É claro que eu tinha que responder-te, ó Mira.
É claro que eu também sou pela vida.
É claro que os apoiantes do ‘não’ estão a enviesar a questão ao dizer que o Estado não fomenta políticas de apoio ao nascimento. Estão a ser hipócritas ao apelar a um voto no ‘não’ moderado, em que depois se muda a lei na Assembleia para não penalizar as mulheres, quando é exactamente isso que está em causa neste referendo – nesta pergunta – e nada mais.
É claro que não passa de pura demagogia introduzir na campanha a imagem de bebés, como se fosse tudo a mesma coisa.
É claro que as mulheres tanto deviam poder fazer a dita interrupção como receber – as que precisam – apoio do Estado. Mas é claro que nesta questão não estamos a falar apenas de mulheres desfavorecidas. Estamos a falar da penalização pelo sistema jurídico de mulheres que abortam. E dentro das mulheres que abortam, há muitas que o fazem num qualquer vão de escada, porque não têm dinheiro para ir à Clínica dos Arcos em Espanha, ou para ir a Londres, aproveitando para fazer umas compras em Oxford Street.
É claro que há meios contraceptivos que o Estado deve promover, mas é claro que também há preservativos que rompem.
É claro que é sempre preferível que uma gravidez tenha seguimento. Consegues imaginar a violência que é para uma mulher fazer um aborto? Só a própria palavra assusta, não? É claro que o aborto não vai tornar-se nunca num método contraceptivo, como muito boas bocas andam para aí a dizer.
É claro que isto é tudo uma grande tanga. A lei já devia ter sido alterada na Assembleia, porque é também para isso que o povo vota em deputados: para legislar. E é claro que esta minha posição contra o referendo também é discutível. Como tudo.
É claro que ter um filho é a melhor coisa do mundo. Mas nem sempre o mundo nos diz que a melhor coisa é ter um filho.
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