Há uma coisa que me irrita solenemente: que a morte de alguém o torne um Santo, aos olhos e às vozes de quem o lembra. Se bem me lembro, quando Spínola morreu, Cunhal foi o único a dizer que a sua memória não lhe trazia nada de positivo.
Em memória de Cunhal - um homem inteligente, culto, genial, até - sigo o seu pensamento
Não partilho a saudade do país, mesmo sabendo o seu contributo para a história de Portugal. Acho que o papel positivo de Cunhal para o nosso país se ficou no dia 25 de Abril de 1974. Só. Por isso, especialmente pelo pós-revolução, Cunhal não me deixa a marca que deixará em muitos, de uma geração anterior à minha.
Já agora, e só para concluir: as pessoas respeitam-se em vida. Não depois da sua morte. Quem cumpre a primeira parte, poderá, em consciência, cumprir mais facilmente a segunda.
Por isso, pelo que foi, pelo que representou, pelo que deixa e pela história que construiu - acima do que me deixa a mim ou ao país - paz à sua alma.
13 junho 2005
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2 comentários:
Assino por baixo. Não há paciência para tanta bajulação post mortem.
Concordo inteiramente, os meus parabéns ao escrivão.
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