15 fevereiro 2006

A sina de Mendes


É um político experiente, resistente e as recentes vitórias eleitorais ajudam. Mas não tem a vida facilitada. Marques Mendes, um verdadeiro social-democrata, lidera a oposição a um governo maioritário do Partido Socialista. José Sócrates, o adversário que vem da ala mais à direita do PS, tem tido um desempenho seguro como primeiro-ministro (basta ler os mais recentes estudos de opinião). Na Presidência vai estar Cavaco que protegerá o Governo sempre que este mantiver o rumo - o que, traços gerais, tem acontecido.
Há ainda o PSD, um partido catch-all, que não perdoa a falta de uma via verde de acesso ao poder. Enquanto isso, santanistas estão (como sempre...) por aí, menezistas enchem o peito como podem e barrosistas não morrem de amores pelo líder. A terceira via estacionou na garagem do Palácio de Belém até que um novo "raid" se justifique. A bancada parlamentar prova, dossier atrás de dossier, que não se fazem omoletas sem ovos. Chegará Mendes a S. Bento com tanto obstáculo no caminho?
Durão Barroso disse a Guterres, à época ainda em alta nas sondagens, que um dia seria primeiro-ministro: só não sabia era quando. E acrescentou que, apesar de Guterres ter sido um melhor líder da oposição, ele daria um melhor primeiro-ministro. "Como? Só não sabe é quando?!", clamaram jornais e opinion makers. Para Durão foi só uma questão de tempo. E para Mendes? Depende do seu desempenho, coragem de enfrentar um governo em alta e capacidade de controlo de um partido partido. Longe vão os tempos em que uma leitura das estrelas dava acesso ao poder. O país agradece.

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