1. É cedo para fazer uma avaliação do Governo. É preciso deixar os novos ministros lerem as pastas, tomar as primeiras decisões e revelarem prioridades de actuação antes de se poder emitir uma opinião ajuizada.
2. Ainda assim, o novo ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, parece ter furado esta lógica de bom senso. Este economista, com um currículo académico assinalável, começou a emitir opiniões públicas sobre aquilo que pensa fazer ainda antes de tomar posse e de conhecer o estado real das finanças públicas.
Afinal, uma das primeiras medidas anunciadas pelos socialistas – e prevista no programa eleitoral – passa precisamente por pedir a Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal, que lidere nova comissão de peritos para auditar as contas públicas e apurar o verdadeiro desequilíbrio orçamental. Esperar pelo apuramento da dimensão real do problema antes de revelar uma possível estratégia para o resolver seria uma prova de bom senso político.
3. Pior. Conseguiu desde logo negar o cumprimento de uma das promessas eleitorais do novo primeiro-ministro – não aumentar os impostos. Deixo duas questões. Será que Luís Campos e Cunha terá a arte política suficiente para aguentar quatro anos à frente das problemáticas finanças públicas nacionais? E será que terá a força política suficiente para dizer "não" aos seus colegas de Governo e fortes figuras do aparelho socialista quando estes pedirem mais dinheiro para brilharem nas suas áreas? Deus queira que sim, a bem das contas do Estado.
08 março 2005
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