22 março 2006

Amor II

"A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura.
Ora amarga, ora doce,
P'ra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura."
Ornatos Violeta

Disse-te que a palavra amor não se escreve nas paredes.
Só nas linhas de um soneto ou na tela do cinema.
De resto, convém preservá-la, não a deixar esborratar em cada esquina dos dias.

Às vezes, há uma solidão aterradora.
Um novelo de lã emaranhada.
Nós que não consigo desfazer.
Nós eramos felizes.

Por tua causa, já escrevi noites de páginas com a palavra amor.
Já peguei nela de todas as maneiras.
Já a virei ao contrário.
Espreitei-lhe as entranhas.
Usei e abusei.
Gastei a palavra, amor.

Sem comentários: