30 dezembro 2005

As últimas, parte V - mensagem de Ano Novo

"Fazer as mesmas coisas, conduz aos mesmos resultados"


como dizia o DD,



"Façam o favor de ser felizes"

As ultimas, parte IV - gostar


Pois é M...
continuo a gostar de quem gosto,
porque gosto,
porque gostar não se define
e não tem explicação.

As últimas, parte III - o estiramento de Sócrates

Sócrates estirou um ligamento de joelho a fazer ski com os filhos.

Rais parta!!!! Isso é que é dar confiança aos portugueses?

Líder que é líder parte-se todo e escapa com vida depois de 3 dias de buscas com S. Bernardos...até um grupo de escuteiros sofreu mais, há uns dias, na Serra de Estrela.

As últimas, parte II- Lisboa-Dakar

Sim abelha! É bom para Portugal!

Sim melga! É bom para o turismo!

Sim mosca! É estrategicamente importate para a indústria automóvel portuguesa!

Sim Maya! É importante para o orgulho dos tugas!


Mas muito sinceramente....

já não há saco (especialmente para quem como eu vive para aquees lados) para aturar os PSP-BTS a mandarem "circular" quando está tudo engarrafado...

já não há saco para ver mecânicos com casacos de cores que não lembram a ninguém, a tratar com os pés o pessoal de cafés e restaurantes e a olharem toda a gente de alto como se tivessem saído do Stargate...

já não há saco para o facto de , repentinamente, toda a gente andar a dizer que "estive com o Carlos Sousa no outro dia..."

não há pachorra para a quantidade de obscuros políticos e afins que querem assinar a bandeira portuguesa que vai no carro do Sousa

As últimas, parte I- reestruturações na função pública

As comissões ministeriais estão formadas. Comissões conjuntas com membros de cada ministério e do ministério das Finanças.

Têm ordens precisas para reestruturar serviços e funções. Têm que apresentar resultados até Março, para que em Junho esteja pronto todo o enquadramento legislativo, nomeadamente as leis orgânicas e demais decretos regulamentares, afim de serem contemplados no próximo orçamento.

Os primeiros cálculos apontam para reduções de pessoal de 30 a 40%. Números que vão engrossar os disponíveis. Calculando por alto, estamos a falar de cerca de 240.000 funcionários.
Os membros destas comissões, e que fazem parte de cada ministério, andam de cabeça em água. Para além da escassez de tempo, começam a gerar-se ódios, rancores e ameaças. É a doer.

A única coisa que peço é que tenham de facto coragem.

29 dezembro 2005

Bom ano para todos

Acabei de meter três dias de folga para entrar descansadinho no ano que vem.
Aproveito para desejar a todos - muito, muito, aos meus amigos - um ano novo feliz.

(Que o que fica de bom de 2005 se prolongue; que o pior fique para trás; que as mágoas seja menos e as amizades mais; que a vida nos traga bons momentos para contarmos aos nossos netos - daqueles que ficarão para sempre.)

Um amigo meu, que infelizmente já não está conosco, dizia-me sempre isto antes de ir embora, ou mesmo antes de desligar o telefone: "Faz-me o favor de seres feliz, tá bem meu amigo?". Era um desejo - simples, sincero, que vinha lá do fundo. Hoje, partilho o novo ano com o mesmo pedido: "Façam-me o favor de serem felizes". Porque gosto muito de vocês.


P.S. Um dos meus companheiros para a passagem de ano anda com uma conversa engraçada. Diz todos os dias que vai ser péssimo, muito chato, para baixar as expectativas. Diz isso com inteligência de quem prefere ser prudente na vida; e diz também com a sensibilidade de quem confia no valor da amizade. Agora digam lá que não é bom ter amigos destes? Bom ano!

O próximo primeiro-ministro britânico

Este homem vai ser o próximo PM britânico. Chama-se David Cameron. Eu sei que não é novidade. Já o J.P.Coutinho no Expresso o tinha dito.

Há uns anos atrás dediquei-me a analisar as razões das vitórias de Blair e cheguei à conclusão que Blair ganhou porque entrou primorosamente no território político dos Tories não renegando o enquadramento Labour.

Cameron está a fazer exactamente o mesmo. Vejam aqui.

"Is payback day"!!!

Bom Ano, parte III e última- aos amigos e ao amor


Estejam eles no Principe Real, em Timor, no Porto, em Madrid, em Oeiras, em Campo de Ourique, ao pé do Estádio da Lagartagem, na Catedral, em Carnaxide, Av. Roma, Cascais, Estoril, Amesterdão, Berlim, Marquês.

Que em 2006 nunca nos faltem os amigos e o amor.


Revisto
P.S.: by the way o quadro é do Klimt e chama-se, apropriadamente, "Love"

Bom ano, parte II - dedicado aos pais


Dedicado a todos os pais de menores de 8 anos (entre os 8 e os 2).

Que 2006 vos dê a santidade e a paciência para continuarem a limpar as paredes de Nutela, tirarem os carrinhos de dentro do leitor de CDs, calmamente explicarem que os animais de verdade são diferentes dos de peluche e que por isso é natural que se assanhem quando as crianças lhes dão pontapés.

Que 2006 vos mantenha a energia para responderem às questões mais embaraçosas que são colocadas desde que Deus criou o mundo, bem como para continuarem a jogar Rugby com eles em dias de chuva nos jardins de Belém, ou mesmo responderem com amor pela 100.993 vez às acusações de "mau" que os vossos filhos vos dirão sempre que lhes disserem para sairem de cima do televisor.

Que 2006 vos continue a dar o mesmo sorriso de sempre, mesmo que os tenham convosco só ao fim-de-semana.

Bom Ano, parte I - dedicado aos que fazem piscinas


Bom Ano de 2006 a todos aqueles que andaram e andam a fazer piscinas, com ou sem fato isotérmico.

Que o próximo ano vos traga uma posição profissional em terra seca....como eu vos compreendo!!!!

Revisto
P.S. a pedido de alguns leitores, descodifica-se: fazer piscinas é uma medida de esforço. O esforço humano dispendido em obter algo que é extraordinariamente importante para o nosso bem estar e para a nossa sobrevivência. A energia mede-se em W (watts). A pressão em B (bares). O esforço humano em FP (fazer piscinas, para lá e para cá, para lá e para cá...até obtermos ou não aquilo que é vital))

O melhor cartão de Boas Festas recebido

Não sou de elogiar mas não resisto a revelar aquele que considero o mais bem conseguido cartão de B.F. das dezenas que recebi este ano. Pois, é o da Strat Design. Provavelmente uma das melhores empresas de design deste país. Obrigado muito especial àqueles que assinaram o dito.

"Bós estais aqui!!!!" (visualização: o autor destes escritos está neste momento a bater no peito de punho cerrado em sinal de comoção sentimental)

Final de Ano

Comunica-se aos fiéis insubmissos, amigos, conjuges e adjacentes que acabaram de ser adquiridas várias dezenas de garrafas de J.P.R. Trincadeira e de Vinha da Tapada- Herdade de Coelheiros.

Por essa razão... porque sempre ambicionei dizer isto...é motivo para dizer "the bird is in the cage. Roger. Over & Out"

Acidentes na estrada

Ontem fui jantar ali para os lados de Campo de Ourique.

Pediu-se a carta de vinhos. Primeira página... página, pensei eu, por certo oferecida à PRP.

Nela estava escrito:

"De acordo com as estatísticas cerca de 23% dos acidentes de trânsito são provocados por consumo excessivo de alcool. Donde se conclui que cerca de 77% são provocados por quem bebe água...perigosos estes gajos. Tenham cuidado quando se cruzarem com eles"

Sem mais comentários.

A melhor sms de final de ano

Recebi a seguinte mensagem de votos para o novo ano, de um distinto presidente de câmara do nosso país.

"Que o novo ano te traga tudo aquilo que o Sócrates te tirou"

Para já, esta é a melhor que recebi este ano. Mas aceitam-se outras sugestões.

28 dezembro 2005

Coincidência, com certeza

O ministro das Finanças anunciou aumentos de 1,5% para a função pública. Isto com um atraso significativo - as negociações já deviam ter sido concluídas há semanas, segundo a indicação da lei.
Com este atraso, a decisão do Governo aparece a quatro dias do fim do ano e... a pouco mais de três semanas das eleições presidenciais.
Não fosse isto uma coincidência, eu perguntar-me-ia se o primeiro-ministro quer mesmo, mesmo muito, que Cavaco Silva seja eleito Presidente da República.

P.S. Vejo agora que o dr.Mário Soares já reagiu ao anúncio. Assim (via Portugal Diário):

"Questionado sobre o anúncio do ministro das Finanças de que só será possível aumentar os salários da função pública em 1,5% tendo em conta a situação das finanças públicas, Mário Soares escusou-se a comentar, considerando que se trata de «uma questão de política do Governo pura». «Mas não é possível fazer uma omeleta sem ovos», acrescentou, manifestando, contudo, compreensão pelos protestos dos sindicatos. «É um valor mais baixo do que esperavam. Compreendo que protestem», disse.

Esclarecidos?

Alma
















Sem folhas e com neve

A discrição

Ontem, Cavaco Silva foi criticado por ter deixado uma sugestão ao Governo - nem importa qual. Foi o único momento de três meses de campanha em que os candidatos de esquerda se uniram, foi também o único momento em que o PS atirou contra Cavaco.

Quem não se ouviu a dizer uma só palavra foi o Governo. Só Manuel Pinho diz qualquer coisa (no DE) do tipo "mas isso é o que eu estou a fazer". Pois. A discrição do Governo na campanha presidencial parece-me sintomática. Não há nada mais sugestivo do que o silêncio.


P.S. O F.T. disse tudo o resto, aqui. Subscrevo cada linha, meu caro - não vem mal ao mundo e não deve hesitar um segundo. Over and out.

27 dezembro 2005

Parafrasear a bomba inteligente














"eu hoje acordei assim"

Dica da semana a dar com o suposto horóscopo

Instale-se.

Inicie com "The melody at night with you" de Keith Jarrett, siga por Craig Armstrong em "As If to nothing", passe por "Cruising Attitude" dos Dimitri from Paris e termine-se a ouvir "Problema de expressão" dos Clã (desde que o CD tenha sido oferecido pela mulher da sua vida)

Previsões políticas do Prof Dualem para 2006

O insubmisso pediu ao Prof. Dualem previsões políticas para o próximo ano. Devido ao orçamento reduzido que "a nossa redacção" dispunha para tal feito, afirmámos junto do secretário do Prof. que só queríamos 3 previsões e que queríamos ter direito de veto sobre as 5 primeiras sugestões caso elas oferecessem dúvidas.

Depois de passadas pelo crivo de elevada sensibilidade esotérica da nossa equipa, eis que apresentamos AS previsões:
- Paulo Portas irá lançar um novo jornal que servirá de alavanca para o seu novo projecto partidário de aglutinação do espaço de centro-direita
- Francisco Louçã irá cair em desgraça depois das eleições presidenciais quando um semanário revelar que o Prof. Louçã utilizou contas nas Bahamas para financiamento das despesas não elegíveis da sua candidatura
- O novo Presidente convocará eleições legislativas antecipadas numa demonstração do seu propalado sentido de concertação estratégica

O Prof Dualem tem "oficina" aberta no Poço dos Negros

Depois das presentes de Natal, está na hora das previsões astrológicas para 2006

A altura que vai de dia 26 a 31 de Dezembro é sempre recheada de providenciais adivinhações. Dezenas de escandâlos, barracas, acidentes e resmas de entropias, aguardam um ano inteirinho para nos entrar em casa nesta altura através dos mais distintos tablóides do nosso país.

Quanto mais estranha fôr a voz do oráculo maior será admiração do transeunte.

Lembro-me, vagamente, que em 2005, Durão Barroso deveria ter morrido 2 vezes e que o Sporting deveria envergar por estes tempos a faixa de campeão.

Tal como as sondagens eleitorais, as previsões valem o que valem. Se bem repararmos, as previsões astrológicas são também elas sondagens, e se confirmarmos em detalhe , ainda acabaremos por concluir que há, com efeito, astrólogos que erram menos do que algumas empresas de sondagens.

Aguardo com expectativa o que os magos nos virão dizer sobre o próximo ano. Quanto a mim, ao executar as minhas pesquisas no Google, para saber se já havia dados astrológicos para o próximo ano da humanidade, fui surpreeendido com o seguinte retrato pra o dia de hoje de "moi même":

Today may seem depressing and restrictive. You may want to break out of your rut but find that you cannot, because some barrier is holding you back from going out and being yourself. Other people may seem to get in your way and interfere with what you are doing. Physically and psychologically, your energies are low at this time. You may feel that the weight of the world is too heavy, but you don't expect help because you have not asked for it. However, you have probably made that choice yourself. You reinforce the very circumstances that make you feel lonely and isolated. What you must do is break out of this vicious circle and take a good look at the world and the people around you. Even though you are having some problems with them today, the situation will improve rapidly.

Como eu dizia, as leituras astrológicas são como as sondagens eleitorais, ora se está Alegre ou se está num Cavaco. A margem de erro é sempre à vontade do freguês.

26 dezembro 2005

A cunha


... leiam a edição da Newsweek deste final de ano. O conselho é ainda mais específico: leiam a reportagem sobre o "blockbuster" de 2006, a adaptação do Código Da Vinci.

E qual é a piada, perguntam vocês.

A piada é a entrada de Jacques Chirac, presidente francês, na preparação do filme. Conta o realizador, em on, que foi chamado por Chirac quando estava em Paris, a preparar as filmagens. Que o dito lhe ofereceu ajuda para tudo ("se tiverem um problema no Louvre avisem") e que acabou por lhes "sugerir" o nome da melhor amiga da sua filha para o papel principal. Boa?

A prenda

Não foi o Pai Natal, mas a minha mãe. Deu-me um livro (o único deste ano), com um amor imenso, com uma tristeza imensa de não ser um carro lindo, uma casa com vista para o mar, uma viagem pelo mundo. Não me deu isso, mas deu-me uma mão-cheia de felicidade. Duas, aliás: a primeira pelo sorriso e pelo amor; a segunda pelo livro - ela não sabe, mas não há prenda que me encha mais. Este chama-se as "Intermitências da Morte". Tá bem, é do Saramago. Mas o Homem escreve bem, lá isso escreve.

Paradiso


Todos os natais é assim: cansaço, falta de paciência, desânimo... até ao dia 24. Depois é uma festa. Descobrimos que a família está cada vez maior, que as prendas são recebidas com o entusiasmo de há dez anos (mesmo que sejam lá da loja dos chineses), que o bacalhau - amigo do peito - nunca desilude.

Mas ontem o Pai Natal resolveu dar-me mais uma prendinha: fez passar na Dois o Cinema Paraíso, que eu (tonto) nunca tinha visto. E foi um vale de lágrimas. Sinceramente, há muito tempo que não me lembro de um filme tão bonito, tão sentido, tão doce. O paraíso chegou a minha casa. Foi ontem, até à meia-noite.

23 dezembro 2005

A Christmas Carol

Semanas de ansiedade, um presépio que já era família há anos, luzes, muitas luzes de cores que insistiam em se fundir ao fim de poucas horas, como todas as luzes de cores de todos os Natais, velas em cima de velas donde escorriam troncos de cera, mesa posta a preceito cheia de gargalhadas e risos e sorrisos, gente que entrava e saía, por uma porta entrava um cabrito e uns faisões que um cliente do pai insistia em trazer todos os anos na véspera de Natal.

Ontem descobri na arrecadação uma garrafa de James Martin de 20 anos que ofereceram ao pai há pelo menos outros 25, ao lado de outras, também elas esquecidas. Tenho saudades dele. Dele e da Inês. É verdade DD, há alturas em que o Natal é só meio Natal. Outras há em que no Natal temos a esperança de o voltar a ter em breve(aii). E entre estas saudades e a esperança, se celebra uma mensagem.
Bom Natal para todos.

Feliz Natal!



Confesso que o meu Natal já teve melhores dias. A casa da família já esteve mais cheia, mais animada; há pessoas que foram embora e que me fazem falta

(há mesmo pessoas ainda me fazem rir, que me fazem até chorar, mesmo já não estando por cá)

e a confusão dos dias, das prendas que têm que se comprar, começa a deixar-me sem a paciência que devia. Também já não tenho a excitação da meia-noite, pois não. Mas sei que tudo isto é temporário: o Natal é sempre melhor quando somos crianças ou quando temos crianças. Lá pelo meio, aqui pelo meio, é sempre meio Natal.

Mas a época não é para amarguras, isso não. Por isso, o melhor é mesmo começar a ouvir umas músicas de Natal

("Do you know it's christmas time?" está a passar agora na redacção)

lembrar a família que cá está e que nos faz tanta falta, dar as mãos, curtir as prendas como se fossemos crianças, passar à próxima casa e recomeçar, com o mesmo sorriso, com o Natal cá dentro.

Espero, desejo, que os meus amigos - os meus muitos amigos de quem tanto gosto - tenham um Natal feliz, com os seus, com os sorrisos que merecem.

22 dezembro 2005

Que tenham muitos meninos e sejam felizes para sempre! É o que se deseja nestas ocasiões, não é?

Ribeiro e Castro

Admiro a coragem de Ribeiro e Castro. Avançou para o Benfica de forma destemida. Enfrentou de peito feito a ópera bufa em que se tinha tornado a sucessão de Portas à frente do CDS-PP. Tem um registo ideológico inspirado na democracia-cristã que é interessante, embora se tenha esquecido de actualizar o mesmo com as "entradas de informação e reflexão" provocando, de quando em vez, uns anacronismos incompreensíveis.

Mas esta de vir identificar a raíz do terrorismo com a esquerda (ver público de hoje, p.8) é um bocadinho "over the limit". Se é certo que grupos há que utilizando o terrorismo se reclamam de esquerda, o mesmo se passa, e passou ao longo da história, com grupos de direita. O problema não está na artifical separação entre direita e esquerda, mas na matriz moral que enforma as ideologias políticas. Afinal de contas Rousseau inspirou em igual medida, autores que hoje se contabilizam como referências políticas da direita como outros de esquerda.

Terei pena se tiver que vir afirmar dentro de algum tempo que Ribeiro e Castro não deveria ter ganho as eleições no CDS-PP.

Dos agradecimentos e outros cumprimentos

A hfm lê-nos e faz-se ler. Tem um blog que se chama http://linhadecabotagem.blogspot.com/ e lá vem um poema do Mourão-Ferreira que como tantos do Mourão-Ferreira faz da tristeza, esperança

Natal, e não Dezembro(1962)

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...

Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...

Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.


Obrigado por nos lerem

21 dezembro 2005

Balanço de ano: algumas estatísticas

DAVID:

8950 visitas

+ de 15000 page views

uma média de 3 minutos por visita

picos brutais de tráfego entre as 11 e as 14 bem como entre as 21 e 1 da manha

excluindo os fins de semana, mais de de 250 p.v.d. e mais de 120 v.d.

e pensar que isto começou à volta de um café...
feito por 2 amigos
cuja única intenção era demonstrar ao mundo
que era bom SER livre e responsável.

Catarse

Parecia uma discussão mediada por um conselheiro matrimonial.

Durante anos abafados os traumas de uma conflituosa relação, saltaram todos, em mola, cá para fora. Tudo o que foi mantido no campo íntimo de Soares durante anos, saíu agora em erupção. Cavaco manteve a pose, resistiu como pôde a um Soares ferido que lutou como um afogado.

José Miguel Júdice, ontem na SIC-Notícias, dizia que Soares investiu tudo neste debate, que parecia que Soares estava a debater-se com todas as suas forças.

Como um moribundo condenado, acrescento eu. Embora considere que Soares não o é.

É um resistente, é um batalhador, é um maratonista.

E aí ninguém dá melhores cartas do que ele.

Daí a minha angústia ao ver Soares, a quem reconheço estas qualidades, numa estratégia de desespero, como se daqueles ataques dependesse a sua vida. Senti-me desconfortável ao ver alguém com o seu passado recorrer a todas as tropelias discursivas.

E pensei que algo não estava a bater certo:um homem que tanto deu à nossa democracia, ter de passar por esta prova.

Mas se calhar não há razões para este meu desconforto. Se calhar esta foi mesmo a prestação de um homem desesperado, de um homem que luta com as suas últimas forças para sair com dignidade de mais uma batalha política.

Noves fora Alegre II

Alerta-me o João Paulo Guerra, e muito bem, para a última sondagem publicada. Mostra esta que o número de indecisos aumenta de mês para mês (começou com 11%, está nos 21%, salvo erro). Deixo, portanto, a pergunta final: terá a estratégia de Soares captado algum deste eleitorado, permitindo 'obrigar' Cavaco a uma segunda volta?

Deixo duas hipóteses de resposta:

1. Sim, a estratégia de Soares ganhou entre os indecisos. Porquê? Porque a luta presidencial é muito centrada em perfis e os portugueses, aí, preferem o "animal político", o homem simpático, o moderador.

2. Não, a estratégia de Soares não resultou. O nível de descontentamento face ao Governo (ou de desconfiança face ao seu comportamento) leva os indecisos a preferir um Presidente atento, mais exigente, mais focado, a apontar mais para o futuro.


Resta um mês de campanha para esclarecer.

As gaffes II

"Aqui o Dr. So...o Dr. Cavaco..."

Mário Soares

As gaffes, I

"se eu fôr eleito primeiro-ministro"

Mário Soares

Le baiser de l'hotel de ville

She
May be the face I can't forget
A trace of pleasure or regret
May be my treasure or the price I have to pay

She may be the song that summer sings
May be the chill that autumn brings
May be a hundred different things
Within the measure of a day.

She
May be the beauty or the beast
May be the famine or the feast
May turn each day into a heaven or a hell
She may be the mirror of my dreams
A smile reflected in a stream
She may not be what she may seem
Inside her shell

She
Who always seems so happy in a crowd
Whose eyes can be so private and so proud
No one's allowed to see them when they cry
She may be the love that cannot hope to last
May come to me from shadows of the past
That I'll remember till the day I die

She
May be the reason I survive
The why and wherefore I'm alive
The one I'll care for through the rough and ready years
Me I'll take her laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be
The meaning of my life is
She, she, she

Elvis Costello

Deve ser do Natal

Não é que hoje dei por mim a pensar que gosto de ler a f.?
Pior, que o Público, lentamente, vai recuperando alguma qualidade e bom-senso?

Isto do Natal faz mal às pessoas. Só pode.

Noves fora Alegre

Ponto prévio: Cavaco foi mais eficaz no debate de ontem.

Esclarecido isto, Mário Soares fez exactamente o que tinha de fazer: apostar tudo na recuperação do eleitorado socialista - que odeia Cavaco e votará em quem mais violento for contra o ex-PM. Soares, assim sendo, deixou Manuel Alegre a milhas, o que constitui um enorme alívio para José Sócrates. Ponto ganho.

O que me parece óbvio é que Cavaco, com esta estratégia de Soares, não perdeu um único voto. Sendo uma personalidade de amor-ódio, quem está disposto a votar no professor fica incomodado com tanta irritação, com tanta provocação, com tantos desafios (e até má educação). Se é verdade que Cavaco estava já com mais de 50% das intenções de voto ontem, seguramente a vitória à primeira volta ficou mais perto. Para o professor, isso chega. E para isso chegou a atitude de Soares - nem era preciso responder nada.

A frase certa...

... no momento certo:
"Eu não quero ser deselegante, mas agora vou ter que me conter".

Se há momentos em que a prudência é aconselhável, Cavaco provou que os sabe medir. Foi a chave do debate de ontem. Porque o grau de civilidade é uma das qualidades mais importantes da sociedade contemporânea - mais ainda quando se trata de um candidato a chefe de Estado.

20 dezembro 2005

A manchete do Público

"Soares tentou encostar Cavaco,
mas Alegre ganhou o debate".

Vai uma aposta?


P.S. Não é que, vistos os jornais, a interpretação é unânime?! Coisa rara no jornalismo de hoje e bom sintoma para o futuro. Eu, que nos últimos tempos ando sempre a chatear o meu jornal preferido, daqui lanço um forte abraço a quem o faz: benvindos ao bom-senso.

Crispação

Depois deste debate há razões para perguntar quem é afinal um homem crispado!!??

Coerências!!

"Eu nunca dissolvi a Assembleia!" afirma peremptório Mário Soares e continua " a única vez que dissolvi a Assembleia..."

Um primor este homem, fino, de bom trato, bem com a vida!

Isto é o que se chama "remar contra a maré"

A malta chateia-se, diz que é tudo uma seca, que não há renovação nem ideias novas. Diz até que esta coisas das presidenciais devia deixar de ser uma eleição directa, porque já ninguém tem paciência. Enfim, dizemos isso com a convicção do sentimento do dia.

Mas lá que é um privilégio ver um Soares/Cavaco, frente a frente, a discutir o passado, presente e futuro, lá isso é. Se querem que vos diga, volto ao que disse há cinco meses: estes candidatos são um luxo. Isso é que são.

19 dezembro 2005

Final do Advento

Este é um tempo de paz e de amizade, em que se desejam coisas boas e se querem ouvir as melhores coisas do mundo. Por esta razão hoje nao irei fazer qualquer comentario sobre as presidenciais.

16 dezembro 2005

Magia

O Francisco - que escreve como eu sonhava escrever - deixou-nos um post delicioso sobre tvs dentro de tvs, livros dentro de livros. Diria mesmo vidas dentro de vidas. Eu, num curto intervalo de vida, enquanto aguardo por umas horas para estudar, li e reli o post.

(eu nunca devia ter parado de estudar, essa é que é a verdade)

Lembrei-me agora mesmo de uma daquelas imagens que, de quando em quando, me assustam. Assustam-me pela memória de uma adolescência curta, mas também porque aquela imagem, esta imagem, regressa à minha vida, sempre sem avisar.

Estava num daqueles episódios velhinhos do Twilight Zone, daqueles que se viam lá em casa, à hora de jantar. E mostrava um homem que se metia num comboio em direcção a sabe-se lá que destino.

(a ideia era essa mesmo, o destino imprevisível, incerto, que não se sabe nem importa - realmente não importa - para o que a história quer dizer).

Acontece que o homem, quando saía do comboio no tal destino, estava exactamemnte onde começou. E não, a linha não era redonda. Ele voltava simplesmente ao mesmo local, à mesma hora da saída. E isto aconteceu uma vez, duas vezes, três vezes. Em todos os regressos ao ponto zero, a única diferença é que o comboio, o seu comboio mistério com destino mistério, tinha cada vez menos viajantes. Na última viagem - não na última, apenas na última que nós vimos - ele, o homem do pensamento recorrente, está só. Rodeado por ninguém, apenas pelo medo e pela sua própria solidão.

O episódio acaba com um zoom out. Daqueles rápidos, só para nos dar uma imagem. E a imagem é a de um ser enorme, poderoso, lá bem no alto com o mundo aos seus pés, a movimentar um comboio por uma linha, até que o volta a colocar no ponto de partida, exactamente naquele ponto. Dentro dele só se vê uma sombra de qualquer coisa, meio perdida, atrás do seu destino (físico, não físico). Atrás de um sentido para qualquer coisa.
Quanto ao ser lá do alto, pode ser o que quisermos. Um Deus, um extraterrestre, simplesmente alguém que nos mexe no destino. Pelo menos é que me parece hoje, a esta hora.

Tudo isto porque tenho que voltar ao estudo. Foi um momento oportuno para dizer ao Francisco que gosto muito de o ler. Um abraço

Alma Benfiquista

Benfiquista que é benfiquista, vai à Catedral ver a bola, come uma sandes de corato e bebe uma mine. Se o Glorioso perde, bate na mulher, porque sim. Se o Benfica ganha bate na mulher para comemorar. Se o Benfica não joga bate na mulher na mesma porque ela lá sabe a razão.

Benfiquista que é benfiquista, segue o sorteio da UEFA em directo, às 11 da manhã. "Follow the link" => AQUI

E continuamos a bincar à educação!!

Ministério decide manter obrigatoriedade do exame nacional de Português do 12º ano

título Público, 16-12-05

É impressão nossa, ou os Senhores do Ministério da Educação, de tão inconstantes, estão precisamente a cometer os mesmos erros dos seus antecessores?

Para a História dos Debates Presidenciais

"É claro que se o Dr. Cavaco Silva for eleito presidente eu não dormirei descansado!" , afirma Soares convicto da firmeza da sua posição
"Se há alguém que durma descansado em qualquer situação é mesmo o Dr. Mário Soares!", comenta Manuel Alegre.

Simplesmente, lindo!!

15 dezembro 2005

Sobre a sempre imprescindível utilidade pública de um Governo que acaba por não servir para nada

"
Despacho n.º 25 798/2005 (2.ª série). - A Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense pretende deslocar-se a Praga, República Checa, entre os dias 24 e 27 de Novembro de 2005, para participar no 15.º Festival Internacional de Música do Advento e do Natal, tendo vindo solicitar que os funcionários públicos que a integram possam ser considerados em efectividade de serviço durante o período da deslocação.
Atendendo ao inegável interesse cultural associado a este evento, entende o Governo adoptar as providências adequadas a permitir que os elementos do mencionado grupo que sejam funcionários ou agentes do Estado beneficiem de regime idêntico ao concedido aos membros de outros grupos culturais.
Assim, nos termos do disposto no n.º 4 do artigo 5.º da Lei Orgânica do XVII Governo Constitucional, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 79/2005, de 15 de Abril, e ao abrigo da competência que me foi subdelegada pela alínea b) do n.º 4 do despacho n.º 14 405/2005 (2.ª série), do Ministro da Presidência, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 124, de 30 de Junho de 2005, determino que os responsáveis dos serviços públicos de que dependem os referidos membros da Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense considerem os mesmos em exercício efectivo de funções durante o período da deslocação.
24 de Novembro de 2005. - O Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Jorge Lacão Costa.
"

Who had a dream

O Público escreve hoje que "Mário Soares tentou diminuir Alegre, mas não conseguiu". Agora imaginem o meu espanto, quando eu próprio pensava ter visto o debate de ontem. Afinal sonhei.

Sonhei que Manuel Alegre tinha passado o debate à defesa.
Sonhei que Alegre tinha passado toda a segunda parte a dizer banalidades e que, sempre que confrontado com a necessidade de ser específico nada conseguia concretizar.
Sonhei que quando concretizou, Alegre disse que dissolveria o Parlamento por causa da privatização das águas.
Sonhei que Alegre foi confrontado directamente por Soares duas vezes e que por duas vezes acabou a dizer "pois" (a votação no programa de Governo e na necessidade de combater Cavaco Silva).
Até sonhei, imaginem, que Mário Soares tinha sido eficaz ao explicar os reais poderes de um presidente e ao desafiar Alegre a dizer o que faria.

Claro que, depois, acordei ao ler o Público. E não é Alegre, este mundo aos olhos do Público?


P.S. Isto de andar a concordar muitas vezes com o FTA já me começa a preocupar.

P.S2. Dito isto, acho que com o número infindável de acusações mútuas registado ontem, a cotação de Cavaco Silva subiu mais do que a de Mário Soares.

14 dezembro 2005

É hora de ter uma vida nova, hora de avançar e agarrar o futuro que está...aqui

NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer –
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ância distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Fernando Pessoa

Aqui vai uma ajuda imagética para a posta anterior











Para as dificuldades de identificação do fiel leitor...Alegre é o que está a declamar.

O duelo

Com tudo o que já disseram um do outro ("se calhar por ser poeta, é um bocado egocêntrico para meu gosto", disse Soares na Homem Magazine), o debate de hoje na TVI promete ser o primeiro a doer. Para mais, com a sorte de ser moderado pelos melhores "to date".

Como bem notou o FTA, até aqui Cavaco não perdeu votos. Hoje, arrisca-se a ganhar uns tantos.

13 dezembro 2005

Os ciclos de Soares














Soares lança "novo ciclo"

Deve ser um ciclo vicioso...porque nos cá não vimos nada

As iluminações de Natal da CDU


Subindo a Calçada da Ajuda encontramos as iluminações mais curiosas da quadra.

De forma bastante movimentada, as iluminações mostram duas crianças a lutar por um brinquedo, não parando de puxar cada uma para seu lado uma pobre boneca que, a qualquer momento, parece quebrar-se na mão das pequenas.

Insurgi-me e telefonei para a Junta de Freguesia em questão!!

A resposta saiu rápida..."estava à espera de quê, santinhos e anjinhos!"

Fui investigar...a Junta de Freguesia é da CDU.

Enfim depois acusem-me de ser tendencioso e continuar a acreditar que o Natal é a altura do ano em que se celebra um certo nascimento e que por isso é de paz, amor e de concórdia, e não simplesmente consumismo vermelho (do Pai Natal claro!)

Filosofia da Tampa, II

Num acrescento aos conteúdos primeiros da nova disciplina filosófica surgida neste blog, e acentuando a análise estruturalista iniciada, somos levados a concordar que os elementos fundamentais não se esgotam nos enunciados interlocutores e relacionamento subjacente aos mesmos. Por esse motivo, de hoje em diante a temática deverá ser considerada tendo em consideração os segintes elementos:
1- interlocutores
2- relacionamento
3- assunto motivador e provocador da tampa
4- contexto situacional de decisão daquele que dá a tampa
5- contexto situacional daquele que recebe a dita

Soares em campanha

O Dr. Mário Soares apareceu hoje nos noticiários com uma descuidada seborreia assente no sobretudo.

Uma maldosa "alegrista" confidenciava-me que não era seborreia, antes as ideias de Soares que, de tão velhinhas (e por isso brancas) e antiquadas, já estavam a cair.

Ainda dizem que a contra-informação não anda à solta.

12 dezembro 2005

Almoços aprazados

Fica registado neste dia 12 de Dezembro da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2005 que formalmente o FTA do Mautempo no Canil se comprometeu a partilhar connosco as glórias gastronómicas de D. Graça Lucena.

Soares e os incidentes de campanha

O antigo combatente disse "vigarista". Ao que Soares respondeu "atrasado mental". Isto de acordo com o DN de hoje.

Ou muito me engano ou temos aqui uma zanga de amor.

P.S.: Os produtores de Hollywood já descobriram qual o segredo para o sucesso das sequelas I,II, III dos seus filmes: manter a estrutura narrativa mas modificar as fórmulas de acção. Será que a Joana Amaral Dias não consegue fazer o mesmo??? Está mal: agredir o Soares já teve sucesso noutras campanhas, logo não deveria ser usado novamente.

FILOSOFIA DA TAMPA



Numa sociedade pseudo-machista como a portuguesa a tampa é a vingança suprema de quem detém verdadeiramente o poder nas relações. Um amigo nosso, muito desesperado, pediu-nos ajuda. E este post é o veículo dessa ajuda.

Para simplificar consideremos “tampa” como o facto de se ser mal sucedido num pedido; por filosofia considere-se a ciência geral que explora os princípios e as causas.

Daí que “filosofia da tampa” é a área disciplinar da filosofia que procura encontrar os principios e as causas das “tampas”.

Atendendo a que a “tampa” envolve sempre dois interlocutores, um emissor de um pedido e outro que o recusa, bem como um relacionamento que os une, uma análise estruturalista da questão conduz-nos, irremediavelmente, à conclusão que a causa da “tampa” está associada a um dos pontos desta tríade.

Porque muitos foram afectados em tempo passado, ou mesmo presente, por tal triste realidade, e devido ao interesse científico que este tão perturbante fenómeno nos desperta, solicitamos a todos o que já tenham passado por este fenómeno que partilhem em espaço de comment aquilo que foi sentido, quer do lado de quem recebe como daquele que dá.

A seu tempo editaremos neste blog o “digest” das mais produtivas contribuições. Há corações desesperados que anseiam por ajuda para resolver, já não as causas, mas os efeitos de “TAMPAS”. Antecipadamente agradecidos.

Não nos deixam ir ao Mundial...

...esta é a mensagem que encontramos quando entramos no site do campeonato do mundo, na pasta dos "ingresos"


"Está página estará disponível em breve
Por favor, cheque novamente em alguns dias."


Lá se vai o mito da eficiência alemã. Por esta altura, já os bilhetes deveriam ter sido todos vendidos e deveriam estar a ser expedidos para todo o mundo. Isto cheira-me a influência do SPD...

Tarefa do dia


Reservar bilhetes para o mundial de futebol, rumo a Berlim.

O que é que Mário Soares tem...

... para ter um incidente em cada campanha eleitoral? Respostas possíveis, na caixa de comentários.

O amor quando se revela

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa (1928)

10 dezembro 2005

Já agora...

...quanto ao debate propriamente dito: Francisco Louçã preparou-se bem, encostou Cavaco Silva à justificação do passado. Teve aí a sua vitória pessoal.

Já o ex-primeiro-ministro, pareceu-me pouco à-vontade face às provocações de Louçã. E só me pareceu bem quando começou a responder à letra. Teve um lapso (não conhecer o último relatório sobre sustentabilidade da Segurança Social), foi apanhado em falso (Louçã esteve bem quando lhe anotou que 'isso de sugerir alterações legislativas só serve à primeira - depois de a proposta ser recusada não poderá ser repetida'). E também não esteve bem na resposta sobre a Casa Pia.

Ok. Dito isto, estamos a falar de pormenores - que fique bem claro. No que realmente interessa, Cavaco Silva mostrou que é um candidato com objectivos, com estratégia e com mensagem (aguardando-se pelo debate a sério, com Mário Soares, para saber se é o único). Quanto a Louçã, insiste em achar-se dono da verdade absoluta, persiste naquela coisa dos "olhos nos olhos". A sua suposta superioridade moral pode ser uma boa estratégia para conquistar votos à esquerda, mas não tira um único voto a Cavaco Silva. E claro, nunca lhe dará uma vitória.

TVI 2 - outros 0

Boa parte do sucesso do debate de ontem, a meu ver, deve-se a duas pessoas: Constança Cunha e Sá (outra vez, depois das excelentes entrevistas) e Miguel Sousa Tavares. Eu, que ando há anos a evitar o Sul, tou quase quase a pegar nele. Que o Miguel seja bem regressado à sua casa - o jornalismo. Porque destes não há muitos.

O modelo não pode servir de desculpa

Só para tornar claro que o modelo dos debates presidenciais pode ser bom, ontem, na TVI, Francisco Louçã e Cavaco Silva discutiram política no passado, presente e futuro. Era bom que o dr. Soares e o deputado Alegre o tivessem visto - caso o sono não tenha chegado mais cedo.

09 dezembro 2005

O mundial começa mal

Esta de nos sair Angola no sorteio para o mundial não é nada simpático. Nós aqui a torcer pelos moços e vamos começar a querer que eles percam. O último Portugal-Angola, para mais, é de má memória. Levámos tanta pancada (no velhinho José Alvalade, antes do mundial de há quatro anos) que só me lembro do número de lesionados e de expulsos. Do resultado não há memória.

Quanto ao resto, receio que Irão e México nos tragam ilusões de facilidades. O que se espera do senhor Scolari é que meta na cabeça dos tugas que não há jogos ganhos. E, já agora, que faça por Portugal o que já fez pelo Brasil: que a Copa volte a falar português.

Resolve o tanas!

Se o Liedson resolvesse mas era ir para casa - seja lá onde for - é que fazia um favor a Alvalade. Há dias difíceis, ó Francisco!

Crucifixos, parte III, dúvidas sobre a laicidade do Estado

Se estas intenções do governo socialista de retirar os símbolos religiosos do espaço público persistirem, o que é que o Ministro Mário Lino fará dos cruzamentos das estradas sob a alçada do IEP??

Definitivamente teremos de passá-las a desnivelamentos...mas então lá se vai o déficit! Ai meu Deus!

Crucifixos, parte II


By the way: se esta medida for para a frente e se alguém conhecer alguém na 5 de Outubro digam-lhe que eu estou disponível para comprar todos os crucifixos.

Tratarei depois de os disponibilizar às comunidades educativas de todo o país e dos PALOP's que queiram continuar a usufruir da presença dos símbolos que fazem sentido no seu universo cultural e que são importantes para afirmação da sua dimensão espiritual.

Crucifixos



Tenho desde muito novo uma paixão por arte sacra. Em minha casa passeiam pelas paredes crucifixos de várias origens, registos com a mais variada onomástica. Numa cómoda antiga, mais ao fundo, misturam-se Santos António e Nª Senhoras da Conceição. Aqui e ali na parede encontram-se panos de sacrário e continuo a martirizar-me por não ter conseguido comprar umas portas de Baptistério que em tempos vi numa obscura loja de velharias no interior do país. A casa é minha. Sou Católico. Quem lá vai gosta, ou não, deste meu particular sentido estético. Confesso que me sinto confortável. Eu escolhi, eu decidi, eu decorei.

Tudo isto vem a propósito da problemática dos crucifixos nas escolas públicas e da alegada laicidade do Estado. Mas a questão que coloco é simples? As escolas que os nossos filhos frequentam são de quem? São do Estado ? Ou são da comunidade que decidiu em tempos passados criar uma instituição coordenadora dos recursos comuns a que se decidiu chamar Estado e que o alimenta com os seus impostos?

E se a decisão de imposição de exposição dos crucifixos a seu tempo tomada por Oliveira Salazar, aos olhos de alguns, possa ser considerada discutível, é igualmente discutível a decisão centralista e cega de os mandar retirar. Porque é que um orgão central decide tomar uma medida destas?

Dir-me-ão que é função do Estado zelar pelos interesses públicos? Mas quais são estes interesses públicos na questão vertente? Porque não são as comunidades educativas locais, constituídas por pais e encarregados de educação, a tomar essa decisão? Porque é que alguém sentado na 5 de Outubro, que não conhece a incidências particulares vividas em Mesão Frio ou Barrocão, tem legitimidade para mandar retirar um símbolo que pode ser importante para todos os membros dessa comunidade educativa?

A liberdade passa por aqui...pelo facto de pessoas livres decidirem livremente, e com legitimidade, sobre aquilo a que devem devotar as suas ideias, as suas atitudes e as suas acções., e não por alguém, ausente do campo de manifestação do campo de efeitos da decisão, decidir o que outros têm e não têm que fazer.

E as escolas de inspiração cristã continuam a formar os melhores alunos....continua assim Estado laico!!!

Cruzes canhoto

Que o Glória Fácil não se desloque ao Minho, nem tão pouco à Galiza. Aquilo tem cruzes por todo o lado: nas estradas, nas fachadas das casas, em caminhos, onde quiserem. Cruzes canhoto, é o verdadeiro purgatório dos defensores da constituição laica e republicana. E o pior é que aquilo não arde com as árvores. O melhor é começar a preparar um argumentário e ajudar o Estado a cumprir a lei. Vai uma manchete?

Benfica II

Ser grande é ser humilde nas vitórias e elegante nas derrotas. Vitórias e derrotas consideradas abolutamente e não nas pequenas batalhas, nestas deveremos ser competitivos e aguerridos. Tenho pena que o Porto não tenha passado. Tenha pena que o Sporting não acompanhe o Benfica na Europa. Confesso que o FCP não me faz qualquer tipo de cócega, mas abomino o primarismo militante de Pinto da Costa. Quanto ao Sporting, voltou a ter um presidente como deve ser, e simpatizo quer com o SCP como com as suas instituições.

Dito isto, que cai bem em qualquer prosa, gostaria de concluir dizendo:
GGGLLLLRRRRIIIIIOOOOSOOOO
SLB, SLB, SLB, SLB, SLB, SLB, GGGLLLLORRRRIIIIIOOOOOOOSOOO
SLB

Ninguém pára o Benfica, Ninguém pára o Benfica, Ninguém pára o Benfica UEO!!!!!!

08 dezembro 2005

Bom para os dois

O debate Soares/Jerónimo, para mim, foi quase um empate - mas daqueles empates que serviriam os dois candidatos. Porquê? Porque se marcaram diferenças, o que pode a única maneira de (ainda) mobilizar o eleitorado à esquerda.

Depois, quase empate porque houve pontos para os dois lados. Soares foi ele próprio quando lembrou o apoio do PCP à sua candidatura em 1986, "num congresso em oito dias". Já Jerónimo, cumpriu o seu principal objectivo ao encostar Soares às políticas do Governo.


Mas há um ponto a mais que vale para Soares: é que as teses "marxistas" de Jerónimo o fazem parecer um moderado à esquerda (que já não é). E isso reaproxima-o do centro, onde se podem ganhar eleições.

Já agora,
Ponto positivo: Cavaco foi ignorado.

Ponto polémico: Mário Soares queixou-se do modelo do debate. Jerónimo não. O debate, tal como está, não é perfeito. Mas a verdade é que as regras são iguais para todos. As críticas de Soares fazem-me lembrar o que se disse sobre o campo de futebol onde o F.C.Porto não conseguiu vencer, esta terça-feira. Era mau, sim senhor, mas era tão mau para uns como para outros. É tudo uma questão de adaptação ao terreno (e, já agora, de não usar o Diego num campo onde este não sabe jogar). Aconselhava Mário Soares, com a reverência merecida, a fazer o mesmo: escolha as armas certas e jogue no mesmo terreno que os adversários. É seguramente mais difícil, porque obriga a uma preparação mais cuidada, mas também pode ser mais civilizado (sim) e ainda assim igualmente esclarecedor (como hoje foi prova).

TV Belém

Soares e Jerónimo discutem as presidenciais na televisão. Ao contrário do que aconteceu entre Cavaco e Alegre, não há aqui "beijo na boca". É todo um mundo de diferenças. E é melhor assim.

O Benfica

Parece, caro FTA, que não fui o único sportinguista a torcer pelo Benfica. Gostei de ver, gostei de sofrer, gostei da festa. Foi bonito, bem bonito. Mais vos digo: tenho a esperança que este post se repita por mais quatro eliminatórias.

06 dezembro 2005

Une vie a t'attendre (aii)


















Estar enamorado

Estar enamorado, amigos, es encontrar
el nombre justo a la vida.
Es dar al fin con las palabras que para hacer
frente a la muerte se precisa.
Es recobrar la llave oculta que abre la cárcel
en que el alma está cautiva.
Es levantarse de la tierra con una fuerza que
reclama desde arriba.
Es respirar el ancho viento que por encima de
la carne respira.
Es contemplar, desde la cumbre de la persona,
la razón de las heridas.
Es advertir en unos ojos una mirada verdadera
que nos mira.
Es escuchar en una boca la propia voz
profundamente repetida.
Es sorprender en unas manos ese calor de la
perfecta compañía.
Es sospechar que, para siempre, la soledad
de nuestra sombra está vencida.


Estar enamorado amigos, es descubrir dónde
se juntan cuerpo y alma.
Es percibir en el desierto la cristalina voz de
un río que nos llama.
Es ver el mar desde la torre donde ha quedado
prisionera nuestra infancia.
Es apoyar los ojos tristes en un paisaje de
cigüeñas y campanas.
Es ocupar un territorio donde conviven los
perfumes y las armas.
Es dar la ley a cada rosa y al mismo tiempo
recibirla de su espada.
Es confundir el sentimiento con una hoguera
que del pecho se levanta.
Es gobernar la luz del fuego y al mismo tiempo
ser esclavo de la llama.
Es entender la pensativa conversación del
corazón y la distancia.
Es encontrar el derrotero que lleva al reino de
la música sin tasa.


Estar enamorado, amigos, es adueñarse de
las noches y los días.
Es olvidar entre los dedos emocionados la
cabeza distraída.
Es recordar a Garcilazo cuando se siente la
canción de una herrería.
Es ir leyendo lo que escriben en el espacio las
primeras golondrinas.
Es ver la estrella de la tarde por la ventana de
una casa campesina.
Es contemplar un tren que pasa por la montaña
con las luces encendidas.
Es comprender perfectamente que no hay
fronteras entre el sueño y la vigilia.
Es ignorar en qué consiste la diferencia entre
la pena y la alegría.
Es escuchar a medianoche la vagabunda
confesión de la llovizna.
Es divisar en las tinieblas del corazón una
pequeña lucecita.


Estar enamorado, amigos, es padecer espacio
y tiempo con dulzura.
Es despertarse una mañana con el secreto de
las flores y las frutas.
Es libertarse de sí mismo y estar unido con
las otras criaturas.
Es no saber si son ajenas o son propias las
lejanas amarguras.
Es remontar hasta la fuente las aguas turbias
del torrente de la angustia.
Es compartir la luz del mundo y al mismo
tiempo compartir su noche obscura.
Es asombrarse y alegrarse de que la luna
todavía sea luna.
Es comprobar en cuerpo y alma que la tarea
de ser hombre es menos dura.
Es empezar a decir siempre, y en adelante no
volver a decir nunca.
Y es, además, amigos míos, estar seguro de
tener las manos puras.


Francisco Luis Bernárdez

Barritas











Porque os códigos existem

Ditos Politicamente Correctos sobre o alegado debate de ontem

1-O debate esteve próximo da emoção sentida no último jogo Marrazes- Santa Comba.

2-Alegre pela primeira vez fez jus ao nome e senti-lhe uma vivacidade inquietante.

3-Cavaco sorriu 3 vezes, e temos dúvidas de interpretação sobre o esgar ao minuto 37

4-O Laboratório da Língua Portuguesa é uma boa ideia. Fica por saber quem vai fazer de bico de Bunsen.

5- O debate, de um ponto de vista escatológico, não o foi

6- Continuamos sem saber quem eram os candidatos ontem em confrontação. Dados os similares registos retóricos estamos convencidos que a produção da SIC, antes de mudar de plano de câmara, colocava e mudava a barba e a gravata, a Eleutério Cardoso, artista do Dramático de Carnaxide, que faz uns ganchos na Outorela sempre que necessário

7- Cavaco ao contrário do que nos tinha habituado não tinha espuminha ao canto da boca

8- Por momentos pensei ver Alegre erguer-se e recitar e saltar sala fora, buscando junto da musa que passa coragem para falar do país

Exractos do Debate: Cavaco vs Alegre- parte II

Ricardo Costa questiona Cavaco, que responde:

"Repare, o económico está subjacente a todas as peocupações"

Rodrigo Guedes de Carvalho pergunta sobre o referendo ao aborto, ao que o candidato replica:

"Repare, o económico está subjacente a todas as peocupações"

"E sobre a OTA, Dr. Cavaco Silva!", pergunta Ricardo Costa:

"Repare, o económico está subjacente a todas as peocupações"

E sobre Roswell e a maldição da família Kennedy:

"Repare, o económico está subjacente a todas as peocupações"

Como encara a posição do Cazaquistão relativamente à actuação de Borat no espectáculo da MTV?

"Repare, o económico está subjacente a todas as peocupações"

Extractos do debate: Cavaco vs Alegre - Parte I

À primeira pergunta de Rodrigo Guedes de Carvalho, Manuel Alegre respondeu:

"Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz. "

Mas insistiu que,

"Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas."

A propósito da OTA afirmou,

"Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz"

Sem esquecer a importância de um porto de águas profundas continuou,
"Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país. ",

E a propósito do Procurador-Geral afirmou,
"Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão."

O 1º debate - the day after

Gostei muito da entrevista do Prof. Cavaco Silva!

David Dinis

05 dezembro 2005

O 1º debate

Hoje é dia do primeiro debate. Entre o Sr. Contente e o Sr. Feliz. E não é que me cravaram para eu fazer comentários sobre o mesmo para um OCS da nossa praça? Estes romanos são doidos!!!

Uma palavra sobre o 4 de Dezembro...

para recordar Adelino Amaro da Costa. Uma força da natureza, diz quem o conheceu. O CDS-PP acabou nesse dia. À sua memória.

02 dezembro 2005

A Imagem e o seu poder

Meu Caro DD,

Venho por este meio agradecer a V.Exa., a sensibilidade demonstrada pela reintrodução da imagética no nosso meio de expressão. Como vê, tratei de aplicar de imediato a tecnologia em questão à nossa humilde página, e veja V.Exa. o impacto que tal acto teve. Pois é um mundo de cor que se abre, novas linguagens, novas imagens, enfim, mais uma voltinha no carrocel, ah! Pois é!!!

Permita-me discordar, no entanto, da imagem utilizada pelo meu particualr amigo para ilustrar o nosso regresso à imagem virtual. Ora então, V. Exa., escolhe Paris Hilton?? Qualquer dia ainda vou apanhá-lo a tentar colocar, à socapa, fotografias de deputadas à Assembleia Nacional, ai, Constituinte, ai, da República!

Com amizade

Debates presidenciais













Dentro em breve o Circo chegará à cidade.

A Campanha Presidencial














Estamos a tentar identificar qual a acção de campanha e qual o candidato!

Só sabemos que a foto foi obtida ontem algures em Lisboa.

O facto de o ambiente ser de alegria transbordante e de fraternidade reinadia não nos permitem concluir de imediato que se trata de uma acçao de um certo candidato de esquerda.

Continuamos a investigar

01 dezembro 2005

Paris



O meu companheiro de página pediu-me muito que eu voltasse a dar imagem e cor ao nosso cantinho. Aqui fica, com os cumprimentos da casa.

Que farei quando tudo arde?*

*Adaptação de um belo título de António Lobo Antunes, depois de ouvir mais um dia de pré-campanha presidencial. E ainda faltam dois meses para o fim...

30 novembro 2005

O sistema semi-presidencial

Hoje, pela primeira vez no seu longo mandato, Jorge Sampaio recebeu um Orçamento de Estado sem se pronunciar uma só vez (directa ou indirectamente) sobre o seu significado, conteúdo ou importância. Nos últimos anos - desde os idos tempos do eng. Guterres - Sampaio chamou economistas, falou da vida para além do défice, apontou os desafios e aconselhou cuidados. Hoje não. Paciência.

O sistema proporcional

Hoje, pela primeira vez na história da terceira República, o Partido Socialista conseguiu aprovar um Orçamento de Estado sem precisar de ajuda de terceiros. Dada a posição dos restantes partidos na votação de hoje, dada até a ausência do deputado Manuel Alegre, é altura indicada para deixar uma perguntinha simples: não fosse a maioria absoluta de Fevereiro, o eng. Sócrates negociava o orçamento com quem?

29 novembro 2005

Prazer dos Diabos ou a Camisa Maoista de Louçã

Há um programa no cabo, SIC qualquer coisa, que tenta reeditar o espírito da má língua. Entre muita parvoíce e entradas de menos bom gosto, há 2 participantes que de vez em quando conseguem o que se espera de um programa daqueles. Falo de Boucherie Mendes e Pina.

A exploração semiológica da camisa encarnada Gant de Louçã (com a qual se deixou fotografar em inúmeras ocasiões) roçou a excelência. Das 2 uma: ou Louçã aderiu ao capitalismo que tanto ataca; ou por ser falsificação, está a contribuir para a economia paralela que tanto contesta.

Confesso que uma outra explicação avançada me satisfaz mais: Louçã através do consumo está a contribuir para a preservação do modo de vida de minorias étnicas que fazem da contrafacção o seu sustento. A ideologia fica preservada e a comunidade Romani agradece a publicidade.

Dica da semana

Nouvelle Vague, http://www.nouvellesvagues.com/francais/about.html, Marc Collin, Olivier Libaux e umas quantas cantoras. Entre remixes e originais lá continuam a fazer das suas. Há uns meses, segundo me disseram, estiveram no Lux. Perdi essa oportunidade. Da próxima não falto.

Arte Lisboa-I

Há coisas que fascinam uma pessoa menos sensível às artes quando visita um fórum da mesma. Passei pela Arte Lisboa. Gostei. É lógico que não consigo autonomizar tendências, absorver influências ou detectar futuras estrelas...cadentes ou não. Mas a estética não me é completamente estranha. Pelo que posso dizer que me impressionaram algumas das propostas e instalações que por lá vi. É natural que não consiga perceber a razão pela qual há artistas que colocam um violoncelo numa barra de aço a 2 metros de altura e lhe chamam arte, mas por essa razão é que eles o são e eu não.

Aquilo que verdadeiramente me transcende é a posição de alguns membros da audiência que olham para qualquer obra e dela extraiem significados que nem os artistas sob o efeito de cogumelos marroquinos pensariam ter incutido às suas criações. Quando lá estive, na Arte, aconteceu umas poucas de vezes.

E nestas ocasiões lembro-me sempre de algo que me aconteceu na Tate Modern: 2º piso, batalhão de japoneses com as mais avançadas câmaras digitais, retratando tudo o que pode ser retratado; de repente, um grupo de 6 pára de estaca junto a uma parede...flashada...flashada... flashada... flashada...falatório...falatório. Um pouco atrás alguns funcionários da Tate riam, da forma discreta e snob como só os funcionários da Tate o sabem fazer. O alvo da atenção e fascínio dos nipóncos era um dos extintores de parede "avant garde" de que a Tate dispõe, e que para o efeito tinha sido elevado a Pollock ou algo assim.

Com efeito Arte é aquilo a que quisermos dar um significado que vai para além da literalidade e que nos cria mundos dentro do mundo. "Ça c'est pas un pipe" pintou Magritte.

Parabéns à organização da Arte Lisboa.

28 novembro 2005

Se os meses fossem horas e o futuro já (aiii)

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

Os ex-líderes que queriam voltar a ser mas a quem só resta fundar um novo partido

Chamem-lhe futurologia política, mas se se confirmar a vitória de Cavaco, é muito natural que o PSD fique refém do Professor e que atravesse um deserto do tamanho dos 2 mandatos mais que inevitáveis.

Nesta lógica, para além da substituição do actual líder, verificar-se-á um descontentamento da faixa liberal do PSD que não se reverá no posicionamento, refém de centro-social, do partido, por causa do magistério cavaquista (era a isso que Cadilhe se referia).

É natural que nessa altura se criem as condições para a criação de um novo partido de centro direita onde se reunirão os descontentes liberais do PSD e do moribundo CDS-PP.

É nesta lógica que se compreende o artigo de sábado de Pedro Santana Lopes e o renascimento de Paulo Portas.

Chamem-lhe futurologia ou alucinação. Mas onde há fumo há fogo

Os candidatos a candidatos a líder do PSD

Depois de Manuela Ferreira Leite, é a vez de António Borges...é de ler a entrevista no Público de hoje. Não esquecendo o disponível Cadilhe.

25 novembro 2005

Smoke, no smoke

Parece o filme da minha vida. Vi-o no King, há muitos anos, e volta e meia regressa à minha memória viva. Desta vez, transformada até numa decisão muito à letra. Por que raio se haverá de abdicar de um prazer tão simples como fumar? Um prazer, um companheiro, esse cigarro. Faz mal? Claro que faz. E bem? Não fará também?

O filme, para quem se lembra, começa no cigarro mas acaba bem mais longe. Decisões, mais decisões, novas decisões. A vida, dirão muitos, é cansativa. Talvez não. Aos cigarros, como a outras coisas importantes na vida, podemos simplesmente dizer até já. Mas, tal como no filme, as decisões sobrepõem-se, as coisas compõem-se. Sempre.

A minha decisão do dia foi esta: voltei ao cigarro, seis dias depois. Triste? Não. Gostei da companhia. Take one, action.

P.S. Prometo ser comedido. Aprendi isso nos últimos dias.

24 novembro 2005

Grande dia, este

"31 de Dezembro vai ser o dia mais longo do ano.
Vinte e quatro horas e um segundo, no dia 31 de Dezembro - porque existem diferenças de milésimas de segundos entre os ponteiros dos relógios e o movimento de rotação da Terra."

*Tirado do site da Rádio Renascença.

Sondagens e jornais

A frustração de um profissional de sondagens, no Margens de Erro, já profusamente divulgados pela blogosfera. Vale sempre mais uma referência - porque eu próprio fiquei esclarecido.

Ó Jerónimo de Sousa, francamente!

Jerónimo, essa figura mítica da nação apache, defendeu a extinção da OTAN, vulgo NATO, durante uma das intervenções da pré-pré-campanha.

Como em tempos disse Ruben de Cravalho, durante a campanha autárquica de Lisboa e a propósito de um membro da lista do PS, Jerónimo é patusco.

Jerónimo tem um não sei quê de Noddy, de ursinho Puff, que por mais diabruras que faça levará sempre de nós aquele sorriso complacente. Para além de ser um verdadeiro Fred Astaire de Corroios.

Na mesma linha sugerimos que Jerónimo erga como próximas bandeiras as seguintes extinções:
-UE
-UEFA, FIFA e quejandas
-União Europeia de Radiodifusão
- Associação dos observadores de OVNIS da Serra da Gardunha

A "louca" de Freitas do Amaral e a presidência britânica da UE

Pacheco Pereira tem hoje no Público, um dos comentários mais pertinentes à "louca" que deu a Freitas do Amaral a propósito da presidência britânica da UE.

Não sabemos o que passou pela cabeça pelo chefe da nossa diplomacia. Mas que inviabilizou por muito tempo um bom relacionamento diplomático entre Portugal e o nosso mais antigo aliado, ai disso não temos dúvidas.

As relações entre Estados são definidas por subtis manobras desenvolvidas por trás do pano, ocultadas dos olhares mais indiscretos. A afirmação pública de algumas verdades é, desde a emergência dos media como actor principal da realidade politico-social, o penúltimo recurso (sendo que o último é a guerra) de pressão em termos de relações internacionais.

Como se viu pela inflexão recente da actividade internacional da administração Bush, nem as maiores potências podem esquecer estas regras.

Face a isto só me pergunto: o que é que deu a Freitas do Amaral?

Ou de facto, como diz Pacheco Pereira, confundiu as suas posições pessoais com aquelas do Estado Português; ou então, entrou numa fase de rejeição da sua posição de ministro de um Estado europeu membro da UE caracterizada por aquele sentimento de impunidade que atravessa as figuras megalómanas...é que Portugal não é, não tem, nem nunca vai ter, estatuto para se dar ao luxo de tomar estas posições.

Espera-se para breve, e por trás do pano (porque eles sabem como as coisas se fazem) a factura inglesa... Sócrates não perde pela demora.

25 de Novembro

Amanhã comemoraremos 30 anos do início real da nossa democracia. Porque a memória é curta!

Os terrenos da OTA- parte II

Respondendo à solicitação do Insubmisso e de outros blogs de referência (gaba-te cesto!!!)o Ministro Mário Lino anunciou que hoje vai colocar na interner através da NAER a lista dos 16 proprietários dos terrenos a expropriar pelo projecto da OTA. Mais informa que estes terrenos não sofreram qualquer alteração de propriedade nos últimos 5 anos.

Em antecipação informamos desde já que um dos maiores proprietários do local é o Grupo Espirito Santo. E sobre isso não fazemos mais comentários.

Mas, e há sempre um mas, muito gostaríamos que o Senhor Ministro nos informasse de mais algumas coisas, a saber:
-quem são os proprietários dos terrenos previsivelmente a expropriar por conta da construcção das acessibilidades ao local da instalação aeroportuária?
-quem são os proprietários dos terrenos não expropriàveis mas que vão servir de zona de apoio industrial indirecto à infraestrutura aeroportuária?
-quem são os proprietários dos terrenos não expropriáveis que vão servir de área de apoio industrial directo à referida infraestrutura?
-quem são os proprietários dos terrenos expropriáveis que vão servir para a instalação de entrepostos internacionais de mercadorias, vulgo plataformas logísticas?

Estas são as questões que humildemente pedimos a V. Exa que se digne responder com a mesma prontidão com que o fez relativamente à anterior questão


De V.Exa atentamente, aceite os mais elevados protestos da minha consideração

Sondagens

DN de hoje diz que Cavaco desceu vantagem e já não garante eleição à primeira volta. Público diz que Cavaco mantem vantagem e garante eleição à primeira volta.

Deve ser a isto que se chama informação esclarecedora, de serviço público e de referência.

23 novembro 2005

Koeman e a inovação

Eu não sei se repararam ontem naquele jogo que passou na RTP1.

Koeman não apostou no tradicional 4x4x2 nem num agressivo 4x3x3 ou mesmo num contido 5x4x1.

Koeman apostou num 8x2(?????!!!!)

Ou eu não percebo nada de bola ou o holandês é doido!!!

E perdi eu a portunidade de estar ontem com a pessoa mais fabulosa do mundo por causa disto!!!

Ora berlindes Sô Koeman! Não me apanham noutra!!!

As absurdas declarações de quem tem que se fazer notar

ILGA: proibição do sacerdócio aos homossexuais é "mais um erro histórico" da Igreja Católica
A associação de "gays" e lésbicas ILGA Portugal lamenta a proibição da ordenação religiosa de homossexuais imposta pelo Vaticano e classifica esta decisão, que será oficializada na próxima semana, como "mais um erro histórico" da Igreja Católica e um retrocesso em relação às orientações de outras igrejas. (público, 23.11.2005)


Ainda gostava de saber qual seria a reacção da ILGA se porventura algum cidadão se pronunciasse sobre a necessidade de heterossexuais serem membros obrigatórios da sua associação. Cada associação de homens e mulheres livres institui as regras que acha conveniente e adequadas ao núcleo de crenças e valores em torno do qual se organiza. Ninguém, mas abolutamente ninguém, tem nada a ver com aquilo que essa associação livre de homens e mulheres livres determina como suas regras. Quem não gosta não entra, quem não concorda não entra e tem tanta legitimidade para criticar como legitimidade para ser criticado.

Eu que sou heterosexual gostava de ser presidente do ILGA, para pôr ordem naquilo!! E agora o que é que os ILGAS têm para me dizer?!

Os terrenos da OTA

Circula na internet informação de que altos dirigentes do PS e empresários tradicionalmente ligados ao financiamento do partido serão muito beneficiados com o lançamento do aeroporto da OTA devido ao mais que esperado movimento especulativo a ele associado. Isto não é uma informação fidedigna, nenhuma fonte credível ainda me confirmou esta informação, nem tenho hipótese de o confirmar no curto prazo. Muito gostaria que os grandes jornalistas de investigação deste país muito rapidamente pudessem esclarecer este assunto para que a reputação de algumas pessoas (cujo nome já está a circular como associado a isto) não seja manchada pelas tradicionais disseminações de boatos e rumores do nosso país. Falo dos jornalistas, porque já não confio no Ministério Público para investigar assuntos associados aos ocupantes de cargos públicos. "Please, ó fazedores de primeiras páginas, esclareçam-me!"

OTA

Estive a fazer umas contas. Barajas vai ficar a 1 hora e pouco de Lisboa de TGV. Os custos aeroportuários espanhóis são em todas as circunstâncias mais baratos do que qualquer estudo de viabilidade dos vários apresentados ontem. Se os espanhóis avançarem com mais um aeroporto internacional entre Madrid e Lisboa, as coisas ainda ficam mais complicadas

Há 2 razões para as pessoas escolherem a Portela: localização e tempo de deslocação aos locais motivadores da visita. Não o tempo real mas o tempo profissional (início de reuniões e dia profissional). Se estes motivadores se perderem perde-se o negócio do tráfego internacional. E se entrar a OTA não me enganarei ao dizer que os espanhóis, que têm uma visão estratégica destas coisas que falta aos portugueses, responderão competitivamente tentando queimar ainda mais os nossos aeroportos. Acho que há ainda muita coisa a explicar nesta ultra-pressão para lançar a OTA.

Mentiras

Depois da cena de ontem das duas uma:
Sócrates está a mentir;
Manuel Alegre está a mentir.

Não há mais nenhuma hipótese.

Seja qual fôr a resposta, um é mentiroso, e a situação é uma vergonha.

Vergonha para o PS, vergonha para o PM, vergonha para um candidato presidencial que representa, aparentemente, uma faixa substancial de eleitorado.

22 novembro 2005

O sr. Pinto de Sousa

O pai do primeiro-ministro, o sr. Fernando Pinto de Sousa, publica hoje uma nota no DN, defendendo o seu filho dos ataques de Paulo Cunha e Silva. Diz que José, seu filho, teve uma educação superior, que teve sempre óptimas notas, que luta por uma sociedade mais justa. Eu li e fiquei fã. Por mim, um voto para o sr. Pinto de Sousa.

18 novembro 2005

Dica da semana

Beber um balão de Cragganmore ligeiramente aquecido ao som do último ep dos Pink Martini, reler passagens de Mário de Sá-Carneiro e bafejar um Romeo & Julieta não calibrado...não necessariamente por esta mesma ordem.

Tessa was my home (aiiiiiiiiiii)

O Fiel Jardineiro.

Fui ver no outro dia este novo filme do Meirelles.

Grande realização. "Breathtaking".

Final Shakespeariano e com uma das melhores frases sentimentais que nos últimos tempos ouvi: a certa altura o protagonista, a quem tinham assassinado a mulher Tessa, quando lhe sugeriram o retorno a casa, responde: "Tessa was my home".

Quantos de nós não esperam uma vida inteira para, ditado verdadeiramente pela consciência, dizer isto sobre alguém (aii). Uns têm a sorte de conseguir, outros andam lá perto.

A propósito de E.P. Coelho

O inefável Prado Coelho escreveu há dias no Público uma peça crítica sobre as atitudes e mentalidades dos portugueses. Por muitos aclamada, a peça em questão, que julgo nos foi deixada em comment aqui no Insubmisso, fazia um apelo final à consciência cívica dos portugueses.

3 comentários se impõem:
1- EPC mais uma vez demonstra estar viçoso, rebolante e luzidio;
2- EPC demonstra um apreço por uma ética republicana de matriz ontológica kantiana que, para quem o tem acompanhado nos seus escritos, representa mais um fantástico flic-flac à rectaguarda (o que atendendo à imagem de rebolante e luzidio, se afigura engraçado de imaginar), com saída em prancha, no seu percurso em termos da discussão dos temas da filosofia moral e da filosofia (ou teoria) política em particular, que o desligitima nas suas (EPC) críticas a algumas outras figuras do comentarismo nacional
3-EPC tem uma visão sobre o cidadão ideal da repúlica ideal. Mas esquece-se que estamos em Portugal, e que Portugal é o que é pelo rasto cultural de que se ergue. E nestas circunstância sempre me recordo de 2 reflexões sobre este país, uma clássica e outra contemporânea:
- "um país que começa com um filho a bater na mãe não pode acabar bem"
- de um extracto de um relato de um governador romano instalado na Lusitânia enviado a Roma "aqui nesta província da Lusitânia, reside um povo que não se governa nem se deixa governar"

17 novembro 2005

Concorrência nas Farmácias

Finalmente. Uma das pesadas heranças do corporativismo pré-25 de Abril começa a contar os seus últimos dias. Não consigo perceber porque é que a propriedade das farmácias não podia, até hoje, ser de alguém não farmacêutico ou porque é que havia uma gestão monopolista dos processos geográficos da sua localização. Dir-me-ão que questões técnicas e científicas são de rigorosa importância neste sector. Mas mesmo assim a questão técnica não viola nem colide com a questão proprietária, nem é colocada em causa a segurança do consumidor/paciente. Admiro a forma como a ANF conseguiu, apesar do "monopólio" que detém, modernizar o sector (pelo menos os seus associados). Confesso que acho piada ao modo despudorado como João Cordeiro afronta tudo o que é agente de saúde deste país, seja ele Ministro ou outros. Mas a medida que é prenunciada pela declaração da AAC, permite vislumbrar dias mais claros para os consumidores portugueses. E mesmo que a concorrência internacional entre, ou que grandes concentrações comecem a ocorrer, somos nós todos que sairemos beneficiados. Os bons continuarão a prosperar, os maus terão a sua sorte...desde que a AAC garanta que as regras da concorrência são cumpridas.

00:08:25 de 17.11.2005

Porque há horas que é o melhor presente que um homem pode ter.

Dedicado à minha raíz, ao Sul

"Ao sul
À procura do meu Norte
Subo as águas desse rio
onde a barca dos sentidos
nunca partiu

Lá longe
Inventei o dia azul
E o desejo de partir
pelo prazer de chegar
Ao Sul

Cada um tem a sina que tem
os caminhos são sempre de alguém
Ao Sul

Ao Sul entre dois braços abertos
Bate 1 coração maltês
Que se rende, que se dá
De vez

Por amor
Corto os frutos que criei
Corto os ramos que estendi
Pela raiz que abracei
Ao Sul"

João Monge- Ala dos Namorados

16 novembro 2005

Portugal positivo

Em conversa recente com o LR, decidi procurar motivos para - de quando em vez - avançar com umas notas sobre o que há de bom no nosso país. Hoje, lembrei-me de duas.

1. A economia portuguesa vai crescer 0,3% este ano. Não é bom, mas podia ser pior.
2. O desemprego, segundo o INE, está nos 7,7%. É o número mais alto da série mais recente do INE, iniciada em 1998 - mas, ainda assim, também podia ser pior.

Os leitores que compreendam: fazer notas sobre o Portugal positivo, nos dias que correm, obrigavam-me a falar na selecção nacional. E essa, ontem, também empatou.

15 novembro 2005

Actos de fé (II)

1. O JPH diz que admiti "a contragosto" que a entrevista de Cavaco foi má; O FTA critica-me por ter dito pouco; Já o Pedro Adão e Silva garante que, sendo eu "insuspeito", fui duro com o professor. Feita a média, acho que sim e que não. Mas agradeço a publicidade - hoje estivémos quase ao nível do Mau Tempo e do Glória Fácil. É caso para dizer que Cavaco vale mais audiências que Soares.

2. Para encerrar polémica, o que me parece (a esta distância) é que a estratégia do silencio de Cavaco Silva é muito arriscada. É certo que Sócrates a usou, conseguindo uma maioria absoluta. Mas também é verdade que nem tudo é igual:

a) Sócrates,para ganhar a dita maioria, só precisava de 44% dos votos; Cavaco precisa de 50,1%.

b) Sócrates contava com uma maioria sociológica de esquerda; Cavaco sabe que essa, em dúvida, estará do outro lado;

c) Mais importante que tudo: Sócrates tinha como adversário Santana Lopes, de que todos tinham memória bem presente e bem recente; Cavaco tem do outro lado Mário Soares, que pode estar deslocado mas não é, certamente, apontado como um perigo para ninguém.


O silêncio do professor pode ser bem confortável. E até mesmo ser suficiente para ganhar (assim a esquerda continue a cometer os erros das últimas semanas). Mas seguramente não é garantia de vitória.

E o meu coração continua sem bater

C'est tout

Sampaio põe o dedo na ferida quanto ao ensino superior

Deve ser das poucas vezes em que vou concordar com Jorge Sampaio.

O nosso PR ontem em Leiria, deu cabo do nosso sistema de ensino superior. E é essa a verdadeira razão do nosso atraso económico. Numa outra ocasião irei falar sobre este tema, ao qual desde o início do Insubmisso me tenho escapado, já que sou parte envolvida. Mas a vergonha do nosso ensino superior, merece acções vigorosas que aindam não vejo reflectidas na proposta para a nova Lei de Bases. Mais uma vez, como em tantas outras áreas de políticas públicas e em tantos outros momentos, Bolonha obriga o sistema de ensino superior a movimentar-se. Como em tantas outras áreas de políticas e em tantos outros momentos, os vergonhosos lobbies do ensino superior estão a defender os seus interesses esquecendo-se das peças centrais de todo o sistema: a formação de futuros profissionais e a evolução do conhecimento; demonstrando, com isso uma miopia estratégica que nos irá conduzir, inevitavelmente, a mais atrasos.

O nosso desenvolvimento não se compadece com estas atitudes caducas e corporativistas.

Armada pune presidente da Associação dos Praças

A Armada actuou e bem ao colocar em detenção por 3 dias, Luis Reis da supracitada associação. É nesta ocasião, e no vigor da decisão do CEMA, que nos recordamos que em 1972 e 1973 semelhantes movimentações militares estiveram na génese do chamado MFA, posteriormente aproveitado pelas forças políticas de esquerda e extrema-esquerda para dar uma coloração política às reivindicações laborais de oficiais e praças do Exército Português e que teve como corolário a revolução de 1974. E embora a mudança ocorrida em 1974 seja inestimável e seja impensável a sua colocação em causa, é também certo que a forma como a transição à democracia ocorreu no nosso país nos atrasou enormemente face aos nosso congéneres europeus.

Num Estado de Direito Democrático as Forças Armadas têm o seu lugar. É bom não nos esquecermos disso.

Manuela Ferreira Leite e o OGE

Com a entrevista de ontem à RR, Manuela Fereira Leite já se está a posicionar para suceder a Marques Mendes. A afirmação de que se teria abstido na votação na generalidade, e que pagaria para ver o que o Governo consegue fazer, ficando a aguardar para ver os resultados da execução, é uma atitude de prudência, maturidade e visão política que faltou à actual bancada parlamentar do PSD e à sua liderança. Isto promete.

Resposta ao FTA em sete pontos

1. Engraçado ver-te a criticar a concertação social e dizer que o 14º mês de salário é o monstro. Acho que trocaste de posição com o Cavaco, não?

2. Negociador de fundos vs. adesão. Tens razão na segunda, não na primeira. As negociações de Cavaco foram, como as de Guterres, bem sucedidas. E isso é um argumento.

3. Cavaco não faz da política a sua profissão, nunca precisou dela para ganhar dinheiro. Desculpa, Francisco, mas aí acho que o homem tem razão.

4. Ele não ataca os outros agora. Se mudou de opinião, fez bem.

5. Quanto ao vazio, é exactamente o que eu digo no meu post.

6. Dou-te razão no têxtil, nos poderes, na retórica e na fuga às respostas.

7. e último: se queres que seja honesto, o que não vejo é ninguém à esquerda a criticar os candidatos (Soares incluído) como a direita faz com Cavaco. Isso é que não vejo.

D.D.

Actos de fé

A entrevista de Cavaco Silva, ao contrário do que se vai dizendo por aí, não foi patética, nem desonesta, nem arrogante. Não foi, simplesmente porque a entrevista... não foi. Cavaco Silva, ontem na TVI, não foi, nem sequer quis ser. Optou pelo silêncio, total, sem concessões. O resultado, óbvio, foram algumas contradições e outras tantas incoerências. Alguns exemplos:

1. Cavaco diz que é cedo para avaliar o Governo. Diz também que não pode avaliar o primeiro-ministro porque cabe a Sampaio, até Março, esse papel. Mas a verdade é que o próprio Cavaco já avaliou este mesmo Governo em algumas ocasiões. Fez isso quando Campos e Cunha saiu, criticando, e também quando Sócrates manteve a promessa de referendar o aborto, elogiando.

2. Cavaco diz, também, que quer remar ao lado do Governo em matérias decisivas para o país. Promete cooperação. Mas, depois, é-lhe perguntado se teria aceite remar ao lado de Guterres, que tanto criticou. E não responde. É uma incoerência, tão só custo de um silêncio forçado. Porque é óbvio que Cavaco não ficaria ao lado de Guterres, porque é óbvio que Cavaco só aceitará remar ao lado de Sócrates se - e apenas se - Sócrates quiser remar na mesma direcção que ele.
O Governo e o Presidente podem bem estar de acordo quanto aos objectivos. O problema será, como sempre foi, quando não estão de acordo quanto às políticas para os atingir. Mas isto Cavaco não disse e não dirá.

3. Já agora, os cartões vermelhos. Constança Cunha e Sá - uma vez mais no ponto certo - lembra o professor que foi ele próprio quem pediu um cartão vermelho a Guterres, nas autárquicas de 2001. Diz agora Cavaco que Guterres fez mal em sair. O mesmo Cavaco que alertou - e bem - para o descalabro para que Portugal caminhava sob a orientação do engenheiro.


Dito isto, o problema da entrevista de Cavaco é a evidência de que algo vai mal em terras de Portugal. O professor considera que a melhor maneira de vencer eleições é falar o menos possível - assim como Sócrates o achou e acabou por conseguir uma maioria absoluta. Percebo a tentação, mas não posso aceitar a tese: é que, assim sendo, as eleições em Portugal tornam-se um acto de fé.

Acreditamos, porque sim, que X é o candidato certo e que Y é o candidato errado. É um caminho errado da nossa democracia, não só porque não sabemos no que estamos a votar, mas também porque nos será impossível pedir contas a quem é eleito. É triste, mas as presidenciais estão transformadas nisto: meros actos de fé. Rezemos, então.

14 novembro 2005

Monsieur Soarez

"Há poucas vozes hoje na Europa que tenham autoridade e eu acho que tenho uma voz que é ouvida, porque quando vou a qualquer país europeu e falo as pessoas escutam o que digo"
Mário Soares, hoje em campanha.

Acho que isto, por si só, explica porque os portugueses preferem o silêncio, não?

As obsessões de Mário Soares

obsessão:
do Lat. obersione

s. f.,
impertinência excessiva;
preocupação constante;
perseguição insistente;
ideia fixa;

Teol.,
estado de pessoa que se crê atormentada e perseguida pelo espírito maligno.

Há que informar que a obsessão que o Dr. Mário Soares mantém pelo discurso do Professor Cavaco Silva, me preocupa mas é nosso dever informar que tem cura. Para os racionalistas isto passa por uma consulta psiquiátrica. Para os transcendentalista por um exorcismo. Atendendo a que não me parece que estejam esgotadas as oportunidades terapêuticas de carácter científico, admito que a segunda solução seja, para já, a nosso ver, extemporânea. Relativamente à terapêutica psiquiátrica, ocorrem-me de rajada 2 nomes de reputados especialistas: Margalho Carrilho e Daniel Sampaio. Já que o campo das obsessões e dos fetiches se desenvolvem na adolescência ou se manifestam tardiamente fruto de traumas não resolvidos nessa altura, somos de opinião que a escolha deve recair em Daniel Sampaio, profissional com provas dadas na matéria.

09 novembro 2005

Mundo virtual

1. Se o que se está a passar, há 13 noites consecutivas, fosse nos Estados Unidos, o que se diria sobre o "modelo económico norte-americano".

2. Se a cedência de um Governo a alguém, num orçamento de estado, fosse noutro Governo, noutros tempos - recuando até Guterres - o que se diria sobre a "ética republicana"?

07 novembro 2005

De battre, mon coeur s'est arrêté

De vez em quando o nosso coração pára. E só nos resta esperar que ele volte a bater.

O Congresso da Nova Evangelização

Dizia o meu sábio pai que se a Igreja não fosse uma obra de Deus não teria resistido àquilo que os homens lhe fizeram. Sabia do que falava. De vez em quando a história vem ilustrar, por vezes pela excepção, esta máxima. Este Congresso é dessas iniciativas. O meu único desejo é que as suas conclusões possam, tal como em outros momentos determinantes da história do mundo, passar as paredes do congresso. O espírito do Congresso e a capacidade e sensibilidade de D. José Policarpo têm muito a dizer ao mundo de hoje, mundo que se contorce com as dores de crescimento mais agudas havidas desde meados do século XX. É um contributo que não se pode perder, como tantos outros úteis, que vindos dos mais diversos quadrantes intelectuais, tentam compreender a falência moral do nosso tempo.

03 novembro 2005

Decida-se Dr. Soares

"Mário Soares considerou ontem que Cavaco Silva "tem uma concepção da democracia, como político intermitente que é, que é muito pouco estruturada". Para o candidato presidencial apoiado pelo PS, "ser político intermitente não é uma boa garantia para os eleitores". Como exemplos, Soares apontou a estratégia de Cavaco, que se quer "resguardar no silêncio" e fugir a debates, bem como "alguma displicência" com que trata o PSD." DN de hoje


OU BEM QUE O HOMEM É POLÍTICO PROFISSIONAL OU BEM QUE É INTERMITENTE!

A entrevista de Mário Soares

Senti-me mal ontem ao ver a entrevista de Mário Soares. Senti pena.

Ao contrário do que já li algures não vi um homem combativo. Vi um homem desesperado a debater-se para sair das areias movediças. Vi um homem num recinto de feira a apregoar tachos e panelas. Vi um homem panfletário e, sim, revanchista a contar uma história de papões. Vi um homem a ofender gratuitamente a honorabilidade de outros. Vi um homem a denegrir gratuitamente e insustentadamente outro para benefício pessoal. Vi imodéstia onde deveria estar nobreza. Vi raiva e ódio onde deveria ter existido a tradicional bonomia. Vi um disruptor onde deveria haver concórdia. Vi incoerência discursiva, narrativa e fática. Vi uma sombra daquilo que dele já vi.

Foi mesquinho, foi obcecado, foi baixo, foi indiscreto, foi indelicado, foi...simplesmente foi (como tão bem disse o amigo DD).

Continuo sem decidir em quem vou votar (obviamente refiro-me aos restantes candidatos) mas para Presidente eu não quero uma pessoa assim.

P.S. Eu tenho mais de 10 artigos publicados na área das humanidades será que sou mais elegível do que Cavaco Silva para ser Presidente?

Has been

Primeiro, a confissão: Mário Soares deu-me os melhores momentos do dia de ontem. A entrevista à TVI (muito bem, D. Constança) foi viva, interessante, política.

Passando ao que interessa, Mário Soares está a tentar reviver o seu combate político mais simbólico. Quer que Cavaco seja Freitas, quer que 2005 seja 1986. Não é. E esse é o primeiro erro estratégico do ex- Presidente. Nestas eleições a luta não é esquerda-direita - é de personagens. E também já não há Eanes, já não há bloco central, nem sequer o fantasma de Marcello Caetano para assombrar um candidato.

Dois. Soares ataca Cavaco, dizendo que este não é unânime à direita. Para tal, recupera os nomes de Paulo Portas e Santana Lopes. O primeiro, Soares dizia que era de extrema-direita, um perigo para a democracia; o segundo, dizia que era a vergonha do país. Agora, servem de barómetro para mostrar que Cavaco não é unânime. Pois bem, valha a coerência táctica, contra o deserto estratégico.

Três. Soares diz que deixou os "cofres cheios" a Cavaco em 1995. E que Cavaco é o "pai do monstro". E diz que Cavaco governou sempre em crescimento económico. Faltava dizer que quando isto não aconteceu, Soares não o deixou governar em paz - o que deve constituir um sério aviso a Sócrates, by the way, que não terá sorte com a maré económica. Quanto aos cofres cheios, só pode dar vontade de rir - mesmo que se reconheça o mérito de quem, sob pressão intensa do FMI, fez alguma coisa do que tinha de ser feito. O pai do monstro, esse, deixo para os especialistas em John Carpenter.

Quatro. Soares diz que Cavaco deixará em aberto o fantasma da dissolução da AR. Mas também diz que é independente do PS. E, já agora, que o PS chamou por ele. Ah! E que Sócrates é uma muito boa surpresa. E que os portugueses não podem perder direitos. Mas que os portugueses não podem manter regalias. So much for coerence.

A entrevista de ontem, perdoem-me a expressão, pode bem ter-me divertido. Mas confesso que me lembrou uma velha expressão britânica. Has been.