12 fevereiro 2006

Um cartoon pra mim, um cartoon pra ti...

Por uma vez, concordo com a Igreja. O Cardeal Patriarca de Lisboa condenou os actos de violência em resposta aos cartoons, mas sublinhou que não pode ser posta em causa a liberdade de expressão, que tem, referiu, um risco: magoar. O Cardeal disse que, ele próprio, também se sente magoado com caricaturas de Deus ou de Cristo, mas revolta-se de outras formas. Eu não me sinto magoada com caricaturas de Deus ou de Cristo, mas acho que o Cardeal tem razão. Para além disso, D. José Policarpo também disse que, neste caso, há mais estratégias políticas que questões religiosas. Também concordo. A questão é que eu acho que, apesar de tudo, o mundo seria melhor sem religiões e, aí, eu e o Cardeal não estaremos de acordo.





Ainda a propósito da Igreja, o santuário de Fátima vai mudar de estatuto. As alterações ainda vão a debate. Não me interessa muito saber o que vai mudar em Fátima, porque o que eu gostava que mudasse vai continuar na mesma: o fundamentalismo católico de quem se arrasta de joelhos, o masoquismo estéril a que se assiste no santuário, o negócio chorudo à volta de santinhos e medalhinhas e pulseirinhas e crucifixozinhos de gosto duvidoso (esta é a minha liberdade de expressão).



De qualquer forma, gostei de ler no Correio da Manhã, "um alto representante da Igreja":

Quanto à colocação de um representante da Santa Sé na gestão do Santuário, para “maior vigilância teológica” – hipótese levantada após a realização de uma conferência ecuménica, da visita de um grupo de hindus e do Dalai Lama –, um alto representante da Igreja Católica portuguesa foi taxativo. “Não haverá cá ninguém. Era o que faltava.”

Uma opinião partilhada por D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas. “O Santuário não precisa de nenhum polícia teológico enviado pela Santa Sé. Nunca houve ali nenhum dislate, nenhuma inconformidade. Seria uma situação absurda e inaceitável. Se houvesse vigilância, seria dar razão aos radicais. Onde estava o espírito do diálogo inter-religioso iniciado por João Paulo II e continuado por Bento XVI. Onde estava a Igreja Católica de braços abertos?”

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