08 setembro 2005

Sérgio Figueiredo

Já tive o prazer de trabalhar com ele, ainda no Diário Económico, e já sabia que o Sérgio tem esta qualidade: frontalidade.

Hoje, no seu Jornal de Negócios, o Sérgio escreve uma nota onde chama mentiroso - sem as letras, mas com a palavra - a Manuel Pinho, ministro da Economia. Acusa-o, enfim, de dizer coisas que desmente no dia seguinte. Ou seja, de não ter carácter.

Conhecendo por dentro os jornais especializados, esta nota merece - sem medo - um elogio público.
Primeiro porque é uma justificação perante o leitor - que foi enganado num dia e merece saber porquê e por quem.
Segundo porque é dirigida a um ministro - e o Sérgio sabe, sempre soube, que terá zero notícias vindas daquele ministério nos próximos meses.
Terceiro, porque é num jornal económico, onde o Ministério da Economia é, sempre foi, uma fonte fundamental de notícias.
Quarto, e último, porque o Jornal do Sérgio - reconstruído, e bem, à custa do seu esforço - se arrisca muito seriamente a perder publicidade com este acto de frontalidade. Porque o jornalismo, em Portugal (país pequeno, pobre país), não é tão livre quanto pensamos.

Por isto, e porque sei que o Sérgio o faria com qualquer ministro, da Economia ou Finanças, e até com um que fosse seu amigo, aquele abraço para ele. Prometo ficar ainda mais atento - para saber como este Governo se comporta perante uma acusação pública.

2 comentários:

Anónimo disse...

A independência dos media face ao Governo é neste momento quase impossível em Portugal.

Anónimo disse...

Comportou-se com um silêncio ensurdecedor, o que diz muito sobre muita coisa.
MB