A venda dos medicamentos que dispensam receita médica em qualquer estabelecimento e não apenas nas farmácias parece-me, à primeira vista, uma decisão acertada. Mas confesso que não compreendi porque é que José Sócrates escolheu este sector como exemplo do que pretende mudar nem porque o fez no discurso da tomada de posse, no meio de referências à necessidade de finanças públicas sãs, de compromisso no combate à pobreza ou da prioridade que é a aposta na educação.
Disse o PM que entre os objectivos imediatos do Governo está a resolução “de estrangulamentos que impedem que o interesse geral se imponha aos interesses particulares e corporativos que não servem a maioria dos portugueses”. Por isso mesmo, muitos outros exemplos podiam ter sido apontados por Sócrates. Em matéria de concorrência, sectores como as telecomunicações, a energia ou os notários são paradigmáticos. Não que as farmácias estejam excluídas na lista, mas não se entende porque é que só elas mereceram referência na tomada de posse quando, nas telecomunicações por exemplo, não faltam queixas sobre práticas de dumping, os preços chegam a ser 40 por cento acima dos praticados noutros países e a PT é proprietária da rede fixa e do cabo, algo que não existe em nenhum Estado europeu. Terá Sócrates encontrado os bodes expiatórios?
14 março 2005
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