21 fevereiro 2006

Em defesa da Ordem

O João Morgado Fernandes quis pôr ordem no debate sobre a Ordem dos Jornalistas e veio dizer que a malta não discute o essencial. E o que é essencial para o João? O facto (verdadeiro) que o Conselho Deontológico e o Sindicato estão há décadas entregues a uma clique. Por isso, pensa o JMF, mais vale não perder tempo com discussões porque os jornalistas não ligam a estas coisas colectivas.
O João é um pragmático, o que só lhe fica bem, mas é ele que não discute o essencial: O jornalismo que se faz por cá precisa de ser melhorado? Como se consegue dar esse salto? É preciso melhorar o ensino superior de jornalismo? É necessária formação contínua para os jornalistas? As especializações devem ser acompanhadas de formação específica? Para estas e para muitas outras questões a resposta pode ser, ou não, a criação de uma Ordem?
Se não serve, então expliquem-me como é que a coisa se resolve.
Lá vamos nós levar mais uns anitos com uma clique que, abraçada ao sindicato, representa apenas uma pequena parte dos jornalistas. Até para se perceber a diferença valia a pena ter uma Ordem e um sindicato. É assim que funcionam as profissões com Ordem.
Podemos sempre levar a sério o que nos diz o Francisco: "nem ordem, nem sindicato, nem comissão da carteira profissional, nem clube de jornalistas, nem editores, nem directores, nem donos, nem número do bilhete de identidade". Acredito mesmo que, no fim, será esta veia anarquista do FTA e dos restantes jornalistas que continuará a fazer escola. É a prova provada que o JMF sabe do que fala: "Alguém imagina que com a criação da ordem haveria um súbito interesse de uma data gente em perder umas horas por semana a discutir, de forma serena e estruturada, o exercício da profissão? Não brinquem comigo...".
Ou me engano muito, ou os jornalistas continuarão a ser os parentes pobres da comunicação social.

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