28 fevereiro 2005

Moedas passadas não movem moínhos

Lê-se e não se acredita. Diz Guilherme Silva, na Capital de ontem, para atestar da competência de Santana Lopes à frente do Governo cessante: “Álvaro Barreto várias vezes me disse: «Estou absolutamente espantado, porque ele vai para os conselhos de ministros muito bem preparado»”.

Absolutamente espantado?! Afinal, o que foi Álvaro Barreto fazer para o Governo? Quando aceitou o convite de Santana Lopes, o que esperava dos conselhos de ministros?
O espanto do ainda ministro deixa-nos de boca aberta. A moeda má está aí, para quem não queria acreditar. Bem dizia Pacheco Pereira: quem nasceu para lagartixa, nunca chega a Jacaré.

Resta ao PSD um cenário inteiramente novo. Serão quatro anos na oposição, perante uma maioria absoluta que não poderá travar. Quatro anos são, no fundo, uma oportunidade para uma nova moeda.
Primeiro, dão a tranquilidade necessária para uma mudança total. Parte daí a sua credibilização. Segundo, permite olhar para a governação de Sócrates com a calma de quem não quer governar já amanhã – o que é ponto de partida para a afirmação de um projecto sério. Terceiro, dá tempo à moeda boa para aparecer, não tanto na liderança, mas entre os que a irão seguir.

Se olharmos atentamente para o passado, foi assim que a direita criou os seus projectos mais sólidos das últimas décadas na Europa: em Inglaterra, com Margaret Thatcher; e em Espanha, com José Maria Aznar. É tempo de Portugal seguir os melhores. E de se esquecer a moeda má. É que moedas passadas não movem moínhos.

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