27 dezembro 2006
Oposição aproveita silly season para fazer oposição
Oposição critica mensagem de Natal optimista de Sócrates
25 dezembro 2006
Diz que é uma espécie de serviço público
A RTP acabou de prestar um péssimo serviço público. Aquilo a que chamou um Especial Férias do Gato Fedorento resumiu-se a 15 minutos, se tanto, de repetições de rábulas. After all, there wasn't another.
Porque calar é difícil
Não, eu não deveria contar nem ouvir nada, porque nunca estará na minha mão que não se repita e se afeie contra mim, para me perder, ou ainda pior, que não se repita e se afeie contra aqueles a quem eu bem quero, para os condenar.
Javier Marías
O teu rosto amanhã
Javier Marías
O teu rosto amanhã
23 dezembro 2006
21 dezembro 2006
O debate mensal
1. Sócrates apostou bem na reforma do ensino superior português, que bem precisa de ser reformado. É, aliás, a última grande reforma no horizonte do Executivo socialista. Os próximos debates mensais, a partir de 2007, tenderão a ser bem mais difíceis. Depois dos anúncios, vem o tempo da prestação de contas. Um tempo longo, que exigirá mais do que palavras, mais do que intenções.
2. Ainda sobre o Ensino Superior, as linhas gerais da reforma, se bem que tardias, vão no sentido certo. Poderiam ser mais ambiciosas - é certo - mas são um bom primeiro passo. Marques Mendes, por seu lado, fez exactamente o que se exigia: pediu mais determinação na ligação das universidades à sociedade. Faz sentido, marca uma diferença e não perde tempo com demagogias. Bem melhor do que tem estado, Mendes marcou pontos numa altura em que é desafiado dentro do partido. Segue para Natal descansado e bem pode seguir o conselho de José Miguel Júdice: ir passear para a praia, de mão dada com a sua mulher.
3. Central no debate de hoje foi a questão da ERSE. O Governo foi acusado de tirar a palavra ao seu ex-presidente e até de interferir na reguladora. Sobre isto, Sócrates mostrou o que tem de melhor e o que tem de pior. Primeiro, defendeu com unhas e dentes a limitação (pelo Governo) dos aumentos de preço da electricidade. Acredita nisso piamente e desafiou quem o critica a dizer se faria diferente. Como ninguém o disse, saiu bem do problema...
4. ...Ou não. É que, no meio de tanto ataque, Sócrates não resistiu a acusar Marques Mendes de querer interferir na nomeação dos presidentes das entidades reguladoras antes de ser Governo. Para Sócrates, assim, o cargo de regulador é um cargo de nomeação governamental como qualquer outro. Não faz questão de manter, sequer, as aparências de isenção e independência. É pena. Já sabíamos que o Governo não lida bem com entidades independentes (nenhum lida). Agora, ficamos a saber que, por vontade de Sócrates, nenhuma o será. Em circunstâncias normais, seria uma má notícia para a oposição. Em maioria absoluta, é uma péssima notícia para o país.
2. Ainda sobre o Ensino Superior, as linhas gerais da reforma, se bem que tardias, vão no sentido certo. Poderiam ser mais ambiciosas - é certo - mas são um bom primeiro passo. Marques Mendes, por seu lado, fez exactamente o que se exigia: pediu mais determinação na ligação das universidades à sociedade. Faz sentido, marca uma diferença e não perde tempo com demagogias. Bem melhor do que tem estado, Mendes marcou pontos numa altura em que é desafiado dentro do partido. Segue para Natal descansado e bem pode seguir o conselho de José Miguel Júdice: ir passear para a praia, de mão dada com a sua mulher.
3. Central no debate de hoje foi a questão da ERSE. O Governo foi acusado de tirar a palavra ao seu ex-presidente e até de interferir na reguladora. Sobre isto, Sócrates mostrou o que tem de melhor e o que tem de pior. Primeiro, defendeu com unhas e dentes a limitação (pelo Governo) dos aumentos de preço da electricidade. Acredita nisso piamente e desafiou quem o critica a dizer se faria diferente. Como ninguém o disse, saiu bem do problema...
4. ...Ou não. É que, no meio de tanto ataque, Sócrates não resistiu a acusar Marques Mendes de querer interferir na nomeação dos presidentes das entidades reguladoras antes de ser Governo. Para Sócrates, assim, o cargo de regulador é um cargo de nomeação governamental como qualquer outro. Não faz questão de manter, sequer, as aparências de isenção e independência. É pena. Já sabíamos que o Governo não lida bem com entidades independentes (nenhum lida). Agora, ficamos a saber que, por vontade de Sócrates, nenhuma o será. Em circunstâncias normais, seria uma má notícia para a oposição. Em maioria absoluta, é uma péssima notícia para o país.
20 dezembro 2006
A guerra constitucional
Em vez de tanto protestar por causa de uma carta do primeiro-ministro e dos cinco pareceres enviados, a oposição devia era seguir os mesmos passos e reforçar a sua argumentação. Um primeiro-ministro, por o ser, não pode ter menos direitos que qualquer outro político. Ou pode?
15 dezembro 2006
Time to move on
Fecha-se a porta - encosta-se, para dizer a verdade - e nunca se deixa nada para trás. Hoje é o meu último dia no Diário Económico, sete anos depois de ter entrado pela mão do Sérgio Figueiredo. Um jornal que me deu tudo e ao qual dei o mesmo que recebi.
Por aqui, por enquanto, ficam algumas pessoas que trabalharam comigo, que deram tudo, cresceram muito, mostraram-se a todos. Boa gente a quem devo muito. A eles (na esmagadora maioria, a elas) quero deixar a mensagem, adaptada, que aqui fixei no dia em que a minha saída foi concretizada.
"Conseguimos muito, algo, pouco, nada? Pouco importa. O que importa, creio, é ter ficado o sentimento de acreditarmos. Em nós. Nos outros. No país. No destino."
Beijos e abraços. Bom trabalho e até já.
14 dezembro 2006
A última crónica no DE
ANALOGIA DO PODER. Há 16 anos, no final da primeira maioria absoluta de Cavaco Silva, o então director do Expresso, José António Saraiva, analisava de maneira curiosa o estilo do cavaquismo. Dizia assim: “A verdade é que este Governo não caiu por si. Não apodreceu. Não se desagregou. Mais, geriu com notável mestria os seus quatro anos de poder.”
O analista, porém, não se ficava pelo elogio. “Durante os primeiros dois, fez as reformas que queria fazer, afrontando todas as classes: médicos, advogados, professores, militares, funcionários públicos... No ano e meio seguinte consolidou as reformas feitas e emendou aquilo que não podia deixar de emendar. Finalmente, guardou os últimos meses para mostrar trabalho feito”.
JOGOS DE SORTE. 16 anos depois, o mínimo que se pode dizer é que José Sócrates segue à letra a cartilha do cavaquismo, com o bónus de ter em Belém precisamente o autor da estratégia, e não um Mário Soares ávido de ganhar o seu quinhão de poder. Sócrates, assim, pode considerar-se um homem de sorte. E esta história só pode acabar com o apoio socialista a Cavaco nas presidenciais de 2011.
JOGOS DE AZAR. Mas se Sócrates pode agradecer aos deuses a sorte que lhe calhou, o que dizer de Marques Mendes? O líder do PSD, que há 16 anos era o porta-voz do cavaquismo, hoje é refém da estratégia que ajudou a montar. Mendes não só sabe o que Sócrates está a fazer, como sabe que o está a fazer bem feito. Mais ainda, Mendes conhece Cavaco e sabe que de Belém não sairá uma só palavra que coloque em causa o primeiro-ministro – porque Cavaco não fará a Sócrates o que Soares lhe fez a ele.
ALVO FÁCIL. Entre a espada e a parede, Mendes sabe também que é um alvo fácil dentro do próprio PSD. Tão fácil, aliás, que Morais Sarmento só teve que esperar a primeira entrevista de Cavaco para disparar o primeiro tiro: “Não o associo a nenhuma causa”, afirmou numa entrevista ao DN. Para admitir, logo a seguir, que ainda “é cedo para avaliar Sócrates” – a quem reconheceu, de resto, virtudes de reformismo.
CONSELHO DISCRETO. Quem se lembre da nossa história recente, sabe que durante a primeira maioria absoluta de Cavaco o PS deixou cair Almeida Santos e Vítor Constâncio. Sabe, também, que o próprio Jorge Sampaio só resistiu mais dois anos. Como estes – cuja carreira, como se sabe, esteve longe de terminar no Largo do Rato –, Mendes sabe que terá muitos obstáculos e adversários pela frente, se quiser ter a sua oportunidade. Mas, sobretudo, terá nas mãos um grande desafio: ter paciência com os seus, e a seriedade de reconhecer o bom que seja feito pelos outros. Acima de tudo, Marques Mendes deve seguir um conselho sábio e discreto que lhe chegou de Belém: exigir mais e melhor de Sócrates. Sem baixar os braços e sem as demagogias que a história e os livros nunca perdoam.
O analista, porém, não se ficava pelo elogio. “Durante os primeiros dois, fez as reformas que queria fazer, afrontando todas as classes: médicos, advogados, professores, militares, funcionários públicos... No ano e meio seguinte consolidou as reformas feitas e emendou aquilo que não podia deixar de emendar. Finalmente, guardou os últimos meses para mostrar trabalho feito”.
JOGOS DE SORTE. 16 anos depois, o mínimo que se pode dizer é que José Sócrates segue à letra a cartilha do cavaquismo, com o bónus de ter em Belém precisamente o autor da estratégia, e não um Mário Soares ávido de ganhar o seu quinhão de poder. Sócrates, assim, pode considerar-se um homem de sorte. E esta história só pode acabar com o apoio socialista a Cavaco nas presidenciais de 2011.
JOGOS DE AZAR. Mas se Sócrates pode agradecer aos deuses a sorte que lhe calhou, o que dizer de Marques Mendes? O líder do PSD, que há 16 anos era o porta-voz do cavaquismo, hoje é refém da estratégia que ajudou a montar. Mendes não só sabe o que Sócrates está a fazer, como sabe que o está a fazer bem feito. Mais ainda, Mendes conhece Cavaco e sabe que de Belém não sairá uma só palavra que coloque em causa o primeiro-ministro – porque Cavaco não fará a Sócrates o que Soares lhe fez a ele.
ALVO FÁCIL. Entre a espada e a parede, Mendes sabe também que é um alvo fácil dentro do próprio PSD. Tão fácil, aliás, que Morais Sarmento só teve que esperar a primeira entrevista de Cavaco para disparar o primeiro tiro: “Não o associo a nenhuma causa”, afirmou numa entrevista ao DN. Para admitir, logo a seguir, que ainda “é cedo para avaliar Sócrates” – a quem reconheceu, de resto, virtudes de reformismo.
CONSELHO DISCRETO. Quem se lembre da nossa história recente, sabe que durante a primeira maioria absoluta de Cavaco o PS deixou cair Almeida Santos e Vítor Constâncio. Sabe, também, que o próprio Jorge Sampaio só resistiu mais dois anos. Como estes – cuja carreira, como se sabe, esteve longe de terminar no Largo do Rato –, Mendes sabe que terá muitos obstáculos e adversários pela frente, se quiser ter a sua oportunidade. Mas, sobretudo, terá nas mãos um grande desafio: ter paciência com os seus, e a seriedade de reconhecer o bom que seja feito pelos outros. Acima de tudo, Marques Mendes deve seguir um conselho sábio e discreto que lhe chegou de Belém: exigir mais e melhor de Sócrates. Sem baixar os braços e sem as demagogias que a história e os livros nunca perdoam.
13 dezembro 2006
Mudanças
Aos poucos, fui voltando aqui. A partir da próxima semana, com a minha saída do Diário Económico, a reentrada será para valer. Este blog, a minha (a nossa) casa, voltará a ser a minha coluna preferencial de desabafos.
Com tamanhas mudanças para o ano que entra, o mínimo que se poderia fazer era isto: lavar a cara do Insubmisso e voltar à carga. Até amanhã, os links serão também revistos. Assim sendo, até já.
Com tamanhas mudanças para o ano que entra, o mínimo que se poderia fazer era isto: lavar a cara do Insubmisso e voltar à carga. Até amanhã, os links serão também revistos. Assim sendo, até já.
Calamity Campos?
A meio da primeira maioria absoluta cavaquista, Paulo Portas escrevia um artigo no Independente criticando a fúria reformadora da então ministra da Saúde, Leonor Beleza. O ataque à indústria farmacêutica, aos médicos, a centralização da gestão hospitalar, tudo junto, levavam Portas a apontar o dedo a "Calamity Leonor". Hoje, Correia de Campos segue, na prática, o mesmo caminho de Leonor Beleza - com o mesmo grau de impopularidade pública que aquela. Mas década e meia depois, nem Portas, nem a Ordem, nem quase ninguém se atreve a criticar o ministro. Das duas uma: ou o país já percebeu que Beleza estava certa, ou os lobbies já se renderam a "Calamity Campos".
12 dezembro 2006
Os novos do Restelo
O Governador do Banco de Portugal disse hoje que discorda do comissário europeu Almunia sobre os riscos de consolidação orçamental em Portugal, garantindo que Portugal está no bom caminho. Sem razão para discordar de um ou de outro, sempre vou notando em Vítor Constâncio uma defesa do Governo de intensidade curiosa. Talvez por isso o Governo, neste caso, não tenha tido dúvidas em reconduzir o único regulador que ainda não lhe mereceu críticas.
11 dezembro 2006
Coisas da social-democracia
Caladinho há ano e meio, Morais Sarmento saiu da toca para criticar Marques Mendes duas semanas depois de Cavaco Silva ter dito tudo numa entrevista à SIC. O timing não é coincidência: no PSD, até para se atacar a liderança é preciso a sombra protectora do Presidente. Amén.
04 dezembro 2006
Homenagem
"Conseguiu muito, algo, pouco, nada? Pouco importa. O que importa, creio, é ter ficado o sentimento de acreditar. Em si. Nos outros. No país. No destino."
Cito Francisco Sá Carneiro, filho, num discurso sobre o seu pai, num momento especialmente oportuno. Quando tiverem dúvidas, hesitações, medo, lembrem-se disto.
(versão corrigida)
Cito Francisco Sá Carneiro, filho, num discurso sobre o seu pai, num momento especialmente oportuno. Quando tiverem dúvidas, hesitações, medo, lembrem-se disto.
(versão corrigida)
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