02 novembro 2005

Sobre o referendo ao aborto, parte II

Não há nada como ser questionado para poder esclarecer posições. Irei responder em diferentes posts aos diferentes comentários que me foram efectuados a propósito da minha tomada de posição sobre o referendo ao aborto.

As respostas serão relativamente às diferentes ordens de razões que aleguei para fundamentar a minha posição, a saber: científicos, sociais, morais e políticos. Não aleguei razões religiosas pelo que não utilizarei argumentos de carácter religioso para defender a minha posição. A minha primeira resposta incide sobre o post de IDS que, valha a verdade, é o menos exigente e por tal o mais simples de ser respondido, embora seja um comment que, na minha opinião, degrada a posição feminina quanto a estas matérias.

1º comentário
"IDS said...
Eu às vezes pergunto-me: porque que é que os homens querem tanto falar do aborto? Porque não deixam isso por mãos dignas? Não será esse tema da estrita competência de senhoras... O facto de se referendar... não significa que se vá continuar ou deixar de abortar.Infelizmente... "


Resposta:
Desde quando è que a maternidade é uma questão que diz respeito exclusivamente às mulheres? Eu não sei que homens V. Exa. conhece, mas tenho pena que não tenha conhecido homens que vivem a maternidade de uma forma madura, consciente, responsável e humana, e que a consideram a forma mais elevada de amor.

Pergunta V. Exa. porque não deixam os homens a questão para mãos dignas? E se não será esse tema da estrita competência de senhoras?

Em primeiro lugar a questão da dignidade das mãos, prende-se mais, na minha opinião, com a qualidade do hidratante e com a firmeza da mão do manicure, tendo, por isso, pouco a ver com a questão em apreço. Relativamente à competência para tratar da questão ser da competência das senhoras, digamos que é uma questão interessante, e alegarei em minha defesa, em jeito de brincadeira, que a legitimidade dos homens é a mesma que a das mulheres para se pronunciarem sobre charutos ou automóveis, ou mesmo aquela da reputada investigadora norte-americana para anunciar ao mundo as suas descobertas no campo da urologia. (peço desculpa pela brincadeira, sobretudo sobre um tema tão importante, mas esta parte do comment só pode ser respondido assim).

Somos seres humanos e estamos a lidar com questões relativas à vida humana, pelo que a legitimidade para discutir o tema se encontra à partida definido.

Sou a favor do referendo, desde que sejam cumpridos os requisitos para este ser efectuado. A minha tomada de posição é clara: não estou contra o referendo; valido-o como instrumento de aferição em sede democrática; tomarei posição pública, no quadro legal vigente, e por tal utilizarei os instrumentos que estão ao meu alcance para defender a minha posição e para informar quem não está informado sobre o que está em causa nesta pretendida iniciativa legislativa. Não farei as minhas alegações neste blog.

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