Acabei de ler a introdução do Relatório Constâncio, que tem apenas 13 páginas. Aconselho vivamente, sem ironias.
Ao ler a dita introdução, que está bem escrita, bem justificada, bem estruturada, qualquer leitor minimamente atento perceberá que o dr. Vítor Constâncio é dos poucos homens realmente sérios deste país. Nem mais: o governador apoia quem tem de apoiar, aponta os caminhos que julga correctos e indispensáveis, deixa os recados a quem tem que deixar. Não teria nada que saber, não fosse ele o único que o faz coerentemente.
O que é interessante no relatório é que tudo é feito (para além do rigor) com contas feitas por baixo. Um exemplo: as contas das autarquias e regiões autónomas não são incluídas, por falta de informação disponível. Agora, alguém acredita que em ano de autárquicas estas despesas não subam?
Depois, olhando a cada rúbrica, encontramos as coisas mais extraordinárias.Lembram-se dos aumentos prometidos aos funcionários públicos? Pois bem, não estavam orçamentados. Situação idêntica se encontra nas pensões da CGA.
Outro caso curioso é uma receita extraordinaria com o nome pomposo "venda de concessões". Parece que o Banco de Portugal procurou, perguntou, questionou, e ninguém sabe o que é. Resultado: menos 500 milhões nas contas, mais coisa menos coisa.
Tendo dito isto (e muito mais poderia dizer), tenho que concordar numa coisa: o PS tinha razão ao pedir o relatório. E o ministro das Finanças tinha razão ao dizer que a coisa anda negra. Agora, tenham a coragem de fazer o que é preciso fazer. Usem a maioria que o povo vos deu, que é para isso que ela serve - para não haver desculpas.
P.S. Já agora, aconselha-se o dr. Marques Mendes a ler o relatório antes de pôr a dra. Dulce Franco a dizer disparates como "a culpa é do eng. Guterres", tá bem? Há coisas que, mesmo sendo parcialmente verdade, não se podem nem devem dizer. Não agora.
24 maio 2005
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