25 novembro 2007

Marcelo comentava ontem que o Governo, no que toca à reforma da Admninistração Pública, fez tudo mal: criou a sensação, logo o pânico, entre os funcionários públicos de que ia cortar até ao osso. Até agora pouco ou nada fez e já tem a rua contra ele.
Discordando do professor (basta ver as sondagens, andar na rua e oscultar os barómetros-do-costume-do-taxista-ao-homem-dos-jornais) lembrei-me de uma aula fantástica que tive com o Dr. Jorge Coelho sobre "Comunicação e Marketing Político". Assumindo que a ideia não era dele (retirou-a de um jornal inglês) deu-nos as sete leis de Blair, o mago do Governo da comunicação. Em todas elas encontramos exemplos no actual Governo, senão vejamos:

1. Perante uma dificuldade anunciar medida de grande impacto
(Com as idas ao Parlamento o primeiro-ministro não está sempre perante um grande aperto. mas no frente-a-frente com quatro líderes da oposição Sócrates leva sempre um anúncio na manga. Com Santana na última ida foi o pacote de saúde)

2. Nunca anunciar uma medida que não possa ser anunciada mais duas ou três vezes
(Não é nunca, mas as medidas do Governo são sempre anunciadas duas, três, dez, 15, 19 e por aí fora vezes. A segurança sectorial dos taxis, às joalharias, passando pelas bombas de gasolina está a ser anunciada desde o Orçamento do Estado. E assim continuna)

3. Abandonar uma política que seja mal recebida pela opinião pública
(Quem nunca ouviu: o Governo encomendou um estudo que propõe o corte de 1/3 dos gastos no sector y. Conhecido o estudo, eis a reaçcão política: bem esse é o estudo técnico, a decisão final será política. O encerramento de escolas tem sido a excessão).

4. Explicar os temas mais controversos nos jornais amigos
(Não é preciso ser grande dominador das lides mediáticas para ver que, por exemplo, o jornal "Público" nunca teve uma reforma de fundo do Governo explicada em mprimeira mão, por fonte oficial, nas suas páginas. Coincidência?)

5. Perante uma dificuldade incontornável pedir a alguém de segunda linha para desmentir a informação.
O último caso de que me lembro foi o dos juízes. Depois da contestação dos magistrados à sua integração na função pública ter ganho fôlego o ministro foi sempre salvaguardado e foi Conde Rodrigues o secretário de Estado que deu a cara).

6. Em apuros, explicar na televisão o problema e a sua solução.
(O caso da licenciatura do primeiro-ministro foi o exemplo-maior. Em apuros, o primeiro-ministro explicou na TV em directo o problema e a solução: estava a ser alvo de uma calúnia, à qual não podia, nem queria responder nos mesmo termos.
7. Exagerar no anúncio das políticas para obter melhor cobertura mediática.
(Também o caso mais recente: perante os números do desemprego, Sócrates tentou virar o bico ao prego realçando os 106 mil postos de trabalho que já criou desde que chegou a primeiro-ministro. Exagerou no feito para apagar o desfeito - os não sei quantos postos de trabalho perdidos....)

Tem Marcelo razão? Nenhuma. O Governo, no plano da comunicação, está bem e recomenda-se.

1 comentário:

Anónimo disse...

No plano comunicacional, estará bem, e no plano governamental, bem mal. E assim a comunicação torna-se dificil.