O ‘não’ em França foi rotundo, sonoro, destruidor. A sua primeira consequência é uma travagem a fundo na União Europeia. Alguém acredita que os chefes de Governo dos 25 consigam, daqui a duas semanas, um acordo sobre as perspectivas financeiras? A poucos meses das eleições alemãs e com Chirac muito fragilizado? Ninguém, pois claro.
Outra pergunta: a renegociação da PAC? Como fica? Depois do ‘non’, alguém crê que Chirac possa abdicar dos extravagantes benefícios franceses depois desta derrota?
E vai mais uma: a directiva Bolkestein. Depois de um chumbo associado ao anti-liberalismo, resta alguma hipótese de se avançar – mesmo que devagarinho – com a liberalização dos serviços na Europa? Zero. Nenhuma.
Ontem, ouvi Chirac dizer que a França agirá na UE em defesa dos valores representados pelo ‘non’. Temam o pior. Depois disto, se houver uma renegociação de alguma coisa na Europa, acreditem que será tudo menos bom para os pequenos. Portugal incluído.
Basta olhar para os últimos três anos para perceber porquê. Portugal violou o Pacto de Estabilidade? Avança um processo. França e Alemanha violaram o Pacto? Não tem mal, deixa para lá.
Agora digam lá sinceramente: acham que vai sobrar para quem?
30 maio 2005
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