Mais uma pequena prova de como o "não" é um imperativo democrático. Citações de um artigo de um verdadeiro social-democrata e ex-eurodeputado, José Pacheco Pereira, publicado na revista "Sábado":
"A Consituição europeia nasceu do equívoco, da combinação entre um complexo de culpa face ao Tratado de Nice, e da necessidade de encontrar um mecanismo pelo qual os países que mandavam na Europa a 15 continuassem a mandar na Europa a 25.
(...) procurou-se um método que garantisse que o resultado fosse controlado pelos principais interessados neste exercício, ou seja, pela Alemanha e pela França (...)"
"O chamado "método convencional" foi uma ficção de democracia, uma forma de fazer funcionar uma assembleia hibrida, com muitos delegados, sem mandato controlado, e que rapidamente chegou à conclusão de que podia funcionar sempre em consenso sem votar. Votar, votava Giscard d'Estaing que fechava as discussões como lhe aprazia, "interpretando" o sentir dos convencionais em função das demografias nacionais, sempre sem realizar votações. Ao lado da Convenção, o braço no ar do PCP é um excesso democrático".
"Existe um establishment europeu, pago e financiado pelas instituições europeias, com muito dinheiro, pouca transparência e quase nenhuma prestação de contas nacional. Produz aquilo que se chama eufemisticamente "propaganda institucional" como um encarte que apareceu dentro de jornais portugueses esta semana. Lá se conta, em linguagem que Orwell reconheceria como do "1984", uma versão oficial como surgiu a Constituição Europeia. É um instrumento de proganda do "sim".
Este é apenas um exemplo de uma máquina europeia que financia a sua própria propaganda em Portugal, paga a funcionários e jornalistas, financia viagens, encomenda programas de televisão e de rádio, convida e desconvida para colóquios e conferências, promove pessoas e grupos que gravitam à sua volta. Toda esta máquina, que devia permanecer isenta face ao referendo, já está a funcionar a favor do "sim" (...)
"Se defender o "não" vou ter acesso aos mesmos financiamentos europeus para propaganda? Ou são só os europeístas os que defendem o "sim"?
"A história pode empurrar para a arrogância e todos os ditadores europeus gostavam das "lições" da história, mas hoje precisamos dela para nos ensinar prudência. A Europa é um continente muito vellho para andar a fingir que é novo, a correr quando deveria dar passos seguros".
E os apoiantes do "não" vão aumentando. LR
08 novembro 2004
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