Caso venha a ser feito um referendo sobre o aborto, penso que só devia ser votado pelas mulheres. Não me parece razoável que um homem possa tomar uma decisão sobre algo que na prática, o máximo que poderá vir a representar será um incómodo para a sua carteira ou para a sua consciência mas nunca para o seu corpo.
Acho fantástico, o descaramento com que se transforma um assunto desta natureza num crachá político tornando-o a lenha favorita da gulosa fornalha que aquece o mundo, neste frio Inverno mental, que são os media. Acho mais fantástico ainda observar a forma entusiástica como as massas, incapazes de formar uma opinião própria, seguem hipnotizadas os brilhantes discursos que são feitos sobre a matéria e no fim ainda se sentem alegremente impelidos a tomar o partido de uma qualquer das partes. Como se este assunto pudesse ser dividido em partes.
Mas, inevitavelmente, tratando-se de um tema de choque e comoção, de acesso óbvio (enquanto tema, não enquanto realidade), de opinião fácil, altamente popular e abrangente, é inevitável a sua rentabilização a todo o custo. Seja em que área for.
Acho que já era altura de todos e cada um de nós procurarmos a única opinião minimamente válida, dentro da sua própria subjectividade, que é a verdadeira opinião que existe no nosso interior. Sem medo de ferir o vizinho, os ideais do partido ou os fantasmas da religião. Esquecer tudo e pensar apenas nos objectos metálicos de cariz quase medieval que penetram uma vagina e dilaceram, no útero, os tecidos necessários a causar a morte. E no que isso nos faz sentir.
Como tal não é possível, porque a estupidez, a ambição, o oportunismo ou as três coisas juntas, tratarão de ocupar a mente de uma boa maioria dos potenciais votantes em tal matéria, seria mais justo, a meu ver, que a responsabilidade das decisões passasse apenas por aquelas que no meio deste jogo ridículo e infantil, de vez em quando se magoam e sangram a sério. As mulheres.
ANARCATÓLICO
PS – Um grande beijo para todas as mulheres do mundo. Sem vocês isto não valia a pena! *
03 maio 2005
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