Parecia uma discussão mediada por um conselheiro matrimonial.
Durante anos abafados os traumas de uma conflituosa relação, saltaram todos, em mola, cá para fora. Tudo o que foi mantido no campo íntimo de Soares durante anos, saíu agora em erupção. Cavaco manteve a pose, resistiu como pôde a um Soares ferido que lutou como um afogado.
José Miguel Júdice, ontem na SIC-Notícias, dizia que Soares investiu tudo neste debate, que parecia que Soares estava a debater-se com todas as suas forças.
Como um moribundo condenado, acrescento eu. Embora considere que Soares não o é.
É um resistente, é um batalhador, é um maratonista.
E aí ninguém dá melhores cartas do que ele.
Daí a minha angústia ao ver Soares, a quem reconheço estas qualidades, numa estratégia de desespero, como se daqueles ataques dependesse a sua vida. Senti-me desconfortável ao ver alguém com o seu passado recorrer a todas as tropelias discursivas.
E pensei que algo não estava a bater certo:um homem que tanto deu à nossa democracia, ter de passar por esta prova.
Mas se calhar não há razões para este meu desconforto. Se calhar esta foi mesmo a prestação de um homem desesperado, de um homem que luta com as suas últimas forças para sair com dignidade de mais uma batalha política.
21 dezembro 2005
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