13 outubro 2005

O Amor de Carlos Drummond de Andrade (aiii)

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar
por alguns segundos, preste atenção.
Pode ser a pessoa mais
importante
da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho
intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando
desde o dia
em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os
olhos
encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre
vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a
vontade
de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou
um
presente divino: o amor.

Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em
troca
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos
valerem mais
que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira
e a
outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e
enxugá-las
com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em
qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se
ela
estivesse ali do seu lado... se você achar a pessoa maravilhosamente
linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos
emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo
encontro que
está marcado para a noite... se você não consegue imaginar, de
maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo
assim,
tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... se você ~
preferir morrer
antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou
na sua vida.
É uma dádiva.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam
ou
encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não
prestarem
atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo
acontecer
verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais, não deixe que as loucuras
do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o
amor.

Autor: Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais amor. O melhor amor!

As sem razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

Laura Pra Baldi disse...

acho lindo, lindo de morrer esse poema.