Um deputado falta ao trabalho: nada de extraordinário. Um deputado cola uma falta a um fim-de-semana prolongado: nada de extraordinário. Um conjunto de deputados falta a um dia trabalho: nada de extraordinário. Cento e sete deputados (50 do PSD, 49 do PS, 5 do CDS, 2 do PCP e 1 do BE) faltam a um dia de trabalho, enganam o patrão, assinam o livro de ponto e fogem para as praias do Algarve: pouco de extraordinário, muito de ordinário, pelo menos em Portugal. Para os mais desatentos: a geração de Abril fez o Maio de 68, provocou a crise estudantil de Coimbra, desgastou a ditadura, andou nas ruas do Porto com o General Humberto Delgado, berrou "nem mais um para o ultramar!" mas agora está barriguda, tem botões de punho, comando de televisão na mão, língua afiada e cartões de crédito. Fala em quotas e na moralização da política, quer menos abstenção e o fim da corrupção. Dá vontade de rir, não fosse trágica esta comédia. Quotas? Só se for para a competência, a seriedade, o sentido de Estado, o respeito pelo próximo e o fim do umbiguismo.
P.S. Chegou a Belém com uma promessa inequívoca e incontornável: credibilizar o sistema político, acabar com laxismo no uso da coisa pública e com os "tachos". O que andam muitos destes senhores deputados a fazer no Parlamento, senhor Presidente Cavaco Silva?
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2 comentários:
Muito bem visto e ainda melhor escrito.
O primeiro sinal do professor Cavaco Silva foi dado ao Expresso. "Ao que o Expresso apurou". A ver vamos, no 25 de Abril...a ver vamos
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