No caso Freeport existe de tudo um pouco.
- Os jornalistas 'embedded' como os da extinta "Tempo". Sem comentários porque é mau demais.
- Os jornalistas poligamos (sempre disponíveis para acolher uma nova tese). Expresso dia 12 de Fevereiro de 2005 diz na página 17 e sem chamada à primeira página (embora estivéssemos a oito dias das eleições) que Sócrates é suspeito por alegada prática de corrupção; depois em Março, o mesmo Expresso, diz que foi tudo uma intentona aquilo que o Independente publicou a 11 e 18 de Fevereiro e, já na primeira página, escreve o semanário que "policias e jornalistas [do Independente] suspeitos por corrupção" isto porque os jornalistas do Independente são suspeitos de terem recebido contrapartidas sendo certo que o documento publicado pelo Independente é falso (hoje olhar para trás dá vontade de rir....o documento é verdadeiro, não houve nenhuma contrapartida ou sequer indício ou suspeita de que tenha havido mas o Expresso nada disse, em nada emendou a mão); depois em Janeiro de 2009 o mesmíssimo Expresso diz que a investigação ao Freeport afinal existe, tem provas e suspeitas e faz sentido que tudo seja investigado.
- Os jornalistas cara-de-pau. A actual direcção do Sol, ex-direcção do Expresso. Em Março de 2005 escreveram na primeira página, sem sequer ouvir o jornalista do Independente que escreveu a notícia sobre as investigações do Freeport, uma chamada dizendo que ele estava a ser investigado por suspeitas de corrupção (era violação de segredo de justiça, na verdade, e ele foi absolvido sem que o Ministério Público tenha querido recorrer mas essas são pequenas diferenças hein!?). Hoje, António José Saraiva diz que é o farol não sei-de-quê, o bastião não sei do que mais. Cara de pau, pelo menos isso, cara de pau.
- Os jornalistas abutre. Meter o dedo de fora, sentir a direcção do vento, cavar o mais possível e mesmo que se tenha que mentir queremos é ser os primeiros. Sábado e Visão. Ambas as revistas escreveram em 2005 (Abril e Maio creio) que o documento publicado pelo Independente era falso e a informação nele contida em nada correspondia ao processo. Como se tivesse sido produzido num vão de escada. Ora, parece que o documento e a informação nele contida existem ( o inspector-chefe da PJ de Setúbal assim o confirmou no processo onde foi julgada a violação do segredo de justiça, um processo que já não está em segredo de justiça). Já a Visão chegou mesmo a fazer uma manchete ("História de uma cabala", creio que era o títutlo) onde dicertava sobre a alegada cabala que tinha sido montada contra o primeiro-ministro José Sócrates em Fevereiro de 2005. Esquecendo-se que a PJ de livre e espontânea vontade decidiu fazer buscas perguntando pelo envolvimento do PM na aprovação do Freeport, a 12 dias das eleições quando todos sabíamos que Sócrates iria ser eleito primeiro-ministro. Mais um pormenor de somenos: as buscas foram de tal forma bem conduzidas que os responsáveis pelas mesmas continuam em funções incluindo a inspectora-chefe do departamento da PJ em Setúbal. Duas revistas, duas investigações goradas nenhuma emenda. Agora, em janeiro de 2009 as mesmas duas revistas fizeram uma manchete com as suspeitas dos ingleses sobre o PM português.
- Os ex-jornalistas: Há dias Miguel Sousa Tavares no Expresso falava sobre os jornalistas que divulgaram o caso Freeport em 2005 como se fossem jornalistas a soldo. Incompleta a ideia do ex-jornalista: a soldo da verdade. É ou não notícia que a PJ decida realizar buscas envolvendo o candidato melhor posicionado para ser eleito PM a 11 dias da sua eleição? M. Sousa Tavares acha que não. É a melhor prova de que matou o bom jornalista que um dia foi.
Não sei se José Sócrates fez ou não algo de mal. Não sei, sinceramente não sei, se terá tido algum proveito próprio por parte de algum dirigente da Administração Pública na aprovação do Freeport de Alcochete. Sei uma coisa: não são apenas os políticos que precisam de reflectir. Nós, os jornalistas também. E não é pouco. 'So help us God'.
P.S. Porque o tema já não está a arder nas manchetes vale a pena explicar porque o Ministério Público também deve reflectir. No processo que abriu aos jornalistas que alegadamente tinham violado o segredo de justiça em Fevereiro de 2005 o Ministério Público decidiu colocar como apenso (VII) o processo inicial (o que teve origem numa denúncia anónima que visava o actual primeiro-ministro). Em poucas palavras: no processo onde estava a ser investigada a alegada violação de segredo de justiça o Ministério Público violou o segredo de justiça colocando como apenso um outro processo, ele sim, ainda hoje em segredo de justiça. Acontece que, no preciso momento em que deixa de estar em segredo de justiça o processo que teve como arguidos os jornalistas, qualquer cidadão pode consultar o processo original que continua em segredo de justiça. Como dizia Frei Tomás: faz o que eu digo....
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