27 fevereiro 2006

Lá vamos fazendo "jornalismo"


Não é notícia porque os jornalistas não noticiam as suas próprias fragilidades, mas é verdade. A informação sobre as actividades do Governo está altamente controlada pelo grupo de assessores e ministros.
.................................................... e o telefone não toca!...

As coisas saem, apenas, no tempo oportuno. Notícias sobre professores quando os professores contestam. Queixas dos juizes quando os juizes protestam. Histórias de médicos quando os médicos se queixam.

E os jornalistas nem sequer estão parados. Fazem perguntas. Esperam, desesperam, queixam-se pela falta de respostas. E, depois, cansam-se. E perguntam menos. Agradecem as “caixas” que o Governo envia pelo telefone. Quase sempre para os jornais que o Governo entende que se portam melhor e para os jornalistas que se portam melhor.

O Governo leva a melhor e a malta segue cantando e rindo.

Agora são os patrões da comunicação social que, para evitar pagar mais taxas, andam a defender a liberdade de informação. Os jornalistas até a oportunidade de liderarem a contestação a medidas gravosas que lhes dizem respeito conseguem perder. Não vá a acontecer o mesmo que acontece aos professores, juizes e médicos.

Adenda: Eu bem sei que, dizendo isto, junto mais uns ódios de estimação. E posso receber a critica, justa, que também eu pactuo com este sistema. Nunca escrevi sobre os jornalistas colocando-me do lado de fora.

Adenda 2: As "caixas" pelo telefone são uma impossibilidade, pelo que se trata de uma piada de difícl entendimento. A ideia era não chamar cachas a umas informações em primeira mão fornecidas por especial favor ou interesse.

Adenda 3: Este post surgiu na sequência de uma conversa com um amigo jornalista, que exerce funções de editor num jornal de referência, e que se queixava exactamente desta situação. É um dos que nos dão esperança, porque ele não quer baixar os braços.

Adenda 4: (tarde de quarta-feira) Ligou-me o José Pedro Pinto a dizer que no ministério em que trabalha (Trabalho e Solidariedade) existe o hábito de responder a todas as perguntas dos jornalistas. Como é bem possível que seja verdade (pelo menos no que me diz respeito) aqui fica registada uma das excepções que confirmam a regra.
Acrescento que está naquele ministério o melhor ministro deste Governo.

4 comentários:

Imperial disse...

Quaisquer críticas que receba...não terão em conta a "realidade real"do que se passa nas redacções.

Junte-se a essa apatia de receber caixas pelo telefone o medo de perder as regalias (que alguns têm) e eis um retracto de parte do mal que hoje o jornalismo enfrenta. Infeliz retracto.

Gio disse...

olá! parabéns acho que este blog é dos melhores que conheci até hoje!

Anónimo disse...

CACHAS! CACHAS!... Caixas são as de sapatos.

Anónimo disse...

não tinha lido a adenda 2, feita para disfarçar