A comunicação ao país à hora de jantar prenunciava um momento verdadeiramente importante. Por momentos pensei que o Dr. Félix(Ministro Finanças-MF) ia anunciar a descoberta de 100 toneladas de ouro numa ala não utilizada das sub-caves do edifício do Banco de Portugal à Almirante Reis, perdidas durante as obras de Fevereiro de 1971 e sem rasto desde então. Mas não. Aquele momento tão precioso, que geralmente está reservado ao PR ou a Cardeal Patriarca, era simplesmente para nos anunciar, num discurso pouco complexo e bem organizado, aquilo que outros Ministros, entre os quais o Primeiro deles, já haviam anunciado ao longo da semana. Atendendo à reacção do marreta Barreto relativamente à divulgação "precipitada" do relatório Galp por parte de Nobre Guedes, apreciei a elevação de Félix em não se ter indisposto com todos eles por todos eles terem divulgado as medidas antes do momento cósmico-kármico da comunicação ao país do MF. O discurso de Dr. Félix foi o inevitável. Atendendo ao estado do país e das finanças públicas, temos que poupar, ser mais produtivos, vamos ter que aumentar a justiça social através da adequação de impostos directos e indirectos e taxas afins. O mais polémico foi a metáfora da família que Félix utilizou. PC,PS e o grupúsculo de esquerda trauliteira do Dr. Louçã saltaram-lhe em cima por causa da dita. Eu até compreendo. A metáfora recorre a um conceito pequeno-burguês, caro às ideologias conservadora e liberal , mas destrutiva da libertação proporcionada pela entrega do individuo ao colectivo preconizada pela esquerda, esquerda que abomina a existência destas realidades intermédias alienantes, como é o caso da família. Pois é Dr. Félix, V. Exa não se pode esquecer que para mentes simples têm que ser utilizados discursos simples. Se a metáfora da família não deu então utilizemos a do cobertor. "DR.LOUÇÃ PARA O CORPO QUE NÓS TEMOS O COBERTOR É CURTO. TEMOS QUE ARRANJAR UM MAIOR"
Voltando ao que interessa. Já que o discurso não trouxe nada de novo, falemos daquilo que mais importante houve na comunicação ao país do MF: a gravata de Bagão Félix. Num rosa bonito contrastante com o azul marinho do terno em corte paletó do fato, era de tecido que, devido à mediação televisiva, nos pareceu seda em textura inglesa, daquela que faz nós fartos; o nó Oxford era bem dimensionado ao colarinho de que desfruta o alto funcionário do Estado Português. A gravata estava adequada à postura alegadamente de ruptura da política que alegadamente o Ministro quer ver implementada. A gravata adequou-se, ainda, num registo "confrontation", ao cenário escolhido para sua apresentação, ressaltando e sobressaindo face à decoração propositadamente "retro" do edificio escolhido para a "intervenção estilista" em análise.
Tudo de bom para vós.
14 setembro 2004
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