O momento político nacional está quente e interessante, mas, para não variar, desfocado. As eleições presidenciais aproximam-se à velocidade do furacão Wilma e, como era de esperar, o nível da discussão começou a baixar, sobretudo nas apreciações vindas das candidaturas que antecipam derrotas e desilusões – ver artigo de hoje no DN do Medeiros Ferreira, apoiante de Mário Soares, sobre o percurso político de Cavaco Silva.
Mas o pior não é chafurdice na lama do baixo combate político. O problema é que a campanha para as presidenciais vai ser mais uma oportunidade perdida – pelo menos, é o que se começa a desenhar. Portugal vive uma crise grave: económica, social e política. Com uma única razão de fundo: a social-democracia e o modelo social europeu estão à beira do fim. Ou seja, as estruturas que suportam a vida dos portugueses e dos europeus estão a ser abaladas. E perante isto, o que estamos a fazer? Seguramo-nos com o cordel do passado para enfrentar o tsunami do futuro.
Portugal, tal como a Europa, deveria estar a discutir a mudança para o novo mundo, com menos Estado e mais iniciativa da sociedade privada. A questão passou novamente a ser o que posso fazer pela sociedade a que pertenço e não o que ela pode fazer por mim. E não é isto que está a acontecer, nem o que vai ocorrer com estes candidatos a Presidente da República. Todos eles nobres representantes do mundo velho. Foram eles, e bem na época, os principais obreiros do regime social e económico do país – apoiado num Estado generoso e interventivo.
Portanto, estes candidatos são um equívoco neste momento da história e a prova de que não há renovação política em Portugal. Assim, o melhor é olhar para o lado e votar em branco.
25 outubro 2005
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2 comentários:
Caro Bruno,
agradeço desde já esse voto no futuro. Pode ser que seja útil um dia, estando eu já velho, com mais de 35 de idade... e candidato.
Um abraço,
Rui Branco
Ah o que vem a seguir à social-democracia e ao modelo social europeu é um Tsunami? Portanto, uma tragédia? E foi você que pediu uma tragédia para o futuro do país e dos filhos desta geração?
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