Atrás do púlpito, em letras garrafais, uma só palavra: "Verdade". No mesmo púlpito, porém, a palavra tinha significados diferentes consoante quem o usava. Foi assim o congresso do PSD, este fim-de-semana. Quem o seguiu disse que acabou sem novidades. Quem o visse com um pouco mais de atenção, talvez tirasse outras conclusões: o congresso discutiu caminhos para o país e até estratégias de poder. É quanto baste para quem vota perceber quem é quem e para onde nos leva.
Não teria sido assim se Marques Mendes estivesse ausente. O ex-ministro subiu ao palco e disse o que pensava - e o que pensava que o partido pensava sobre o assunto. Marques Mendes disse duas coisas:
1. Para o país, que o fim decretado da austeridade é um erro, o mesmo que levou o país para o fundo dos fundos, sob o signo do guterrismo;
2. Para o partido, que a coligação não está para durar, que já ninguém a quer e que isso devia ser assumido desde já.
Seguiu-se Nuno Morais Sarmento, que disse duas coisas também:
1. Para o país, que o anterior Governo já tinha decretado o fim da austeridade para esta fase da legislatura, pelo que não há mudanças que justifiquem uma oposição de Marques Mendes;
2. Para o partido, que a coligação tem que durar, para bem de uma continuidade no poder e do próprio projecto, pelo que não há razões que justifiquem o desafio de Marques Mendes.
As conclusões podem ficar para segundas núpcias - até porque só o tempo dirá quem tem razão. Ou seja: se o PSD voltará a ganhar as legislativas e, mais importante, se o país fica a ganhar com as opções tomadas.
Mas o que podemos concluir, desde já, é que a verdade escrita neste congresso só valeu para quem a disse. Porque o país, esse, viu um congresso com duas verdades bem diferentes.
15 novembro 2004
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2 comentários:
O menino devia saber que não lhe fica bem dizer mal de quem tanto fez por si. Não é de bom tom...
O menino que (não) assina o comentário devia saber que a boa educação obriga a que os meninos se apresentem antes de falar. A não ser que seja para responder a uma má educação, como é o caso...
E, já agora, discordo do conteúdo do comentário.
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