Centrar-me-ei na fundametação política para a manutenção do actual quadro legal:
1º
a) A American Medical Association, entre outras, (com estudos veiculados em diversas revistas cientificas e de de divulgação) aceita a existência de vida humana com uma definição muito precisa. A apresentação deste argumento cientifico é essencial para a argumentação política.
b) Portugal é membro das Nações Unidas subscreveu os tratados de forma voluntária e responsável e por tal submete-se aos seus quesitos e clausulados nos termos previstos no Direito Internacional. Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no seu artº 3, refere-se o direito à vida. Pelo que não compreendo a possibilidade de questionar a aplicabilidade de uma norma fundamental para o Estado Português.
2º
Recorrentemente, a argumentação contrária à manutenção do actual quadro legislativo centra-se nas questões da aplicabilidade do mesmo. Ora se refere a falta de estruturas de apoio de carácter social, ora aquelas de carácter material-financeiro, ou ainda as de saúde pública. Mas se não estou enganado então estamos face a um problema regulamentar e não legal. Se a lei está correcta mas a sua aplicação-operacionalização está a ser impossibilitada pela falta de condições de estruturais ou infra-estruturais, mudem-se os regulamentos e não as leis
3º Uma das razões do surgimento do Estado enquanto figura institucional é a manutenção da ordem e da segurança na perspectiva da defesa da integridade, não dos fortes e poderosos, mas antes daqueles que menos recursos têm e menos capacidade têm para se defenderem. Pelo que a preservação da vida, em particular dos mais inocentes e desprotegidos, é um dever fundamental do Estado e não o seu contrário.
03 novembro 2005
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2 comentários:
mai nada!
Gostei do ponto de vista:
João Miguel Tavares in Diário de Notícias 03/11/05
Tudo menos óbvio
"... Muitos dos que lutam pela despenalização agem como se liberalizar o aborto fosse uma causa equivalente à defesa da liberdade de expressão, da igualdade das mulheres ou da abolição da escravatura. Vão-me desculpar é preciso estar toldado por um espírito de cruzada e não ter a mínima noção das proporções. Talvez um feto não seja "vida". Talvez não seja uma pessoa nem tenha os seus direitos. Mas não é um tumor que deve evidentemente ser extraído se o seu portador assim o desejar. Digam tudo o que quiserem sobre o aborto. Tudo, menos que é uma questão básica. Tudo, menos que tem uma solução óbvia."
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