A hfm lê-nos e faz-se ler. Tem um blog que se chama http://linhadecabotagem.blogspot.com/ e lá vem um poema do Mourão-Ferreira que como tantos do Mourão-Ferreira faz da tristeza, esperança
Natal, e não Dezembro(1962)
Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
Obrigado por nos lerem
22 dezembro 2005
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