Entramos no King e deparamos com uma curta fila. À nossa frente, uma voz familiar dizia: "Um bilhete para o 'Paraíso, Agora', sff".
Olhámos um para o outro e acertámos o pensamento, sem precisar de dizer palavra. "É o Raúl Solnado." Acenámos positivamente.
À nossa frente, ele olhava para o vidro e reformulava: "Um para o 'Paraíso', reduzido". Aceitou o bilhete e passou por nós, sem olhar, com andar meio trémulo e meio discreto. Seguimos e olhámos para o vidro. "Bilhete normal, 5 euros. Bilhete reduzido, (menores, idosos, estudantes) 4 euros". Olhámos um para o outro. "Está óptimo, o Solnado".
Entrámos na sala e começa o filme. Quando percebemos o cenário (terras palestianas sob ameaça permanente, terras israelitas na suspeita do próximo homem-bomba) pensei que Raúl Solnado tinha voltado a bater à porta da guerra. "A guerra não está", lembrei-me. Mas o mundo já não é mesmo. Ou se calhar é. E a guerra está lá, só que não abre a porta.
Mais tarde, o filme confirma. A suspeição, o temor, o ressentimento, a indefinição. A guerra está lá, pois claro, e para durar.
Para alívio meu - as memórias da infância são as mais difíceis de perder - o Solnado também. Valeu isso. E um filme notável, que nos deixa uma ínfima marca do que aquela gente (de um lado e do outro) sente no dia-a-dia.
19 setembro 2006
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