17 março 2006

O meu argumentário anti-directas

1. O factor mediatismo é pura ilusão. É verdade que os candidatos têm tempo de antena nos media, mas também o teriam (como tiveram sempre) enquanto candidatos a líderes em congressos. Não se ganha um só minuto antes. Perdem-se centenas de minutos no dia D.

2. O factor democracia interna não passa do populismo. A mera eleição de congressistas é, em si, um acto democrático. Rejeitar isto é o mesmo que dizer que os Estados Unidos da América não têm uma democracia. Já ouvi o argumento à esquerda (especialmente após derrotas de candidatos democratas, claro está), mas nunca à direita.

3. O factor "caciquismo" é um disparate. É tão fácil controlar um congresso, como controlar os votos dos militantes que se dirigem a cada uma das distritais para votar. Para mais, porque os disponíveis para esses votos são poucos - e sempre os mais activos. Ou seja, os mais interessados nas manobras de liderança.

4. O factor "modernidade", por sua vez, é o argumento mais fácil de quem não valoriza o factor "história". Ou seja, citando Nozick, a mudança deve ser feita só e apenas quando o presente está "proved wrong". E pergunta-se agora: os congressos do PSD são o mal do partido? A resposta é clara: não. Os congressos, aliás, têm sido em vários momentos o melhor exemplo da vida do PSD (facto que até a esquerda reconhece sem qualquer dificuldade).

5. Por fim, o factor PS. Ou seja, a eleição de José Sócrates em eleições directas. Diz-se agora que Sócrates é um líder com maior legitimação por ter sido eleito em directas. "Perfect Non-sense". Sócrates teve maior legitimidade, sim, mas porque foi desafiado por outros dois militantes socialistas (Alegre e João Soares) e porque a disputa não foi só ao nível pessoal, mas também estratégico e de ideias. Teria sido igual ou melhor (julgo que melhor) se a eleição tivesse sido em congresso.
Para o provar, basta olhar para as eleições no PS desde 1994 - sempre directas. Guterres e Ferro foram assim eleitos. Sempre sozinhos na corrida. Tiveram por isso algum resultado especial? Não. Basta olhar para o número de militantes do PS que votaram para o perceber. Foram tão poucos que ninguém se recorda. Ou alguém se lembra de um único congresso do PS? "I rest my case".

1 comentário:

Anónimo disse...

Agora que os dois partidos dominam a comunicação social, privada e estatizada, é natural que apoiem as directas!
Assim-nao-vamos-la.blogspot.com