20 outubro 2005

O país prefere o silêncio

Por excepção, e porque hoje é dia da entrada de Cavaco em cena, resolvi deixar aqui uma curta nota que escrevi para a edição de hoje do DE. Por tudo isto e também por causa de uma interessante discussão que tive ao jantar de ontem, sobre o que seria Cavaco em Belém. Cá vai.

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1.
“Se me está a perguntar se vou dissolver a Assembleia da República, respondo-lhe categoricamente: não!”. Foi assim que, há dez anos, Cavaco Silva respondeu à pergunta sacramental para quem é candidato à Presidência da República. Já Jorge Sampaio, o candidato socialista, na altura nada disse. E foi o que se viu.
Hoje, no dia em que volta a uma corrida presidencial, é mais que nunca fundamental perguntar o mesmo a Aníbal Cavaco Silva. E é mais importante que nunca que a sua resposta seja clara, inequívoca e definitiva. Depois do que aconteceu no país nos últimos cinco anos, quatro chefes de Governo passados, o ponto de partida para Belém passa por aqui: “Em alguma circunstância admite dissolver a Assembleia da República?”.

2.
Muito se tem dito, entretanto, sobre a alegada vantagem que Cavaco Silva leva nesta “volta de aquecimento” para o Palácio de Belém. A dita vantagem é real e não parte apenas do ‘estatuto’ ou ‘credibilidade’ do ex-primeiro-ministro. Nem sequer da divisão da esquerda, do próprio PS, ou do desgaste do Governo de José Sócrates. Não.
Simplesmente, e até aqui, o silêncio de Cavaco Silva tem valido mais do que a presença de Mário Soares. Assim como o silêncio de José Sócrates, nos primeiros meses de Governo, lhe valeram mais do que o esforço de "comunicação" feito desde então. Veremos o que acontece a partir de hoje, agora que o silêncio acaba.
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