Depois de ler o Raul Vaz e de ouvir o Ricardo Costa, ambos convencidíssimos que Sócrates não vai convocar um referendo europeu, dei por mim a contar os prós e contras da decisão. Concluí que só não haverá referendo se, e apenas se, existir um compromisso dos líderes europeus nesse sentido. Sócrates tem razões de sobra para pedir a Cavaco um referendo. Aqui ficam cinco.
1. Sócrates acha que não é nada boa ideia quebrar um novo compromisso eleitoral - para mais, com uma ameaça de censura parlamentar à perna. E não, não se está nas tintas para o assunto. Porque se trata da sua imagem, que o próprio preza mais do que tudo.
2. Se fosse para anunciar que não havia referendo, sempre era melhor já o ter feito - e ser o primeiro país, enquanto presidente do conselho, a proceder à sua ratificação. Adiar? Para quê? Para prolongar a especulação? Não é o estilo.
3. Tendo em conta que a economia europeia não está a ajudar à estratégia montada, não há melhor para entreter o público do que um debate extraordinariamente animado (ler com ironia) sobre o futuro da Europa e o papel de Portugal nesse futuro. São alguns meses de animação garantida, até chegar a altura dos anúncios mais simpáticos (se a sorte ajudar), no Orçamento de 2009.
4. Esse debate, aliás, teria um efeito político animador: ver Menezes a fazer o mesmo discurso que o Governo, a um ano das legislativas, e num momento absolutamente determinante para a afirmação da nova liderança.
5. Como se não bastasse, Sócrates recebeu ainda um brinde de Menezes: o líder do PSD inverteu a estratégia do seu antecessor (e a sua própria opinião) e anunciou que é contra o referendo. Muito provavelmente, ficará sozinho a dizer que não valia a pena a consulta. E até Santana ficará mal na fotografia, depois de também ele ter prometido um referendo, em 2005, na sua falhada candidatura a primeiro-ministro.
Dito isto, e achando eu que Sócrates só tem a ganhar com a convocação, acho pessoalmente que o referendo europeu será um logro. Não só porque não terá qualquer efeito (nem sequer educador), mas porque sou pura e simplesmente anti-referendário. Sentimento que julgo ser partilhado pela maioria absoluta dos portugueses. Mesmo assim, lá estarei para cumprir o dever de sempre.
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1 comentário:
É engraçado que na CNN e na BBC a semana passada era dado como acordado que apenas a Irlanda fará um referendo por imposição constitucional. Nos restantes paises será submetido aos parlamentos.
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