Suzana Toscano sobre o OE2006,
no Quarta República:
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Temos que reconhecer que a apresentação do Orçamento de Estado correu bem, num ambiente menos dramático, com power point e um Ministro das Finanças descontraído, como se estivesse a explicar aos seus alunos uma matéria que era suposta já ter sido estudada por todos.
Quanto ao conteúdo, o aplauso parece vir de todos os sectores, mais coisa menos coisa, mas, aquilo que há um ano atrás resultava de vontades vingadoras e pouco sensíveis, condenadas sem apelo à justa ira dos cidadãos, surge agora como uma evidência cristalina. Reduzir as despesas do Estado; congelar as admissões na função pública ou estabelecer critérios ditos “cegos” para a política de pessoal; extinguir serviços recolocando as pessoas ou – oh! heresia das heresias! – enviando-as para a bolsa de disponíveis, etc, etc. Elementar, meu caro Watson…
Pois é. Criou-se finalmente um clima que permite que sejam afirmadas estas políticas e estas vontades sem que caia este mundo e o outro e, sobretudo, sem que se criem processos de intenções sobre as sensibilidades de quem os defende.
Esperemos que o Governo tenha agora a capacidade para executar o que se propõe, reconhecendo, tarde e a más horas, que afinal não havia muitas alternativas a seguir e que, enquanto oposição, a atitude do Partido Socialista surge hoje como imperdoável.
Foi muito interessante ouvir o Dr. Fernando Ruas, hoje, no Prós e Contras, afirmar que um Secretário de Estado actual foi grande dinamizador dos protestos da Associação Nacional de Municípios há um ano, “espevitando-os” (sic) para serem ainda mais radicais do que eles pretendiam…
Aqui, onde poderá até haver vontade, falta sobretudo autoridade.
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18 outubro 2005
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