05 dezembro 2004

Raison d’état

Há pouco mais de quatro meses, o Sr. Presidente da República tomou a decisão mais difícil da sua vida. Demorou a fazê-lo, pensou antes de o fazer. Mas tomou a decisão e fundamentou-a devidamente.

Mesmo para quem não gostou da decisão, e muitos não gostaram, o Sr. Presidente foi um homem de Estado. Teve a autoridade de quem fez o que a lei dizia. Assim deve ser.

Depois disso, uma sucessão de acontecimentos. Todos sabemos quais, mas nenhum de nós sabe verdadeiramente quais. Eu, por mim, gostava de saber. Gostava que o Sr. Presidente, homem de Estado há quatro meses, voltasse a mostrar que fez o que a lei dizia. A lei, digo eu. Porque a razão de Estado é isso mesmo: aplicar a lei, de forma fundamentada, desagrade a quem desagradar.

Ao Sr. Presidente, seja ele qual for, cabe apenas uma tarefa: ficar nas páginas da história pelas melhores razões. E não abrir precedentes perigosos para uma democracia que ainda é nova demais para arriscar a vida. Para já, aguardamos serenamente a explicação que é devida. Sem pressões, mas com justificada expectativa.



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