a lei, na Madeira, será outra, não aquela.

Já agora, Jardim esqueceu-se do que escreveu ao Parlamento nacional, no parecer sobre a dita lei. Quem o ler, terá seguramente novas surpresas sobre as "mentiras" do rectângulo.

Dito isto, é claro que a Madeira tem todo o direito de não aplicar a lei sem alterações - sem aquelas alterações que o JN hoje noticia, e que fazem parte das competências próprias das regiões. O que não tem direito é de mentir chamando ao outro mentiroso.

Jardim chama ao JN um jornal "situacionista". Que o seja - vindo de quem vem, é um elogio. Eu podia bem devolver a simpatia. Acho é que a imprensa, pelo menos essa, deve ter a seriedade institucional que alguns políticos acham dispensável. Perdem eles, ganhamos nós.

04 agosto 2007

Grace



Juntei-me à Bárbara no espírito deste Verão. O espírito de Grace Kelly, na voz de Mika.

As voltas que a vida dá

As lutas de classe têm os seus problemas. Não é que, depois de anos de luta contra o cavaquismo, agora se vêem os jornalistas a aplaudir o veto de Cavaco ao estatuto dos jornalistas?

02 agosto 2007

Sobre Mendes

O Paulo Gorjão resolveu identificar os momentos populistas de Luís Filipe Menezes, tarefa que o preencherá pelo mês de Agosto. Mas, caro Paulo, será que igual lista não poderia ser feita sobre Marques Mendes?

Bem sei - e serei dos poucos a reconhecê-lo - que Mendes conseguiu algumas vitórias importantes na oposição. Não, não estou a falar das autárquicas e presidenciais (dessas já todos falaram). Mas da reversão do Governo na Ota, que Mendes foi o primeiro a polemizar, ou das críticas à claustrofobia democrática da maioria socialista, que agora até Manuel Alegre levanta.

O problema com MM é que, para ele, tudo é táctica. No pensamento mendista, por outro lado, não há país. Rectifico: há país, sempre que o país se levanta em manifestações contra o Governo.

Pois é, caro Paulo, sugiro-lhe que faça um levantamento do populismo mendista. Começe nos apoios às manifestações sindicais, passe pelo processo da licenciatura de Sócrates, continue na descida de impostos e acabe no silêncio aterrador sobre o santanismo (a que foi obrigado, aliás, para conquistar o congresso que o elegeu líder - apesar de tudo o que tinha dito antes). Para acabar, pode ver o que tem sido discutido nas sessões sobre o programa do PSD. Cozinhe tudo, deite uma pitada de sal e verá que bem que sabe o socratismo.

P.S. Já agora, não sou PS, não sou PSD (embora seja claramente de direita, como todos sabem), não votaria em Mendes nem em Menezes. Acho tudo muuuito fraquinho para ser verdade.

Férias

Sócrates foi de férias e parece que o país parou. Alguém falou em problemas na máquina de comunicação do Governo?

10 semanas não são 10 anos

Há um pequeno pormenor que me chateia nesta guerra com Jardim e o aborto na Madeira: será que ninguém se lembra que a IVG só é livre até às 10 semanas? Alguém acredita que este processo demore tão pouco? E o que é suposto fazerem as mulheres da Madeira no entretanto? Haja paciência para esta terra de ninguém.

Do BCP sairá o futuro ou o passado

Ouço a Helena Garrido dizer, na SIC-Notícias, que a guerra no BCP é mais do que um confronto de personalidades, quem sabe um confronto de gerações. Correcto e afirmativo. De repente, depois do falhanço da OPA sobre o BPI, não falta quem acuse Paulo Teixeira Pinto de ter falhado. A queda dos lucros do BCP, dizem, é a prova de um erro clamoroso. Tretas. No mundo de hoje, nada se constrói sem risco. PTP teve o mérito, quase único, de colocar um gigante numa jogada de casino. Pode ter perdido a jogada, mas a banca -toda ela - ganhou um mundo. Se a guerra no BCP der no regresso ao passado, temo que não sobre pedra sobre pedra da operação, desta nova atitude. Jardim Gonçalves, por outro lado, arrisca-se a ficar para a banca como Mário Soares fica para a política: o homem que soube ganhar o seu lugar na história, mas que não soube sair dela a tempo .