Eu estava a guardar silêncio sobre matérias europeias - porque o silêncio, às vezes, é uma maneira de falar. Mas depois de uma provocação em casa própria não posso evitar umas linhas sobre o assunto.
Seguem-se curtas respontas ao meu caro Luís Rosa - Primeiro as frases dele, depois o que tenho a dizer.
1. "Para mim, a Nação portuguesa está acima do bem comum europeu. Ou seja, os representantes do Estado português nunca podem deixar que o bem comum dos restantes 24 Estados-Membros se sobreponha ao bem comum da comunidade portuguesa".
Ok. Se todos os 25 países da UE pensarem assim, não há UE. É uma opção. Deve ser assumida por cada páis, individualmente. É para isso que vai haver, por cá, um referendo.
2. "Ideal político não existe, meu caro.O que existe é um ideal económico que, realmente, como mercado único se revelou fundamental para o desenvolvimento do económico e social do continente."
Contradição em termos, meu caro. Não conheço melhor ideal político do que procurar garantir melhores condições de vida a cada cidadão. Ou seja, garantir que eles tenham todas as condições para o usufruir.
3. "No que diz respeito a Portugal, a história demonstra que poucas foram as vezes, desde 1986, que os políticos portugueses bateram o pé a Bruxelas."Perdão pela ignorância: não sabia que valia mais bater o pé do que negociar sem barulho. Fiquei a saber agora. É uma opção. Acho até que já a li numa entrevista de Santana Lopes ao Expresso, dois meses antes de ser PM.
4. "O federalismo europeu é tudo menos democrático".
Não é verdade. É ver na internet - podes encontrar tudo sobre o conceito de federação. Mas começa por ler o próprio conceito de federação, num dicionário. A saber: "Estado formado por outros estados; forma de organização política em que estados se unem, mantendo cada um o controlo de algumas actividades sectoriais, mas entregando a um Governo central a diplomacia, a moeda, a defesa nacional, etc; união, associação". Está na Porto Editora.
5."Porque razão os federalistas repetem referendo atrás de referendo até o "sim" ganhar?
Não sei. É perguntar em cada país. E, já agora, perguntar aos respectivos povos porque acabaram por votar sim de forma maioritária. Chama-se democracia. E pode ser invertida: se houver contestação suficiente, pode haver sucessivos referendos para pedir o contrário. Pode até decidir-se que se quer sair. Vê lá tu!
Abraços insubmissos,
DD
28 outubro 2004
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3 comentários:
Quem afirma que a posição que defende na UE é a de bater o pé está simplesmente a dizer que não tem posição na UE.
Parabéns pelo brilhante contraditório David. Não há definitivamente pachorra para "Amigos de Olivença" e companhia limitada...
Na "mouche".
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