Tem sido a frase motriz do riso nacional nos últimos tempos. E porquê? Não, não é porque o R.A.P. é muito engraçado e faz aquilo (o sketch) muito bem. Nem é porque o original foi dito pelo igualmente cómico Marco do Big Brother, porque disso ninguém se lembrava até há umas semanas atrás. Nada disso. O grande impacto desta frase junto das massas, reside no facto de se tratar do resumo mais eficaz e conciso do espírito nacional e que nos toca a todos. No nosso subconsciente é como uma descarga, uma espécie de catarse. Cada vez que a dizemos no fundo estamos a dizer é: Também eu falo falo, falo falo, falo falo e não faço um cacete! É o retrato do país em formato de crachá, em estampa de t-shirt. Indo um pouco mais longe será uma reminiscência Gil Vicentina do belo gozar de nós próprios para nos analisarmos melhor, sem medo. Sim, porque qualquer pessoa honesta o suficiente consigo própria sabe que encarar a verdade produz em todos nós um inegável, congelante e monstruoso medo. Não sei se as gerações vivas irão a tempo de beneficiar dos efeitos desta catarse nacional em que conseguimos (pelo menos no nosso inconsciente) assumir aquilo que somos e perceber que assim não vamos a lado nenhum. Mas pode ser que no futuro os nossos descendentes olhem para este princípio de milénio e já não percebam porque é que se achava tanta graça ao marasmo e à inépcia neste país!
Anarcatólico
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