Li nos jornais que o mestre Manuel de Oliveira voltou no seu melhor. Fala, desta vez, do mito de El Rei D. Sebastião. Elogiam-se os actores, o argumento, tudo mas tudo. E tem-se esquecido o timming do filme.
É certo que Oliveira o rodou há um ano - e que já passou em Veneza. É certo, portanto, que ninguém podia prever a altura em que apareceria nos ecrãs portugueses - nem mesmo o Zandinga o poderia fazer, tal a sequência de imprevisíveis que se verificam de há um ano para cá.
Mas, visto à luz de hoje, não há altura melhor para o país olhar para o seu íntimo. O mito de D. Sebastião perdura nos portugueses como um vazio no seu estômago. E isso mostra-se em tudo, do futebol à política, alimentando a depressão natural de quem precisa de um rumo e de um líder.
Outros países há que cedo aprenderam a sobreviver sem o estadista que se segue, até mesmo sem o Estado que querem ver diminuído ao mínimo. Por cá, continuamos a olhar à volta, à espera que alguém nos tire do beco sem saída.
É por isso, julgo, que se houve uma e só uma pergunta nos dias de hoje: "mas eu voto em quem?"
À falta de melhor resposta, o melhor é ver o mestre Oliveira. Não resolve o problema, mas descansa a alma.
31 janeiro 2005
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