21 julho 2005

A crise


Já se adivinhava que estava mau, mas Campos e Cunha superou todas as expectativas: saiu do Governo 130 dias depois de entrar. E isto, feitas as contas, quer dizer o quê?

1. Que Campos e Cunha não sabe, nunca soube, não quer saber o que é um Governo. Este é feito de concessões, de negociações, de conversas e trabalhos infinitos.

2. Que os mais sérios, os mais competentes, os que sabem o que TEM de ser feito - a bem do país - não têm paciência nem persistência para levar as suas ideias até ao fim, contra os ventos e marés. O que é grave, muito grave, no que significa para o futuro do país.

3. Que ministros como Manuel Pinho e Mário Lino têm, de facto, mais força política e mais consonância de estratégia com o primeiro-ministro do que tinha Campos e Cunha.

4. Que a jornada do Governo socialista começa agora. Até aqui, tivémos um Governo que fez o que tinha de ser feito. Teremos o Governo que foi eleito. Acaba-se a esperança do médio-prazo, começa o tudo por tudo do curto-prazo. A confirmar-se, é mau sinal.

5. Que o Governo voltará, pelo menos, a falar a uma só voz. Se tem maioria absoluta, pelo menos que cumpra o que quer, sem episódios extra. Será, aliás, julgado por isso. Esperemos que só daqui a quatro anos.


Por tudo isto, Campos e Cunha FEZ MAL em sair do Governo. As pessoas sérias, honestas, trabalhadoras e com sentido de dever, mesmo que tenham divergências face à estratégia do Governo, fazem mais falta lá dentro do que cá fora. Lá dentro influenciam; cá fora não valem nada. O país precisava dele no Conselho de Ministros, não no Conselho de Senadores.

1 comentário:

Anónimo disse...

essa de o governo voltar a falar a uma só voz parece-me apenas "wishfulthinking"... afinal, há sempre um freitas, um pinho, um correia, um lino e outros que tais...sem falar no PS propriamente dito.