Há coisas que fascinam uma pessoa menos sensível às artes quando visita um fórum da mesma. Passei pela Arte Lisboa. Gostei. É lógico que não consigo autonomizar tendências, absorver influências ou detectar futuras estrelas...cadentes ou não. Mas a estética não me é completamente estranha. Pelo que posso dizer que me impressionaram algumas das propostas e instalações que por lá vi. É natural que não consiga perceber a razão pela qual há artistas que colocam um violoncelo numa barra de aço a 2 metros de altura e lhe chamam arte, mas por essa razão é que eles o são e eu não.
Aquilo que verdadeiramente me transcende é a posição de alguns membros da audiência que olham para qualquer obra e dela extraiem significados que nem os artistas sob o efeito de cogumelos marroquinos pensariam ter incutido às suas criações. Quando lá estive, na Arte, aconteceu umas poucas de vezes.
E nestas ocasiões lembro-me sempre de algo que me aconteceu na Tate Modern: 2º piso, batalhão de japoneses com as mais avançadas câmaras digitais, retratando tudo o que pode ser retratado; de repente, um grupo de 6 pára de estaca junto a uma parede...flashada...flashada... flashada... flashada...falatório...falatório. Um pouco atrás alguns funcionários da Tate riam, da forma discreta e snob como só os funcionários da Tate o sabem fazer. O alvo da atenção e fascínio dos nipóncos era um dos extintores de parede "avant garde" de que a Tate dispõe, e que para o efeito tinha sido elevado a Pollock ou algo assim.
Com efeito Arte é aquilo a que quisermos dar um significado que vai para além da literalidade e que nos cria mundos dentro do mundo. "Ça c'est pas un pipe" pintou Magritte.
Parabéns à organização da Arte Lisboa.
29 novembro 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário