28 outubro 2005

Bonecas Russas: a minha revolta contra um crítico de cinema

Fui dos primeiros estudantes Erasmus deste país. Como a maior parte dos estudantes Erasmus por essa Europa fora, esse foi o melhor ano da minha vida. Tal como qualquer estudante Erasmus voltar a Portugal foi o maior choque que tive na minha vida. Por uma razão muito simples: eu tinha mudado, mas nada mais tinha.

Daí que ver surgir "A residência espanhola" passados alguns anos dessa experiência, foi uma revisita, e foi delicioso. Não era um grande filme que tratasse de temas universais, mas cumpria aquilo que se espera de um filme com intenções comerciais "mais pas trop": aliviar tensões, despertar emoções, fazer sonhar, levar-nos a pensar, fazer acreditar que há uma coisa que é uma causa e que se chama Europa e que só sobreviverá se, como na "Residência..." de Barcelona (sempre Barcelona!!!), da diferença surgir a união e o respeito pelas individualidades.

As acusações de simplismo confrangedor à sequela, "Bonecas Russas" são desajustadas. É certo que não é uma grande película. Pobreza argumentativa, sobreutilização dos clichés plásticos do novo cinema francês, actores com interpretações medianas, construção de personagens com pouca densidade, ligeireza dos desenlaces. Mas o que é verdade é que o bom do Cédric consegue novamente tocar na "mouche" do universo " erasmusiano: o difícil retorno, a insatisfação com as soluções tradicionais, a busca de caminho no caos pessoal, e, sobretudo, o amor aos 30 anos.

Como estou nessa casa etária, achei piada ao percurso do bom do Xavier. E ainda mais à sua conclusão.

Quando chegamos a esta idade, o futuro está por construir e há condições para ter sonhos até aqui nem sequer imagináveis, mas já temos algumas certezas quanto às nossas emoções: quando as coisas "batem" é porque há razões muito fortes para isso acontecer e porque todas as nossas experiências elevam a fasquia para um patamar superior, embora comecemos a perceber que a perfeição resulta das imperfeições e da beleza das partilharmos.

5 comentários:

Anónimo disse...

E foste para a europa - se tens ido para os Estados Unidos aí sim saberias o que é a frustração de voltar para esta choldra.

Anónimo disse...

Este último comentário é um bocado forte demais.
Concordo a 100 % que o ano de erasmus é um dos melhores da Vida e que voltar nem sempre é fácil. Mas please... Portugal não é nenhuma "choldra".
Tb tive lá fora, e quero voltar lá para fora. Mas não é por isso que deixo de adorar o nosso Portugal e em ter mto orgulho em ser portuguesa!
Chega de desprezar o q é nosso.

PS: adorei o filme! Digam os críticos o q quiserem... o filme é bom e recomenda-se.

atrasado disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
atrasado disse...

"Cédric consegue novamente tocar na "mouche" do universo " erasmusiano: o difícil retorno, a insatisfação com as soluções tradicionais, a busca de caminho no caos pessoal, e, sobretudo, o amor aos 30 anos."

Concordo plenamente com esta afirmação. Nós, ex-erasmus, mais que ninguém, acho que passamos por esta fase. A readaptação não é fácil. Porque tal como dizes qdo se volta: estamos mudados, nada mais está.

Apesar de este filme já não tratar de uma forma tão directa do Erasmus, este é mais um filme que seguramente será mais uma referência para os Erasmus...

Trobadour Solitaire disse...

Olá,tudo bem? Eu estou procurando informações para ser um Erasmus e como vi que você foi um dos primeiros,gostaria de obter informações com você de como se processa isso,pois eu vi no filme e também ja vi diversos sites que devemos entregar uma papelada,mas e depois? Quais são os critérios de escolha..é muito difícil?

meu email é vini4050@terra,com.br espero resposta e muito obrigado!