Ontem fui surpreendido com cerca de 30 minutos de RTP. Eu, confesso inimigo público do serviço público, acabei a ceder no essencial: se é para isto, então está bem.
Tratava-se do Muro de Berlim, 15 anos após a sua queda. Mais, a felicidade de ter o entrevistado certo.
Ouvi o prof. Cavaco Silva durante esses 30 minutos, sem pressas, num tom professoral. É um Cavaco diferente, aquele que foi lembrar os velhos tempos, aqueles que teve a "felicidade, a sorte" - segundo as suas palavras - de presenciar enquanto elemento criador de história.
Vão responder os críticos que o ex-Primeiro Ministro não acrescentou muito ao que já contava no segundo volume da sua auto-biografia. Pois. Mas não é disso que estou a falar. É do tom, da presença, das recordações tratadas como se elas fizessem parte de um passado querido, mas a que não se retorna.
Os homens dos livros diriam que é o tom de alguém que diz "não voltes ao local onde foste feliz". Outro homem dos livros disse o mesmo por outras palavras, ainda ontem ao Público: "Acho que já podia morrer". Para a política, digo eu, com missão cumprida.
10 novembro 2004
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1 comentário:
OK! Se estais a porfiar para o tacho da assessoria, podeis desde já ensinar o homem a comer bolo-rei! Hehehe!
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