03 março 2006

Ensino Superior: a vergonha

Tive acesso a todas as propostas de legislação relativas à reestruturação do ensino superior decorrente da aplicação de Bolonha.

Primeira grande conclusão: os Conselhos Científicos já eram. Agora os Conselhos Directivos e as Reitoria tornam-se "o poder". Lá se vai a bagunça da defesa de feudos ditada pelos professores do ensino superior. Acabou a feitura de cursos à medida dos galos que existem em cada capoeira e das parvoeiras que atrasaram definitivamente grande parte do nosso sistema de ensino relativamente aos seus congéneres europeus. O modelo aplicado até aqui à gestão hospitalar passa para a gestão das unidades de ensino superior.

Segunda grande conclusão: o Ministério do Ensino Superior não está a supervisionar convenientemente os processos de transição das intituições de ensino para Bolonha. Estão a aceitar tudo o que lhes seja proposto que cumpra os requisitos minímos. Deixam para as futuras Agências de Acreditação decisões mais vigorosas. Obviamente as instituições de ensino superior, antecipando a perda de poder dos seus corpos docentes, estão a minar completamente o processo "martelando" vigorosamente os planos de cursos e a validade cientifica das propostas educativas para defender ao máximo os interesses instalados ("os criminosos andam sempre à frente da polícia").

Terceira conclusão: o espirito de Bolonha, que tanta mudança está a produzir por essa Europa fora e que finalmente está a permitir ao espaço europeu comparar-se ao dominante espaço anglo-saxónico, está a ser completamente subvertido em Portugal. A educação centrada no aluno está a ser substituída pela educação centrada no tacho do professor.

E o Mariano que é Gago continua a assobiar para o ar de uma forma vergonhosa e chocante como se tudo estivesse a correr de modo normal.

E esta, que deveria ser a reforma por excelência em Portugal, porque catapultaria o nosso país para o outro patamar, está a ser efectuada de forma leviana.

Uma vergonha e mais umas dezenas de anos de atraso. Tenham juízo senhores burocratas.

Sem comentários: