13 setembro 2005
Cavaco e o anúncio da candidatura
Porque é que Cavaco vai anunciar a sua candidatura depois das autárquicas e antes do OE? assim o afirma o DE na sua edição de hoje!
Parece-me óbvio que seja depois das autárquicas. Cavaco não pode entrar no debate das autárquicas, particularmente no momento do seu partido, em que Marques Mendes decidiu pôr ordem na casa contra os seus (partido) interesses mais primários e comprou guerras por todo o lado. Cavaco não pode ser chamuscado por isso.
Agora antes do OE?! Não consigo compreender. Passo a explicar. Cavaco é economista e é-lhe reconhecida uma reputação pragmática e inflexivel nesse campo, capaz de se manifestar relativamente às opções políticas independentemente do governo em exercício. Do ponto de vista do património político da sua candidatura presidencial, esse tem que ser um valor a puxar durante a delimitação do campo político na batalha presidencial. A sua força, certeza e superioridade nesses domínios conseguem facilmente encostar a um canto qualquer dos outros candidatos (mesmo tendo em conta o sempre difícil Garcia Pereira).
Ora o OE, pela sua mais que provável destrambelhice, daria a Cavaco o ângulo certo para iniciar a sua campanha, marcar o arranque e ir buscar votos quer à direita como à esquerda. Ao prescindir desse trunfo (arrancar por último e falando em primeiro lugar de um tópico vital para o país dentro da sua área de conhecimento), deixando-se misturar com todos os outros candidatos sobre o tópico (porque manifestamente o anúncio de Cavaco vai marcar a agenda política e à sua volta durante esses 2-3 dias vai ser terra queimada) vai perder a dianteira na captação de pontos à esquerda, espaço onde Cavaco tem que ir buscar algumas centenas de milhares de votos, vai ficar em desvantagem estratégica.
Posso aceitar a opção apresentada no DE, mas não consigo compreender. Se alguém me ajudar a descodificar isto a gerência agradece. Fiquem bem
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2 comentários:
Penso que Cavaco ao avançar para a candidatura, irá entrar logo a matar no tema da economia e finanças, o caminho que ele acha que Portugal deve trilhar. Assim não será Cavaco a ir contra o orçamento (da responsabilidade do governo) mas sim o orçamento a ir "contra Cavaco", o que suaviza, um pouco, a ideia (que será explorada pela esquerda) de Cavaco querer "governar".Entretanto, Soares cairá na "tentação" de vir à luta (é quase uma necessidade) e ao faze-lo encostar-se-á ainda mais ao PS.
Bem pensado...esta pode ser de facto uma interpretação.
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