21 fevereiro 2005

Notas soltas sobre a renovação de direita

I-Atendendo aos resultados das eleições de ontem é preciso considerar a necessidade de:
1-renovar e
2-revigorar e
3-rejuvenescer e
4-resubstanciar a direita portuguesa.

Os 4 R's são para mim uma essencialidade moral

II- Cada vez olho com mais interesse aquilo que se passou há uns anos na nossa vizinha Espanha, na qual o CDS, UCD e a AP se fundiram para dar origem ao PP.

III- A persistência aveztrunina de Santana Lopes em ficar à frente do PSD demonstra o egoísmo elevado à última potência. Qualquer análise, nem é necessário que ela seja racional, permite algumas conclusões: o PSD perdeu, com o 2º pior resultado de sempre; o PS ganhou com o melhor resultado de sempre; isso deve-se a um homem que tem nome e se chama Lopes.

IV- Santana Lopes fez mais pelo PS do que qualquer líder dos socialistas em 31 anos de democracia

V- Santana Lopes conseguiu destruir as possibilidades de nos próximos 4 anos Portugal poder ter um governo que acredita na livre iniciativa, na dignidade humana, e numa visão libertadora sobre o Estado e na sua não interferência em matérias que são do estrito desígnio e decisão do cidadão livre e responsável. Por causa da sua parolice política vamos ficar 4 anos sob afirmação socialista, em que vamos assitir ao paradigma centralista e colectivista assentar novamente arraiais no nosso país. Por causa de Santana Lopes vamos ver novamente o Estado a insinuar-se em todos os campos da vida pública e mesmo em alguns da vida privada. Vamos assistir ao retorno do fútil e inócuo diálogo e do mito da eterna negociação.

VI- Será que Santana Lopes não percebeu que o povo não gosta dele? Será que não percebe que ele não vai ter hipótese de ser eleito para mais nada neste país, porque o povo aprendeu o que é que ele de facto é e faz? Se a ambição é chegar à Presidência, será que o Lopes, se se vier a candidatar, não percebe que está a oferecer de mão beijada a Presidência ao Guterres ou ao Freitas ou a qualquer outro homem de esquerda? Será que ele não percebe que está a atrasar, se calhar irremediavelmente, a recuperação da direita portuguesa?

VII- Os estadistas preocupam-se com o futuro da sua comunidade política, numa visão que ultrapassa a sua geração, são institucionalistas e defendem isso mesmo. Santana Lopes não o é...é mesquinho, pequenino, interesseiro, sujo, rasteiro, egoísta e egocêntrico. A situação exigia dignidade e nobreza e desapego ao poder por "amor a Portugal" Em vez disso temos um ex-primeiro-ministro agarrado à corda, como um rato num navio a afundar-se em alto mar.

VIII- E a direita continua à espera do seu embuçado enquanto o montrengo voa 3 vezes à volta do leme.

Que Deus nos ajude

4 comentários:

Anónimo disse...

Negociação?! é mesmo mito, porque na realidade não será preciso negociar ABSOLUTAMENTE nada, o que por sua vez não gerará diálogo algum (pelo menos algum que interesse).
Verdadeiramente Santana Lopes foi, ou é (ainda) o atraiçoar de uma direita credível, mas isso já todos sabemos, só ele é que não. Mas deve ser pelas características "aveztruninas" que lhe atribui...Espécies raras que de quando em vez brotam na nossa fauna!!!!

Anónimo disse...

Quereis um conselho? Comprem kiwis e um taco de basebol!

Anónimo disse...

Há aí algumas incorrecções no que toca aos espanhois. Aqueles três partidos nunca se fundiram: a AP mudou de nome para Partido Popular; a UCD, que ganhou as 1as legislativas em espanha, mudou para CDS, que se esvaziou, com o seu eleitorado a mudar-se na sua esmagadora maioria para o PP; creio, no entanto, que o CDS espanhol ainda existe, ainda que com uma importância residual.
Também não percebi a referência à intromissão do Estado na vida privada, se o PS for governo. Em que aspectos é que falava dessa intromissão? Na parte económica? Na vida familiar? Na escolha da cor do carro? Em muitas ocasiões, e descontando a economia, até são os partidos mais à direita que interferem na vida privada dos cidadãos.De qualquer forma, é cedo para avaliarmos um governo que nem deve estar assim tanto à esquerda.

Mira disse...

1-Em primeiro lugar agradeço todos estes simpáticos e "challenging comments". Com efeito há uma imprecisão relativamente ao processo espanhol e dou desde já a mão à palmatória no que se refere à AP. O CDS já não existe e a UCD fundiu-se de facto com a AP para dar origem ao PP.

2-E embora estes elementos necessitem sempre de precisão, aquilo que pretendi salientar com aquela nota foi a necessidade de credibilizar a direita portuguesa mediante um reposicionamento das suas propostas políticas ...algo que pode passar por um abandono dos actuais projectos partidários.

3- Relativamente à referÊncia à intromissão do Estado na vida privada, começa desde logo pela descrença profunda da Esquerda nas iniciativas individuais e da necessidade da sua regulação pedagógica ou centralista a pretexto do bem comum. Ora eu não sei o que é o bem comum! E julgo que Rousseau, o inventor da designação, também não o sabia; para mim existem decisões que são tomadas pelos individuos sob as regras e normas de um certo modelo institucional que necessariamente tem de ser cumprido (já que é resultante da sua-modelo- adequação à resolução dos problemas enfrentados por aquela comunidade política). Veja-se o que se passa no campo da educação, área que ne é sensível: porque razão é que o Estado pensa melhor que a família? Acreditando que a educação das novas gerações é um bem público que tem externalidades boas e positivas para o funcionamento global da comunidade e que por essa razão todos devem ter as mesmas oportunidades no respeito por uma situação de equidade, porque razão é que tem de ser o Estado a decidir que tipo de organização as escolas devem ter, que professores devem lá estar, que projecto educativo as escolas devem ter, para que escolas as crianças devem ir? E estas mesmas considerações podem passar para outros sectores como sejam a saúde, os transportes, a segurança social, as infraestruturas etc..
Ora aquilo que nós sabemos é que a Esquerda discorda desta visão...mas a visão que a Esquerda professa retira capacidade de decisão (por diminuição do leque de escolhas) aos cidadãos, obrigando-os a seguir, na maioria das vezes, aquilo que outros, na pacatez do assento nos ministérios acreditam ser a melhor solução para conjuntos de pessoas que nunca viram ou sentiram de perto. Nesta perspectiva, directa ou indirectamente, a Esquerda interfere na liberdade individual responsável e intromete-se por essa razão no campo privado diminuindo a capacidade individual de tomada de decisão.

4- Distingo 3 esferas de interesses na vida do individuo m sociedade: pública, privada e íntima. No ponto anterior julgo que distingui as 2 primeiras; a esfera intima tem a ver com a campo da vida do individuo cujo exercício e acção não respeita a bens públicos e que na sua execução não interefere ou colide com a esfera intima de outros cidadãos.

5- Devo notar todavia que há cores de carros que me chocam e deveriam ser proibidas...esta é a única concessão que faço à interferÊncia do Estado na vida intima.

Melhores cumprimentos e muito obrigado


Antonio Mira